From Indigenous Peoples in Brazil
News
Faxinalzinho se fecha para impedir entrada de índios
07/08/2002
Autor: MARIELISE FERREIRA
Fonte: Zero Hora-Porto Alegre-RS
População bloqueou acesso por temer invasão de terras
A população de Faxinalzinho, na região norte do Estado, bloqueou ontem a RS-287, que liga o município a Benjamin Constant do Sul, para impedir a entrada de índios da Reserva do Votouro na cidade.
A mobilização foi uma forma de protestar contra as invasões de indígenas, que reivindicam a posse sobre a área total do município.
A disputa entre índios e agricultores pelas terras da região é antiga. Toda a área da Reserva do Votouro, em Benjamin Constant do Sul, já pertenceu a agricultores e foi demarcada e devolvida aos indígenas.
As 43 famílias de agricultores que moravam na localidade foram indenizadas e compraram novas áreas em Faxinalzinho. Agora, revivem a possibilidade de perder novamente as terras.
Os índios caingangues querem a demarcação de mais 14,4 mil hectares, a área total do município. Para agravar a situação, há cinco meses um grupo dissidente da Reserva do Votouro, com 250 índios, invadiu áreas do interior e de dois agricultores.
Ontem, cerca de 500 moradores de Faxinalzinho se reuniram na entrada da cidade para protestar contra a situação. Com tratores, cavaletes, barracas e carros, bloquearam o acesso, impedindo a passagem de índios.
A prefeitura decretou ponto facultativo, e comerciantes fecharam as lojas em apoio ao movimento.
Conforme o procurador jurídico do município, Grécio Cavalcanti, a população está revoltada e pretende retirar o grupo invasor à força das terras.
- Se houver novas demarcações, a perda de receita pode tornar inviável o município - disse Cavalcanti.
A prefeitura e um dos proprietários que tiveram áreas invadidas ingressaram com ação de reintegração de posse na Justiça Federal, na sexta-feira. Um dos proprietários concordou com a permanência dos caingangues em sua propriedade.
O chefe do posto indígena da Fundação Nacional do Índio (Funai) na Reserva do Votouro, o caingangue Dorvalino Ribeiro, disse ontem que os índios não apóiam a invasão de terras pelo grupo dissidente.
Apesar disso, querem a ampliação da atual área da reserva, que consideram insuficiente para os 1,4 mil índios que moram no localidade.
SAIBA MAIS
Colonos ocuparam áreas indígenas ao longo do século passado:
o De 1911 a 1918, foram demarcados 91,6 mil hectares em reservas indígenas no Estado.
o Ao longo do século, colonos ocuparam 51,5 mil hectares dessas terras, que tinham sido loteadas pelo governo gaúcho, até meados de 1960.
o Em 1978, indígenas de Planalto, no norte do Estado, promoveram uma ação violenta para expulsar brancos que ocupavam parte do chamado Toldo Nonoai. O episódio estimulou outros conflitos por terras entre brancos e índios.
o Com a pressão de movimentos sociais e políticos, assegurou-se na Constituição de 1988 o direito de devolução das terras de tradição indígena em todo o país.
o A partir de 1996, centenas de famílias que viviam nas áreas passaram a ser indenizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O Estado assumiu o reassentamento dos agricultores.
o Atualmente, há 90,4 mil hectares de reservas no Estado, onde vivem 15.720 caingangues e guaranis.
o Somente na Região Norte, os indígenas reivindicam pelo menos outros 45 mil hectares.
O Rio Grande do Sul conta atualmente com
90,4 mil
hectares de reservas
indígenas.
A população de
15.720
caingangues e guaranis é de
CONTRAPONTO
O que diz Neri Ribeiro, administrador da Funai de Passo Fundo:
"Com as demarcações feitas nos últimos anos, ainda faltam cerca de 10 mil hectares no Estado para chegar à área existente em 1911. O que os índios reclamam é que, antes de as áreas serem colonizadas, eles perambulavam por toda a região norte do Estado, e em Faxinalzinho existia, além da Reserva do Votouro, um grupo indígena numa aldeia chamada Candóia. Mas ainda não existe levantamento oficial, que deverá ser realizado em setembro. O que ocorre em Faxinalzinho é que alguns agricultores estariam incentivando a permanência dos índios sobre as áreas com a intenção de serem indenizados."
