From Indigenous Peoples in Brazil
News
Conflito gera clima tenso entre índios e fazendeiros
29/05/2002
Autor: Ana Cristina Oliveira
Fonte: A Tarde-Salvador-BA
Cerca de 600 índios pataxós hã-hã-hãe reiniciaram, na tarde de anteontem, a guerra contra fazendeiros, expulsando trabalhadores de oito propriedades, na região de Água Vermelha, em Pau Brasil. Os índios, que estão pintados para guerra, fizeram uma barreira na estrada, em frente à Fazenda São Bento, pertencente à família do presidente da Câmara de Vereadores do município, Gildásio Eduvirgens Ferreira, onde se concentraram, e não permitem a passagem de veículos nem mesmo para retirar o leite das propriedades.
O clima no local é tenso, pistoleiros já deram tiros durante a madrugada, mas não há feridos.
Quatro agentes da Polícia Federal estão na área, mas os índios temem a violência durante a
noite, porque há muitos homens armados escondidos na mata. Segundo o cacique Gerson
Melo, a nova investida visa a impedir a colheita do cacau pelos 25 fazendeiros que se recusam a negociar com a Funai para deixar as terras dos pataxós, e entraram com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal, em Ilhéus.
O chefe do posto da Funai na reserva Caramuru, Alberto Evangelista, disse que a situação
preocupa e que, em fevereiro, alertou o Ministério da Justiça e à presidência da Funai de que haveria conflito, quando se iniciasse a colheita do cacau. Ontem, alguns trabalhadores se queixaram da violência dos índios e pequenos fazendeiros pediram a ajuda no posto da Funai, para ter acesso às fazendas onde moram e que já estão sendo negociadas para entregar aos índios.
Evangelista revelou que cerca de 250 pequenas e médias propriedades já foram retomadas
pelos índios e a saída dos fazendeiros está sendo negociada. Entretanto, cerca de 25 grandes
proprietários, que detêm a maior parte dos 54,1 mil hectares reclamados pelos pataxós, não
querem negociar, porque estariam ligados a políticos importantes do Estado e às empresas
mineradoras, interessadas em explorar o solo e subsolo da reserva, ricos em mármore azul,
granito e outros minerais mais preciosos, como topázio e até diamantes. Há informação de que existem jazidas para 300 anos de exploração.
O novo foco das disputas foi descoberto pelos pataxós, após uma investigação que identificou processos de cerca de 40 pessoas e empresas, que requereram, no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), a concessão para explorar minérios na área da reserva indígena.
Essa documentação já foi entregue à Procuradoria da República, em Ilhéus e em Brasília.
"Acreditamos que sejam os milhões que estão no subsolo de nossas terras o motivo da
demora no julgamento da ação de nulidade dos títulos, pelo Supremo Tribunal Federal", afirmou o cacique Gerson Melo. Para Alberto Evangelista, se índios e a maioria dos fazendeiros desejam o julgamento da nulidade dos títulos, a morosidade na decisão do Supremo só se explica pela existência de interesses muito poderosos, tanto que o ministro Nelson Jobim, num gesto inédito na história da República, teria manifestado desejo de vir à região para conhecer as terras em litígio.
O clima no local é tenso, pistoleiros já deram tiros durante a madrugada, mas não há feridos.
Quatro agentes da Polícia Federal estão na área, mas os índios temem a violência durante a
noite, porque há muitos homens armados escondidos na mata. Segundo o cacique Gerson
Melo, a nova investida visa a impedir a colheita do cacau pelos 25 fazendeiros que se recusam a negociar com a Funai para deixar as terras dos pataxós, e entraram com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal, em Ilhéus.
O chefe do posto da Funai na reserva Caramuru, Alberto Evangelista, disse que a situação
preocupa e que, em fevereiro, alertou o Ministério da Justiça e à presidência da Funai de que haveria conflito, quando se iniciasse a colheita do cacau. Ontem, alguns trabalhadores se queixaram da violência dos índios e pequenos fazendeiros pediram a ajuda no posto da Funai, para ter acesso às fazendas onde moram e que já estão sendo negociadas para entregar aos índios.
Evangelista revelou que cerca de 250 pequenas e médias propriedades já foram retomadas
pelos índios e a saída dos fazendeiros está sendo negociada. Entretanto, cerca de 25 grandes
proprietários, que detêm a maior parte dos 54,1 mil hectares reclamados pelos pataxós, não
querem negociar, porque estariam ligados a políticos importantes do Estado e às empresas
mineradoras, interessadas em explorar o solo e subsolo da reserva, ricos em mármore azul,
granito e outros minerais mais preciosos, como topázio e até diamantes. Há informação de que existem jazidas para 300 anos de exploração.
O novo foco das disputas foi descoberto pelos pataxós, após uma investigação que identificou processos de cerca de 40 pessoas e empresas, que requereram, no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), a concessão para explorar minérios na área da reserva indígena.
Essa documentação já foi entregue à Procuradoria da República, em Ilhéus e em Brasília.
"Acreditamos que sejam os milhões que estão no subsolo de nossas terras o motivo da
demora no julgamento da ação de nulidade dos títulos, pelo Supremo Tribunal Federal", afirmou o cacique Gerson Melo. Para Alberto Evangelista, se índios e a maioria dos fazendeiros desejam o julgamento da nulidade dos títulos, a morosidade na decisão do Supremo só se explica pela existência de interesses muito poderosos, tanto que o ministro Nelson Jobim, num gesto inédito na história da República, teria manifestado desejo de vir à região para conhecer as terras em litígio.
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