From Indigenous Peoples in Brazil
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News
MARCHA A RORAIMA - Produtores percorrerão 3 mil quilômetros
06/08/2008
Autor: Willame Souza
Fonte: Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
Os preparativos para a "Marcha a Roraima", que inicia no próximo dia 11, no Mato Grosso (MT), se aproximam da fase final. A caminhada, que percorrerá cerca de três mil quilômetros, contará com produtores agrícolas e pecuaristas de Roraima e do Estado de Mato Grosso.
Os manifestantes atravessarão parte de Rondônia e cortarão todo o Amazonas até chegar ao extremo norte, em Roraima. A previsão é que dia 15 deste mês eles cheguem ao Estado e um dia após rumem para Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
O movimento, com o slogan "Acorda Brasil! A Amazônia é nossa Marcha rumo a Roraima", pretende chamar a atenção dos brasileiros para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgará, no próximo dia 27, a legalidade da demarcação em forma contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol.
"Espero que com a manifestação o Governo Federal acabe com essa miopia. É necessário enxergar o que está acontecendo. Estão formando nações independentes dentro do Brasil e que serão monitoradas pelos estrangeiros", disse o diretor-secretário da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e um dos organizadores do acontecimento, Valdir Correa.
Para atrair as atenções às manifestações, participarão cerca de 50 caminhonetes tracionadas vindas do Mato Grosso e que se unirão, na divisa do Amazonas com Roraima, no dia 14, aos veículos dos produtores locais.
"Ainda não sabemos a quantidade exata de carros do Estado que estarão na manifestação. Porém, o objetivo é levar em torno de 100 veículos. Esta semana nos reuniremos para decidirmos a nossa participação no movimento", afirmou o presidente da Associação dos Arrozeiros, Nelson Itikawa.
Conforme Itikawa, a expectativa quanto ao julgamento no Supremo é que seja uma decisão não apenas favorável aos produtores roraimenses, mas ao Brasil, pois com a demarcação em forma contínua a segurança do país estaria ameaçada.
Questionado quanto aos motivos que impulsionaram a iniciativa dos produtores mato-grossenses, Valdir Correa relata que naquele Estado há uma situação parecida com a vivida pelos agricultores roraimenses. Segundo ele, são aproximadamente 18 milhões de hectares homologados como terras indígenas, divididos em seis reservas onde habitam índios de várias etnias.
Outro fator fundamental para a realização da caravana é um impasse semelhante ao de Roraima, pois uma região equivalente a seis milhões de hectares é motivo de disputa entre produtores e indígenas.
"A decisão do STF será fundamental para o nosso Estado, porque, dependendo do resultado, servirá de parâmetro para nós. A nossa situação lá também é complicada. Costumo dizer que em Mato Grosso são seis Raposa Serra do Sol, pois se a situação se confirmar, teremos quase 24 milhões de hectares em poder dos índios", expõe o diretor-secretário.
Os produtores do Mato Grosso e de Roraima estudam a possibilidade de, futuramente, organizar uma caravana rumo a Brasília. Entretanto, ainda não há data e nem relação de outros possíveis participantes definidos.
CIR classifica manifestação como um desrespeito às leis brasileiras
O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, fez críticas duras às tentativas dos produtores do Estado para anular a demarcação em forma contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Afirmou ainda que, independentemente da decisão do STF, no próximo dia 27 a população indígena moradora da região demarcada permanecerá no local.
De acordo Dionito Souza, o movimento "Marcha a Roraima" é um desrespeito às autoridades brasileiras, pois é necessário que as pessoas contrárias à ocupação legal de terras pelos índios se conscientizam que isto é algo amparado pela Constituição Federal.
"As leis brasileiras definem que se deve respeitar a organização social de um povo. Se nós estivéssemos errados, eu ficaria calado. Estamos dentro de nossa casa e temos que presenciar pessoas virem de outro Estado questionar as decisões judiciais. Considero essas atitudes como discriminação racial", afirmou o coordenador.
O CIR espera que o impasse seja resolvido o mais rápido possível com decisão favorável aos indígenas, que torcem pela retirada e reassentamento dos arrozeiros, segundo ele, nos cinco milhões de hectares de terras propícios à agricultura em Roraima.
