From Indigenous Peoples in Brazil
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Negócio de índio & ONGs
20/05/2004
Autor: PONTES, Ipojuca
Fonte: JT, Artigos, p. A2
Negócio de índio & ONGs
Ipojuca Pontes
Mais importante do que os negócios da China, país para onde viajam Lula e uma dispendiosa caravana diplomática, são os profícuos negócios dos índios, aqui mesmo no Brasil. Pelo que se diz, o vultoso comércio do Brasil com a China não ultrapassa a casa dos US$ 8 bilhões (quantia insignificante para países de dimensões continentais). Em Rondônia, na Amazônia, só o cacique Pio Cinta-Larga (um dos chefes da reserva Roosevelt, local onde se deu o massacre de 29 garimpeiros) embolsa, quinzenalmente, cerca de R$ 110 mil num comércio de extração de diamantes que rende, por via do contrabando, milhões de dólares anuais.
Sob a égide de uma legislação paternalista, que o torna ao mesmo tempo imputável diante da lei e proprietário ao nascer de seis quilômetros quadrados de terra (d. Agnelo Rossi, Brasil, integração de raças e nacionalidades), o índio brasileiro do terceiro milênio é um ser acima de qualquer suspeita: adeus à velha conversa de índio romântico, tipo Diacui, a ser protegido afetuosamente pelos irmãos Villas-Boas, com sua vidinha silvestre de oca, caça e pesca, intercalada por danças repetitivas e algumas beberagens nativas. O índio atual, como o exemplar cacique Pio - de ar próspero, obeso e semblante matreiro -, tem avião, Toyota, usa camisa Lacoste e óculos importados, mantendo firmes investimentos em vários ramos de negócios, entre eles, exportação de madeiras nobres, fazendas de gado e lojas de artesanato especializada em plumagens e miçangas indígenas. Um deles, o Paiacan, condenado há algum tempo por estupro e pedofilia, investia na construção civil e era proprietário de bares e armazéns. Vivia, como se diz em Paris de França, à bordalesa - pois os negócios indígenas giram em torno de bilhões de dólares.
Tudo se intensificou a partir dos anos 70 com a sistemática atuação das ONGs que aqui aportaram. Elas vieram da França, Alemanha, Dinamarca, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, entre outros menos qualificados, inicialmente às dúzias, depois às centenas, com seus exércitos de teólogos, sociólogos, antropólogos, biólogos, químicos, cientistas sociais, ambientalistas, ecologistas, indigenistas, especialistas em biodiversidade, espiões e contrabandistas, atingindo hoje - catalogadas oficialmente e em parceria com as nacionais, e atuando em campos diversos - a casa das 22 mil agências, um terço das quais agindo abertamente no vasto território amazônico. Assegura-se que existe hoje, no Brasil, mais "ongueiro" do que índio: são cerca de 180 mil, entre assessores, técnicos e especialistas, todos bem instalados e remunerados, usando uma infra-estrutura de fazer inveja ao Pentágono, quase todos envolvidos com produção de filmes, programas de televisão, livros, revistas e publicações de toda espécie, na permanente tarefa de obstaculizar o projeto de desenvolvimento social, empresarial, energético, viário e até mesmo humano da região amazônica, considerado por eles como uma ameaça "aos direitos humanos e à proteção ambiental".
Curiosamente, na sua quase totalidade, as organizações não-governamentais não são organizações não-governamentais. Por trás delas, há sempre o financiamento dos governos, daqui ou do exterior, com seus propósitos claros ou obscuros, em geral subordinados às necessidades de manipulação da opinião pública e formação de lobbys aos políticos e legisladores. Em muitas delas, depois de complicadas operações contábeis, circula o dinheiro de grandes empresas nacionais e internacionais (como a Shell), ou de fundações (como Ford ou Rockefeller), mas o grosso dos recursos vem sempre do governo. Só para exemplificar, em 2003, enquanto grande parte dos Estados e municípios ficou sem o mínimo para a merenda escolar, o governo de Lula repassou R$ 1,300 bilhão para o que se chama, com um dedo de sofisma, de "terceiro setor", que outra coisa não é senão um artifício para se manter o empreguismo e inchar a já saturada máquina estatal, que tantos danos causa ao País.
No resumo da ópera, como queria o falecido presidente da França, François Mitterrand, a ação das ONGs no nosso território tem como objetivo fazer com que "o Brasil aceite uma soberania relativa sobre a Amazônia". A região seria o "pulmão do mundo", à margem o fato de que ela é "patrimônio da Humanidade". Na prática, isso significa o limite da soberania e do próprio conceito do Estado nação - conceito, de resto, que a própria França jamais abdicou. Não é de estranhar, portanto, que embora o problema do índio não seja problema, e que na Rocinha se mate mais do que em toda a Amazônia legal, a questão indígena tenha se tornado altamente rendosa, até mesmo - e de forma perversa - para os índios.