A população de Faxinalzinho, na região norte do Estado, bloqueou ontem a RS-287, que liga o município a Benjamin Constant do Sul, para impedir a entrada de índios da Reserva do Votouro na cidade.
A mobilização foi uma forma de protestar contra as invasões de indígenas, que reivindicam a posse sobre a área total do município.
A disputa entre índios e agricultores pelas terras da região é antiga. Toda a área da Reserva do Votouro, em Benjamin Constant do Sul, já pertenceu a agricultores e foi demarcada e devolvida aos indígenas.
As 43 famílias de agricultores que moravam na localidade foram indenizadas e compraram novas áreas em Faxinalzinho. Agora, revivem a possibilidade de perder novamente as terras.
Os índios caingangues querem a demarcação de mais 14,4 mil hectares, a área total do município. Para agravar a situação, há cinco meses um grupo dissidente da Reserva do Votouro, com 250 índios, invadiu áreas do interior e de dois agricultores.
Ontem, cerca de 500 moradores de Faxinalzinho se reuniram na entrada da cidade para protestar contra a situação. Com tratores, cavaletes, barracas e carros, bloquearam o acesso, impedindo a passagem de índios.
A prefeitura decretou ponto facultativo, e comerciantes fecharam as lojas em apoio ao movimento.
Conforme o procurador jurídico do município, Grécio Cavalcanti, a população está revoltada e pretende retirar o grupo invasor à força das terras.
- Se houver novas demarcações, a perda de receita pode tornar inviável o município - disse Cavalcanti.
A prefeitura e um dos proprietários que tiveram áreas invadidas ingressaram com ação de reintegração de posse na Justiça Federal, na sexta-feira. Um dos proprietários concordou com a permanência dos caingangues em sua propriedade.
O chefe do posto indígena da Fundação Nacional do Índio (Funai) na Reserva do Votouro, o caingangue Dorvalino Ribeiro, disse ontem que os índios não apóiam a invasão de terras pelo grupo dissidente.
Apesar disso, querem a ampliação da atual área da reserva, que consideram insuficiente para os 1,4 mil índios que moram no localidade.
SAIBA MAIS
Colonos ocuparam áreas indígenas ao longo do século passado:
o De 1911 a 1918, foram demarcados 91,6 mil hectares em reservas indígenas no Estado.
o Ao longo do século, colonos ocuparam 51,5 mil hectares dessas terras, que tinham sido loteadas pelo governo gaúcho, até meados de 1960.
o Em 1978, indígenas de Planalto, no norte do Estado, promoveram uma ação violenta para expulsar brancos que ocupavam parte do chamado Toldo Nonoai. O episódio estimulou outros conflitos por terras entre brancos e índios.
o Com a pressão de movimentos sociais e políticos, assegurou-se na Constituição de 1988 o direito de devolução das terras de tradição indígena em todo o país.
o A partir de 1996, centenas de famílias que viviam nas áreas passaram a ser indenizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O Estado assumiu o reassentamento dos agricultores.
o Atualmente, há 90,4 mil hectares de reservas no Estado, onde vivem 15.720 caingangues e guaranis.
o Somente na Região Norte, os indígenas reivindicam pelo menos outros 45 mil hectares.
O Rio Grande do Sul conta atualmente com
90,4 mil
hectares de reservas
indígenas.
A população de
15.720
caingangues e guaranis é de
CONTRAPONTO
O que diz Neri Ribeiro, administrador da Funai de Passo Fundo:
"Com as demarcações feitas nos últimos anos, ainda faltam cerca de 10 mil hectares no Estado para chegar à área existente em 1911. O que os índios reclamam é que, antes de as áreas serem colonizadas, eles perambulavam por toda a região norte do Estado, e em Faxinalzinho existia, além da Reserva do Votouro, um grupo indígena numa aldeia chamada Candóia. Mas ainda não existe levantamento oficial, que deverá ser realizado em setembro. O que ocorre em Faxinalzinho é que alguns agricultores estariam incentivando a permanência dos índios sobre as áreas com a intenção de serem indenizados."
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source