From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Para Funai, garimpeiros sabiam de risco
20/04/2004
Fonte: FSP, Brasil, p.A8
Para Funai, garimpeiros sabiam de risco
Presidente do órgão diz que não condenará os cinta-larga por mortes de garimpeiros em RO e que providenciará defesa
EDUARDO SCOLESE, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, disse ontem que não condenará os índios cinta-larga pelo assassinato de ao menos 28 garimpeiros num conflito em Rondônia e que os garimpeiros sabiam do risco de morte. "Sou humanista. Não acredito na morte nem na violência. Mas também não posso ficar condenando os índios por defenderem seu território. Eles [os garimpeiros] sabiam do risco [de morte]." Na sexta, foram localizados 26 corpos de garimpeiros -segundo informou a Funai em Brasília, são 25- mortos no conflito com índios cinta-larga ocorrido no último dia 7, na terra indígena Roosevelt, em Espigão D'Oeste. Três corpos já haviam sido achados. De acordo com Gomes, a Funai defenderá os índios. "Antigamente, com muito mais freqüência, eram os garimpeiros que matavam os índios. Eram madeireiros que matavam índios, como, aliás, continuam. Quem quiser responsabilizá-los pelo crime que o façam. A Funai vai defendê-los", disse, antes de participar de ato pelo Dia do Índio, em Brasília. "Senti muito [os assassinatos], mas o que temos é um processo histórico de terras indígenas sendo invadidas por garimpeiros." Gomes disse que espera por uma força-tarefa para pacificar a região dos cinta-larga e que o Ministério de Minas e Energia ache jazidas de diamante fora da área indígena para ocupar os garimpeiros sem risco de novos confrontos. "É difícil proteger toda a área da entrada dos garimpeiros." A Procuradoria Geral da Funai diz que nem todo índio pode ser considerado incapaz. Assim, estaria sujeito à condenação judicial. O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que as declarações de Gomes são um alvará para os fazendeiros reagirem do mesmo jeito. "Quando índios forem invadir fazendas, a idéia é que possamos agir atirando." Ontem, a entidade Dhesc Brasil (Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais) divulgou que entregou um relatório sobre a situação dos cinta-larga a cinco ministérios em dezembro, no qual vislumbrava a possibilidade de haver conflitos.
Colaborou a Redação
Força-tarefa do governo tenta acabar com crise
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO) O governo federal enviou ontem à Rondônia uma força-tarefa composta por soldados do Exército e delegados da Polícia Federal com a missão de pacificar garimpeiros e índios na reserva Roosevelt. O pedido de auxílio por forças federais foi feito pelo governador Ivo Cassol (PSDB) na semana passada ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). "Está chegando hoje uma força-tarefa do Exército e da Polícia Federal no Estado. Espero que esse trabalho seja diretamente direcionado sobre essa questão do conflito na área indígena", disse Cassol. Esta é a segunda vez que o governador pede auxílio à Brasília para resolver problemas em Rondônia. Em fevereiro do ano passado, Cassol solicitou uma intervenção federal no Estado devido à infiltração do "crime organizado" nas três esferas estaduais. O governador não soube detalhar por quanto tempo o Exército e a PF vão permanecer no interior da reserva, nem os objetivos claros da missão. Teria sido informado apenas de que os soldados e delegados tentarão impedir a entrada de garimpeiros e a extração de diamantes. O conflito entre garimpeiros e índios pela jazida de diamantes da reserva Roosevelt também não é assunto novo para o Estado. Porém, a relação entre os grupos, sempre segundo Cassol, era mais "harmônica" antes do servidor Walter Brós assumir a representação da Funai (Fundação Nacional do Índio). "No passado, eles trabalhavam harmoniosamente. Dizem eles que chegou a ter até 5.000 garimpeiros dentro da reserva Roosevelt. Quando chegava o dia, paravam, iam para a cidade e vendiam toda a produção. Garimpeiros e índios, todos juntos, dividiam 50% para cada." Com a chegada de Brós, esse acordo entre índios e garimpeiros teria sido desfeito, por isso a volta da tensão na reserva, disse Cassol. Só no ano passado, podem ter morrido 300 garimpeiros em confrontos, disse o governador. A assessoria de imprensa da Funai informou ontem que o servidor de carreira Walter Brós tem o total apoio da autarquia para prosseguir seu trabalho com os índios cinta-larga. Segundo a Funai, o servidor chegou a Rondônia em setembro passado para auxiliar a Polícia Federal na retirada de garimpeiros da região indígena. Ele atuava em Brasília. IURI DANTAS
