From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Cintas-largas sofrem com problema de saúde urbano

20/12/2007

Fonte: OESP, Vida, p. A12



Cintas-largas sofrem com problema de saúde urbano

Resultados preliminares de um levantamento sobre a saúde dos índios cintas-largas, de Rondônia, revelam que é cada vez maior entre eles a incidência de problemas típicos de populações urbanas. O levantamento aponta índices elevados de casos de diabete (tipo 2), obesidade, depressão, doenças sexualmente transmissíveis e também de vítimas de acidentes de trânsito.

Segundo os resultados preliminares, aos quais o Estado teve acesso, foram observados 80 casos de diabete entre os quase 2 mil índios das reservas de Rondônia - o que corresponde a 4%.

Não é uma taxa alta na comparação com a taxa nacional, de 10%, e mesmo com a mundial, de 7%. Mas ela surpreende quando se considera que a diabete tipo 2 era incomum entre os cintas-largas - cujo contato com a chamada civilização ocorreu apenas 40 anos atrás.

De acordo com a indigenista Maria Inês Hargreaves, que viveu 10 anos nas aldeias desse grupo e fala sua língua, o tupi-mandé, o agravamento dos problemas de saúde está associado a mudanças de hábitos alimentares e de comportamento. "Os cintas-largas eram conhecidos por seu espírito guerreiro e caçador", diz. "Não conheciam açúcar e consumiam pouca gordura."

O contato com a civilização provocou as mudanças. Elas foram aceleradas por causa das madeireiras, que nos anos 80 e 90 davam dinheiro aos índios para explorar ilegalmente a madeira das reservas; e, mais recentemente, por garimpeiros. Eles também pagam pela exploração de diamantes nas reservas, proibida por lei. "Chegam oferecendo celulares, camionetes e até malas cheias de notas de R$ 1", diz o índio Marcos Apurinã, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Os índios passaram a comprar comida, deixando de lado a agricultura e a caça. "Na época das madeireiras, houve um salto no número de mortes por acidentes, porque os cintas-largas usavam camionetes mesmo sem ter carteira de habilitação, transportando parentes e amigos nas carrocerias", diz Maria Inês.

Nesse processo, eles também trocaram as casas comunitárias em que viviam por pequenas moradias de madeira, com teto de amianto. "Trocaram um tipo de moradia fresca, adequada para o calor da Amazônia, por casinhas que são verdadeiras fornalhas", diz a indigenista.

Os problemas são agravados, segundo Marcos Apurinã, pela ausência dos poderes públicos. "A presença da Funai é fraca por aqui", diz. "As moradias são precárias, não existe saneamento básico, o nível educacional é baixo e não há orientação sobre a prevenção de doenças."

OESP, 20/12/2007, Vida, p. A12
 

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