From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Diáspora justifica luta dos índios terena pela terrra no sul de MT
14/01/2002
Autor: Nelson Francisco
Fonte: Midianews-Cuiabá-MT
Relativizando. O epicentro da questão do povo Terena em Mato Grosso não se restringe apenas à simples demarcação e homologação de terras para a etnia. Dispersos e mantendo fortes relações interétnicas, os índios que bloqueiam rodovias e seqüestram jornalistas e funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) utilizam esses expedientes para chamar a atenção para um problema que já dura aproximadamente 20 anos. Do ponto de vista antropológico esses atos são justificáveis. E a luta é justa.
Originalmente, a terra destinada à etnia fora demarcada muito antes da divisão do Estado de Mato Grosso, processo concluído em 1979 com a criação de Mato Grosso do Sul. De 1920 a 1923, o extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) - hoje Fundação Nacional do Índio (Funai) - demarcou a Reserva Indígena Buritis, no município Dois Irmãos (MS), com uma área de 2.900 hectares. À época, a terra já era ocupada por 400 índios Terenas.
Ao longo dos anos, explica o cacique Milton Jorge Turi Rondon, a nação terena cresceu. Estima-se que a população atualmente seja de 3 mil pessoas "habitando em áreas pequenas e sem condições de subsistência para nós, com exceção de Rondonópolis, onde não temos área nenhuma. "Com a super população, as famílias começaram a se expandir para outros lugares mais à vontade porque nós da família indígena gostamos de natureza, da ecologia", diz Milton Rondon. "Fazemos parte do ecossistema. Queremos ficar à vontade numa vida natural, e sobreviver das riquezas da terra".
Para sobreviver da terra, a vinda para Rondonópolis tem uma explicação antropológica: "No desejo de buscar um maior espaço físico, que favorecesse ainda a prática dos nossos rituais, a vivência de nossa cultura, enfim, garantir a sobrevivência do povo terena, por isso nos vimos na obrigação de migrar", afirmou o cacique. Ao agregar valores e resgate da cultura, Milton Rondon resume conceitos antropológicos: "Na ciência, como na vida, só se acha o que se procura", escreveu o antropólogo inglês Evans-Pritchard, autor do fabuloso e memorável livro Os Nuers.
No entanto, a conquista pela terra, que para os índios tem um conceito totalmente oposto à cultura do homem branco, não está sendo fácil. Segundo Milton Rondon, em 1984 um grupo de índios terena se deslocou para Cuiabá, "na certeza de encontrar espaço físico junto aos Tapirapés por ordem de parentesco com um dos chefes da família. "Mas a Funai de Cuiabá na época fez outra promessa a esse grupo, colocando-os numa aldeia dos patrícios Bororo em Rondonópolis, onde ficamos morando durante quatro anos", informa o cacique.
O cacique Milton Rondon afirma que em 1988 os bororos haviam sido influenciados por indigenistas para pressionar a saída dos terena de sua área de origem. "Nós saímos e ficamos na periferia de Rondonópolis, à mercê do sofrimento. E as autoridades competentes nada fizeram por nós. Hoje estamos divididos em locais diferentes da periferia da cidade. Uns estão habitando no bairro Parque São Jorge, outros à margem do Rio Vermelho e alguns em outros bairros periféricos. Isso impede a convivência tribal em harmonia e estirpa nossas origens", diz o cacique.
Para reivindicar seus direitos, os índios criaram a Associação dos Trabalhadores Indígenas Recanto Pontal Povo Indígena Terena como medida jurídica de mobilização da etnia. "Será que não merecemos viver? Será que neste País de tanta terra não tem lugar para o povo Terena, e será que estamos condenados a viver o resto de nossas vidas nas periferias das cidades?, indaga o cacique. "Há 500 anos atrás toda essa terra era nossa, dos povos indígenas. Com a chegada dos brancos foram nos expulsando destas terras, e, hoje, o resultado de tudo isso, é que nossos povos têm que viver de mendicância, nas periferias das cidades, sem atendimento à saúde, sem moradia, etc...".
Originalmente, a terra destinada à etnia fora demarcada muito antes da divisão do Estado de Mato Grosso, processo concluído em 1979 com a criação de Mato Grosso do Sul. De 1920 a 1923, o extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) - hoje Fundação Nacional do Índio (Funai) - demarcou a Reserva Indígena Buritis, no município Dois Irmãos (MS), com uma área de 2.900 hectares. À época, a terra já era ocupada por 400 índios Terenas.
Ao longo dos anos, explica o cacique Milton Jorge Turi Rondon, a nação terena cresceu. Estima-se que a população atualmente seja de 3 mil pessoas "habitando em áreas pequenas e sem condições de subsistência para nós, com exceção de Rondonópolis, onde não temos área nenhuma. "Com a super população, as famílias começaram a se expandir para outros lugares mais à vontade porque nós da família indígena gostamos de natureza, da ecologia", diz Milton Rondon. "Fazemos parte do ecossistema. Queremos ficar à vontade numa vida natural, e sobreviver das riquezas da terra".
Para sobreviver da terra, a vinda para Rondonópolis tem uma explicação antropológica: "No desejo de buscar um maior espaço físico, que favorecesse ainda a prática dos nossos rituais, a vivência de nossa cultura, enfim, garantir a sobrevivência do povo terena, por isso nos vimos na obrigação de migrar", afirmou o cacique. Ao agregar valores e resgate da cultura, Milton Rondon resume conceitos antropológicos: "Na ciência, como na vida, só se acha o que se procura", escreveu o antropólogo inglês Evans-Pritchard, autor do fabuloso e memorável livro Os Nuers.
No entanto, a conquista pela terra, que para os índios tem um conceito totalmente oposto à cultura do homem branco, não está sendo fácil. Segundo Milton Rondon, em 1984 um grupo de índios terena se deslocou para Cuiabá, "na certeza de encontrar espaço físico junto aos Tapirapés por ordem de parentesco com um dos chefes da família. "Mas a Funai de Cuiabá na época fez outra promessa a esse grupo, colocando-os numa aldeia dos patrícios Bororo em Rondonópolis, onde ficamos morando durante quatro anos", informa o cacique.
O cacique Milton Rondon afirma que em 1988 os bororos haviam sido influenciados por indigenistas para pressionar a saída dos terena de sua área de origem. "Nós saímos e ficamos na periferia de Rondonópolis, à mercê do sofrimento. E as autoridades competentes nada fizeram por nós. Hoje estamos divididos em locais diferentes da periferia da cidade. Uns estão habitando no bairro Parque São Jorge, outros à margem do Rio Vermelho e alguns em outros bairros periféricos. Isso impede a convivência tribal em harmonia e estirpa nossas origens", diz o cacique.
Para reivindicar seus direitos, os índios criaram a Associação dos Trabalhadores Indígenas Recanto Pontal Povo Indígena Terena como medida jurídica de mobilização da etnia. "Será que não merecemos viver? Será que neste País de tanta terra não tem lugar para o povo Terena, e será que estamos condenados a viver o resto de nossas vidas nas periferias das cidades?, indaga o cacique. "Há 500 anos atrás toda essa terra era nossa, dos povos indígenas. Com a chegada dos brancos foram nos expulsando destas terras, e, hoje, o resultado de tudo isso, é que nossos povos têm que viver de mendicância, nas periferias das cidades, sem atendimento à saúde, sem moradia, etc...".
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