Ipojuca Pontes é autor do livro "Politicamente Corretíssimos"
JT, 20/05/2004, Artigos, p. A2
Ipojuca Pontes
Mais importante do que os negócios da China, país para onde viajam Lula e uma dispendiosa caravana diplomática, são os profícuos negócios dos índios, aqui mesmo no Brasil. Pelo que se diz, o vultoso comércio do Brasil com a China não ultrapassa a casa dos US$ 8 bilhões (quantia insignificante para países de dimensões continentais). Em Rondônia, na Amazônia, só o cacique Pio Cinta-Larga (um dos chefes da reserva Roosevelt, local onde se deu o massacre de 29 garimpeiros) embolsa, quinzenalmente, cerca de R$ 110 mil num comércio de extração de diamantes que rende, por via do contrabando, milhões de dólares anuais.
Sob a égide de uma legislação paternalista, que o torna ao mesmo tempo imputável diante da lei e proprietário ao nascer de seis quilômetros quadrados de terra (d. Agnelo Rossi, Brasil, integração de raças e nacionalidades), o índio brasileiro do terceiro milênio é um ser acima de qualquer suspeita: adeus à velha conversa de índio romântico, tipo Diacui, a ser protegido afetuosamente pelos irmãos Villas-Boas, com sua vidinha silvestre de oca, caça e pesca, intercalada por danças repetitivas e algumas beberagens nativas. O índio atual, como o exemplar cacique Pio - de ar próspero, obeso e semblante matreiro -, tem avião, Toyota, usa camisa Lacoste e óculos importados, mantendo firmes investimentos em vários ramos de negócios, entre eles, exportação de madeiras nobres, fazendas de gado e lojas de artesanato especializada em plumagens e miçangas indígenas. Um deles, o Paiacan, condenado há algum tempo por estupro e pedofilia, investia na construção civil e era proprietário de bares e armazéns. Vivia, como se diz em Paris de França, à bordalesa - pois os negócios indígenas giram em torno de bilhões de dólares.
Tudo se intensificou a partir dos anos 70 com a sistemática atuação das ONGs que aqui aportaram. Elas vieram da França, Alemanha, Dinamarca, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, entre outros menos qualificados, inicialmente às dúzias, depois às centenas, com seus exércitos de teólogos, sociólogos, antropólogos, biólogos, químicos, cientistas sociais, ambientalistas, ecologistas, indigenistas, especialistas em biodiversidade, espiões e contrabandistas, atingindo hoje - catalogadas oficialmente e em parceria com as nacionais, e atuando em campos diversos - a casa das 22 mil agências, um terço das quais agindo abertamente no vasto território amazônico. Assegura-se que existe hoje, no Brasil, mais "ongueiro" do que índio: são cerca de 180 mil, entre assessores, técnicos e especialistas, todos bem instalados e remunerados, usando uma infra-estrutura de fazer inveja ao Pentágono, quase todos envolvidos com produção de filmes, programas de televisão, livros, revistas e publicações de toda espécie, na permanente tarefa de obstaculizar o projeto de desenvolvimento social, empresarial, energético, viário e até mesmo humano da região amazônica, considerado por eles como uma ameaça "aos direitos humanos e à proteção ambiental".
Curiosamente, na sua quase totalidade, as organizações não-governamentais não são organizações não-governamentais. Por trás delas, há sempre o financiamento dos governos, daqui ou do exterior, com seus propósitos claros ou obscuros, em geral subordinados às necessidades de manipulação da opinião pública e formação de lobbys aos políticos e legisladores. Em muitas delas, depois de complicadas operações contábeis, circula o dinheiro de grandes empresas nacionais e internacionais (como a Shell), ou de fundações (como Ford ou Rockefeller), mas o grosso dos recursos vem sempre do governo. Só para exemplificar, em 2003, enquanto grande parte dos Estados e municípios ficou sem o mínimo para a merenda escolar, o governo de Lula repassou R$ 1,300 bilhão para o que se chama, com um dedo de sofisma, de "terceiro setor", que outra coisa não é senão um artifício para se manter o empreguismo e inchar a já saturada máquina estatal, que tantos danos causa ao País.
No resumo da ópera, como queria o falecido presidente da França, François Mitterrand, a ação das ONGs no nosso território tem como objetivo fazer com que "o Brasil aceite uma soberania relativa sobre a Amazônia". A região seria o "pulmão do mundo", à margem o fato de que ela é "patrimônio da Humanidade". Na prática, isso significa o limite da soberania e do próprio conceito do Estado nação - conceito, de resto, que a própria França jamais abdicou. Não é de estranhar, portanto, que embora o problema do índio não seja problema, e que na Rocinha se mate mais do que em toda a Amazônia legal, a questão indígena tenha se tornado altamente rendosa, até mesmo - e de forma perversa - para os índios.
Ipojuca Pontes é autor do livro "Politicamente Corretíssimos"
JT, 20/05/2004, Artigos, p. A2
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