From Indigenous Peoples in Brazil
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News

PF pedirá a prisão de 12 índios por massacre

26/04/2004

Fonte: O Globo, O Pais, p.8



PF pedirá a prisão de 12 índios por massacre

Jailton de Carvalho. Enviado especial

ESPIGÃO DO OESTE (RO). A Polícia Federal já identificou 12 índios cintas-largas que participaram do massacre de 29 garimpeiros no início do mês na reserva Roosevelt, em Rondônia, e deverá pedir à Justiça Federal esta semana a prisão preventiva deles. Entre os primeiros suspeitos estão o cacique Pio Cinta-Larga e Daniel Cinta-Larga, um dos chefes dos guerreiros acusados do massacre. Numa entrevista na quinta-feira, Pio e Daniel se responsabilizaram pelo massacre e isentaram os funcionários da Funai de participação no episódio. Eles disseram que os índios cometeram o crime porque estavam cansados de expulsar o garimpeiros da reserva e vê-los sempre voltar. A PF também está agindo para paralisar a extração de diamantes controlada por índios na reserva. Com a ajuda do Exército e de 22 instituições, a PF montou oito barreiras com 20 homens cada para impedir a entrada de combustível e a saída de diamantes. Numa vistoria quarta-feira, o coordenador da chamada Operação Mamoré, Mauro Spósito, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, constataram que há pás carregadeiras e tratores em pleno funcionamento na reserva. — Sem combustível, as máquinas vão ter que parar. E eu duvido que com a nossa presença aqui alguém vai se aventurar a comprar diamantes dos índios — disse Spósito. Até os radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) estão mapeando os vôos da região. Desde o massacre, no dia 7, nenhum avião pousou nas pistas da reserva. Até então, elas eram usadas diariamente por contrabandistas para comprar diamantes dos índios. Até a prefeita quer afrouxar fiscalização na cidade Nem todos estão satisfeitos com a operação. Ontem, comerciantes, madeireiros e fazendeiros, comandados pela prefeita Luzia Tereza (PTB), pediram a Spósito que a polícia afrouxe a fiscalização na entrada de Espigão. Eles alegam que o rigor dos fiscais inviabilizará a atividade econômica da cidade, e consideram absurdo a polícia barrar motoqueiros sem documentos do veículo, exigir licença do Ibama para extração e transporte de madeira e impedir o transporte de passageiros em caminhões que recolhem leite nas fazendas. — Não podem exigir licença do Ibama para o transporte da madeira se o Ibama nunca dá essa licença — reclamou o fazendeiro Carlos Jochan. — Não podemos aceitar que um sitiante seja abordado só porque tem uma moto irregular — acrescenta o garimpeiro Carlos da Silva. Spósito teve que se desdobrar para explicar que o objetivo da operação é asfixiar o garimpo em Roosevelt e atacar o crime organizado no estado. — Nenhum cidadão de bem será prejudicado — disse ele. Hoje, mais 16 corpos serão enterrados em Espigão. Ainda sem identificação, eles estavam até o início da noite de ontem no Instituto Médico-Legal de Porto Velho, onde seria feito levantamento da idade de cada um por meio de exame de DNA.

O Globo, 26/04/2004, p. 8
 

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