"Não tomaremos nenhuma atitude para impedir o movimento e nem faremos algo em especial em resposta a esta ação, pois nos manifestamos contrários à ocupação de não-índios destas terras todos os dias. Sempre que construímos casas e dizemos não à permanência deles em nossa região, demonstramos a nossa posição em relação ao impasse", frisou.
Os manifestantes atravessarão parte de Rondônia e cortarão todo o Amazonas até chegar ao extremo norte, em Roraima. A previsão é que dia 15 deste mês eles cheguem ao Estado e um dia após rumem para Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
O movimento, com o slogan "Acorda Brasil! A Amazônia é nossa Marcha rumo a Roraima", pretende chamar a atenção dos brasileiros para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgará, no próximo dia 27, a legalidade da demarcação em forma contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol.
"Espero que com a manifestação o Governo Federal acabe com essa miopia. É necessário enxergar o que está acontecendo. Estão formando nações independentes dentro do Brasil e que serão monitoradas pelos estrangeiros", disse o diretor-secretário da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e um dos organizadores do acontecimento, Valdir Correa.
Para atrair as atenções às manifestações, participarão cerca de 50 caminhonetes tracionadas vindas do Mato Grosso e que se unirão, na divisa do Amazonas com Roraima, no dia 14, aos veículos dos produtores locais.
"Ainda não sabemos a quantidade exata de carros do Estado que estarão na manifestação. Porém, o objetivo é levar em torno de 100 veículos. Esta semana nos reuniremos para decidirmos a nossa participação no movimento", afirmou o presidente da Associação dos Arrozeiros, Nelson Itikawa.
Conforme Itikawa, a expectativa quanto ao julgamento no Supremo é que seja uma decisão não apenas favorável aos produtores roraimenses, mas ao Brasil, pois com a demarcação em forma contínua a segurança do país estaria ameaçada.
Questionado quanto aos motivos que impulsionaram a iniciativa dos produtores mato-grossenses, Valdir Correa relata que naquele Estado há uma situação parecida com a vivida pelos agricultores roraimenses. Segundo ele, são aproximadamente 18 milhões de hectares homologados como terras indígenas, divididos em seis reservas onde habitam índios de várias etnias.
Outro fator fundamental para a realização da caravana é um impasse semelhante ao de Roraima, pois uma região equivalente a seis milhões de hectares é motivo de disputa entre produtores e indígenas.
"A decisão do STF será fundamental para o nosso Estado, porque, dependendo do resultado, servirá de parâmetro para nós. A nossa situação lá também é complicada. Costumo dizer que em Mato Grosso são seis Raposa Serra do Sol, pois se a situação se confirmar, teremos quase 24 milhões de hectares em poder dos índios", expõe o diretor-secretário.
Os produtores do Mato Grosso e de Roraima estudam a possibilidade de, futuramente, organizar uma caravana rumo a Brasília. Entretanto, ainda não há data e nem relação de outros possíveis participantes definidos.
CIR classifica manifestação como um desrespeito às leis brasileiras
O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, fez críticas duras às tentativas dos produtores do Estado para anular a demarcação em forma contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Afirmou ainda que, independentemente da decisão do STF, no próximo dia 27 a população indígena moradora da região demarcada permanecerá no local.
De acordo Dionito Souza, o movimento "Marcha a Roraima" é um desrespeito às autoridades brasileiras, pois é necessário que as pessoas contrárias à ocupação legal de terras pelos índios se conscientizam que isto é algo amparado pela Constituição Federal.
"As leis brasileiras definem que se deve respeitar a organização social de um povo. Se nós estivéssemos errados, eu ficaria calado. Estamos dentro de nossa casa e temos que presenciar pessoas virem de outro Estado questionar as decisões judiciais. Considero essas atitudes como discriminação racial", afirmou o coordenador.
O CIR espera que o impasse seja resolvido o mais rápido possível com decisão favorável aos indígenas, que torcem pela retirada e reassentamento dos arrozeiros, segundo ele, nos cinco milhões de hectares de terras propícios à agricultura em Roraima.
"Não tomaremos nenhuma atitude para impedir o movimento e nem faremos algo em especial em resposta a esta ação, pois nos manifestamos contrários à ocupação de não-índios destas terras todos os dias. Sempre que construímos casas e dizemos não à permanência deles em nossa região, demonstramos a nossa posição em relação ao impasse", frisou.
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