From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Para populações indígenas, educação é instrumento de mudança social

19/04/2008

Autor: Saymon Nascimento

Fonte: A Tarde Online




A pataxó Anari Brás Bonfim, 27, vai passar mais um Dia do Índio - comemorado em 19 de abril - longe de casa. Natural da Aldeia de Barra Velha, no sul do estado, ela se mudou para Salvador em 2005, mas não para tentar conseguir um emprego e se estabelecer na capital. Veio estudar Letras na Universidade Federal da Bahia. Nos próximos anos, a data deve ser passada na terra natal. "Meu objetivo é voltar para a aldeia, e usar o que aprendi para ajudar os índios de lá", conta.

Ela é um dos cerca de 18 mil índios que vivem em Salvador, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000. Na capital baiana, Anari mora com as irmãs Aricema e Arissana numa república, com mais três pessoas, incluindo o marido de Arissana, Jucimar Kamarutê, também Pataxó. Aricema estuda jornalismo e Arissana freqüenta aulas de Artes Plásticas na Escola de Belas Artes. Depois de completar o currículo, as três irmãs voltaram à aldeia para ajudar na educação de outros índios.

Hoje, o esforço dos Pataxós é pela valorização da cultura e a reconstrução da língua indígena. Para isso, os índios estudam na escola indígena da aldeia, com currículo adequado a sua cultura. Todo o grupo tem amplo conhecimento da história da tribo, das principais características às maiores dificuldades que já enfrentaram.

Elas não acham que, estudando o currículo escolar normativo, os índios perdem a cultura. "Não gosto da palavra aculturação. Se um branco come farinha, ele não é aculturado, mas se um índio usa uma calça jeans, logo dizem que ele está se afastando da sua cultura", defende Anari. Arissana complementa: "Estamos aqui em processo de estudo, para aprender as ferramentas necessárias para melhorar a vida dos índios. Mudanças na cultura há em qualquer sociedade".

As fotos da aldeia no computador ajudam a matar as saudades de casa. As imagens mostram festas locais, cenas de família, e um jantar, ainda à luz de velas. Apesar da limitação, ela explica que a região indígena de Coroa Vermelha sempre foi a mais urbanizada. "Os pataxós tiveram que se adaptar ao convívio com o branco para sobreviver. Deixaram de ser nômades, sofreram várias tentativas de extermínio, mas mantiveram a força e a união", relata.

Adaptação - Como sempre manteve contato com o mundo fora da aldeia, o grupo não sente muitas dificuldades de adaptação. "Os índios vão à cidade para trabalhar, vender artesanato, conta Anari. "Nossa dificuldade é a mesma de alguém que mora no interior, e não está acostumado com o corre-corre da cidade. Cheguei aqui e achei difícil não almoçar. Para mim foi absurdo lanchar uma pizza na hora do almoço. Na aldeia, as refeições têm hora certa", explica Arissana.

O marido dela, Jucimar, estudante de Ciências Sociais, relativiza: "Nossa adaptação é mais fácil porque pertencemos a uma geração mais nova. Uma coisa é ir à cidade para trabalhar ou estudar. Ficar o tempo todo na cidade é completamente diferente". Anari concorda: "Nós estamos acostumados a falar em público, trabalhamos com ensino, para nós é diferente. Teve gente na aldeia que teve dificuldade de morar em Porto Seguro, imagina aqui!".
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source