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Índios internados na Casai não acreditam que crime ocorreu lá

02/07/2008

Fonte: Diário de Cuiabá - www.diariodecuiaba.com.br



Índios xavantes de aldeias diferentes que estavam na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) no mesmo dia em que a adolescente Jaiya Xavante, 16, foi empalada não acreditam que o crime tenha acontecido dentro da Casa de Apoio, segundo o administrador regional da Fundação Nacional do Índio de Campinápolis, a 658 quilômetros ao leste de Cuiabá, Adriano Tsererawawau.

Segundo ele, uma índia xavante de outra aldeia estava no mesmo quarto de Jaiya e afirmou que não houve nenhum movimento estranho ou pessoas desconhecidas dentro da Casai na madrugada de quarta-feira, data do crime. Ainda conforme o relato dessa índia, a entrada de homens no quarto de repouso era restrita aos familiares dos pacientes. No entanto, a índia não sabe aonde o crime possa ter acontecido. Ainda segundo o administrador, os xavantes da aldeia São Pedro, onde Jaiya morava com a família, ainda estão de luto e muito chocados.

Mesmo depois da suspeita levantada de que uma tia de Jaiya teria cometido o crime, o inquérito policial ainda está sendo conduzido pela Polícia Civil do Distrito Federal. O delegado responsável pelas investigações, Antônio José Romeiro, informou que ainda não há nenhuma suspeita sobre quem tenha introduzido um objeto de quase 40 centímetros nas genitálias da menina, perfurando órgãos internos.

"Não temos nenhum suspeito. Falam sobre a tia da vítima, porque ela é quem ficava o tempo todo ao lado da menina. É só por isso que ela foi indicada como suspeita. Nesse momento, não há nada que demonstre que a tia possa ter sido autora", disse Romeiro. A informação de que a índia Maria Imaculada, tia de Jaiya, seria a autora, supostamente fornecida por uma fonte da Funasa não é reconhecida como oficial, nem pela polícia, nem pelo próprio órgão.

Ele também destacou que as informações divulgadas na noite de sexta-feira por uma suposta fonte da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a emissora estatal TV Brasil não podem ser oficiais, já que o funcionário não se identificou.

A assessoria de imprensa da Fundação Nacional de Saúde (Fundação) informou que a autarquia não reconhece a fonte que acusou Maria Imaculada, tia de Jaiya, como responsável pela morte da adolescente. Para a Funasa, cabe à Polícia investigar e apontar suspeitas e não a alguém vinculado ao órgão.

A Funasa também informou que pretende transferir a Casai para outro local melhor adaptado e que possa receber um número maior de indígenas. No entanto, essa transferência já estava planejada e não se deu em razão do episódio.

Para o delegado, as informações divulgadas pela fonte da Funasa podem dificultar o andamento das investigações. Já foram ouvidas, segundo Romeiro, algumas testemunhas, mas, novos depoimentos serão necessários para dar continuidade ao caso. "Temos que ter a colaboração de todas as pessoas que tiveram contato com a família da vítima e as pessoas são exatamente parentes, índios. Quando você lança suspeita sobre alguns deles, evidentemente que é provável que eles não queiram mais colaborar ou falar o que sabem a respeito do caso", reclamou.

A índia Jaiya Xavante foi empalada na madrugada da quarta-feira. Após passar mal, foi encaminhada ao Hospital Universitário de Brasília e morreu enquanto era submetida a uma cirurgia.
 

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