From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Morre mais uma crianca caiova no Mato Grosso do Sul

28/02/2005

Fonte: OESP, Nacional, p.A7



Morre mais uma criança caiová no Mato Grosso do Sul Laudo fala em problema renal crônico, mas menino de dois anos vinha se alimentando apenas de macarrão sem tempero
João Naves de Oliveira Especial para o Estado
CAMPO GRANDE - Morreu a sexta criança da etnia guarani-caiová este ano em Mato Grosso do Sul. É o quarto caso do mês, todos nas aldeias indígenas de Dourados, no sul do Estado. A morte ocorreu sábado, mas somente ontem foi anunciada pelo Hospital da Missão Kaiowá. Nos cinco casos anteriores, as crianças morreram de fome.
Neuza Fernandes, a mãe da vítima de anteontem, conta que Robson Garcia Fernandes, de dois anos, vinha se alimentando de macarrão sem tempero havia quase dois meses. Ela explicou que o menino amanheceu reclamando de dores na barriga, depois começou a vomitar. Disse ainda que está sem comida em casa. O corpo da criança foi velado na casa dos avós, na aldeia.
O laudo médico descarta desnutrição e aponta um problema renal crônico, segundo informou o coordenador do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Antônio Fernandes Costa. Mas ele admite que a morte pode ser conseqüência de problemas sociais.
"Essa criança precisaria de um acompanhamento mais próximo, mas culturalmente não conseguimos fazer essa intervenção por resistência da mãe. Assim como acontece em casos de patologia cerebral", afirma o técnico.
Desnutrição
Somente no sábado, o primeiro dia de ações da força-tarefa montada para dar assistência aos índios, 192 crianças com até cinco anos de idade foram atendidas. Três delas foram internadas por causa do adiantado estado de desnutrição - as demais estão sob observação da equipe, em casa. O diretor da Funasa, Alexandre Padilha, e a secretária municipal de Saúde, Maria de Fátima Meteralo, acompanhados de uma equipe de médicos e nutricionistas, também percorreram os hospitais da Mulher, da Missão Kaiowá e o Centrinho. No Hospital da Mulher, nove crianças continuam internadas. No Centrinho estão internadas 31 crianças desnutridas e no Hospital da Missão Kaiowá, 10 crianças com outras patologias.
Enquanto ajuda oficial não chega, comunidade se mobiliza
João Naves de Oliveira
Hoje, em Dourados, chegam 1.200 cestas básicas do Ministério do Desenvolvimento Social, com leite e feijão reforçados. A quantidade de leite passará de um para três quilos e a cota de feijão também passa de três para cinco quilos. São 22,8 toneladas de alimentos que serão armazenadas em depósitos do Exército. Enquanto não vem a ajuda oficial, a comunidade douradense está distribuindo sopão nas aldeias. A Pastoral da Criança colocou à disposição um fogão industrial e panelões. Um frigorífico da cidade também disponibilizou uma câmara fria para armazenamento de alimentos perecíveis. Mais de 300 quilos de carne bovina foram doados pelo frigorífico. Uma barraca de lona para fazer o sopão em outras áreas da reserva também foi doada por um comerciante da cidade.
A frota de veículos para transporte das equipes técnicas foi aumentada. Três veículos chegaram a Dourados de outras coordenações regionais, além uma kombi emprestada por um empresário da cidade. Um engenheiro da prefeitura e um supervisor de saneamento da Funasa começaram a fazer o levantamento dos pontos críticos de falta de água, falta de rede de esgoto e casas sem banheiros.
OESP, 28/02/2005, p.A7
 

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