FSP, 20/04/2004, p. A8
Presidente do órgão diz que não condenará os cinta-larga por mortes de garimpeiros em RO e que providenciará defesa
EDUARDO SCOLESE, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, disse ontem que não condenará os índios cinta-larga pelo assassinato de ao menos 28 garimpeiros num conflito em Rondônia e que os garimpeiros sabiam do risco de morte. "Sou humanista. Não acredito na morte nem na violência. Mas também não posso ficar condenando os índios por defenderem seu território. Eles [os garimpeiros] sabiam do risco [de morte]." Na sexta, foram localizados 26 corpos de garimpeiros -segundo informou a Funai em Brasília, são 25- mortos no conflito com índios cinta-larga ocorrido no último dia 7, na terra indígena Roosevelt, em Espigão D'Oeste. Três corpos já haviam sido achados. De acordo com Gomes, a Funai defenderá os índios. "Antigamente, com muito mais freqüência, eram os garimpeiros que matavam os índios. Eram madeireiros que matavam índios, como, aliás, continuam. Quem quiser responsabilizá-los pelo crime que o façam. A Funai vai defendê-los", disse, antes de participar de ato pelo Dia do Índio, em Brasília. "Senti muito [os assassinatos], mas o que temos é um processo histórico de terras indígenas sendo invadidas por garimpeiros." Gomes disse que espera por uma força-tarefa para pacificar a região dos cinta-larga e que o Ministério de Minas e Energia ache jazidas de diamante fora da área indígena para ocupar os garimpeiros sem risco de novos confrontos. "É difícil proteger toda a área da entrada dos garimpeiros." A Procuradoria Geral da Funai diz que nem todo índio pode ser considerado incapaz. Assim, estaria sujeito à condenação judicial. O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que as declarações de Gomes são um alvará para os fazendeiros reagirem do mesmo jeito. "Quando índios forem invadir fazendas, a idéia é que possamos agir atirando." Ontem, a entidade Dhesc Brasil (Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais) divulgou que entregou um relatório sobre a situação dos cinta-larga a cinco ministérios em dezembro, no qual vislumbrava a possibilidade de haver conflitos.
Colaborou a Redação
Força-tarefa do governo tenta acabar com crise
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO) O governo federal enviou ontem à Rondônia uma força-tarefa composta por soldados do Exército e delegados da Polícia Federal com a missão de pacificar garimpeiros e índios na reserva Roosevelt. O pedido de auxílio por forças federais foi feito pelo governador Ivo Cassol (PSDB) na semana passada ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). "Está chegando hoje uma força-tarefa do Exército e da Polícia Federal no Estado. Espero que esse trabalho seja diretamente direcionado sobre essa questão do conflito na área indígena", disse Cassol. Esta é a segunda vez que o governador pede auxílio à Brasília para resolver problemas em Rondônia. Em fevereiro do ano passado, Cassol solicitou uma intervenção federal no Estado devido à infiltração do "crime organizado" nas três esferas estaduais. O governador não soube detalhar por quanto tempo o Exército e a PF vão permanecer no interior da reserva, nem os objetivos claros da missão. Teria sido informado apenas de que os soldados e delegados tentarão impedir a entrada de garimpeiros e a extração de diamantes. O conflito entre garimpeiros e índios pela jazida de diamantes da reserva Roosevelt também não é assunto novo para o Estado. Porém, a relação entre os grupos, sempre segundo Cassol, era mais "harmônica" antes do servidor Walter Brós assumir a representação da Funai (Fundação Nacional do Índio). "No passado, eles trabalhavam harmoniosamente. Dizem eles que chegou a ter até 5.000 garimpeiros dentro da reserva Roosevelt. Quando chegava o dia, paravam, iam para a cidade e vendiam toda a produção. Garimpeiros e índios, todos juntos, dividiam 50% para cada." Com a chegada de Brós, esse acordo entre índios e garimpeiros teria sido desfeito, por isso a volta da tensão na reserva, disse Cassol. Só no ano passado, podem ter morrido 300 garimpeiros em confrontos, disse o governador. A assessoria de imprensa da Funai informou ontem que o servidor de carreira Walter Brós tem o total apoio da autarquia para prosseguir seu trabalho com os índios cinta-larga. Segundo a Funai, o servidor chegou a Rondônia em setembro passado para auxiliar a Polícia Federal na retirada de garimpeiros da região indígena. Ele atuava em Brasília. IURI DANTAS
FSP, 20/04/2004, p. A8
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