From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Comunicado da Frente de Resistência e Luta Pataxó

19/09/2002

Fonte: A Tarde-Salvador-BA



A Frente de Resistência e Luta Pataxó vem a público repudiar o ataque covarde contra 30
famílias Pataxós da aldeia do Pequi, localizada na margem do Rio Caí no município do Prado Bahia.
O ataque promovido pelo fazendeiro Normando de Carvalho foi comandado pelo delegado de polícia do Prado, Sr. William e pelo sargento da Polícia Militar Sr. Valcin, que com vários homens armados invadiram a aldeia na madrugada do dia 15 de setembro, atirando contra crianças, mulheres, jovens e idosos que se encontravam no local.
Com o ataque, os índios tiveram que sair correndo pelas matas para se protegerem. Quatro
índios estão desaparecidos, são eles Dona Julice e sua filha Silvana e o casal Argentino e
Joana Pataxó. O delegado do Prado ainda prendeu dois índios, Alvino e Domingo, em ato
abusivo, nos deixando indignados. Não podemos aceitar que nosso povo seja agredido e preso por lutarmos pela nossa terra.
Não podemos aceitar que os invasores do nosso território continuem violentando os nossos
direitos, sem que as autoridades brasileiras tomem providências para evitar o nosso
sofrimento.
Exigimos imediatamente das autoridades competentes punições para o fazendeiro Normando de Carvalho, seus pistoleiros e para os policiais envolvidos nesta ação violenta contra as famílias indígenas da aldeia do Pequi.
Queremos a presença da Polícia Federal no local, para garantir o retorno das famílias para a
área e a integridade física do grupo.
Exigimos que o Governo Federal, através do Ministério da Justiça e da Funai, adote as
recebido pelos parentes que o encaminharam para as denúncias na Polícia Federal em Porto
Seguro e realizar os exames necessários, já que todos os seus parentes exigem justiça para
que seja apurado os casos envolvendo a policia do Prado, sobretudo o Delegado da Civil
Willian e o agente da PM Valcin que atendem na delegacia daquele município e tem atuado de forma ilegal a mando dos fazendeiros da região, ameaçando e agredindo os índios.
Três dias depois do ocorrido, os índios estão impedidos de retornarem à área, já que a ameaça continua e o fazendeiro Normando de Carvalho, mandante do ataque criminoso permanece com homens armados com o propósito de evitar que os índios voltem para a sua terra, apesar da área estar em litígio conforme processos na justiça federal em Ilhéus que garante a posse temporária dos índios. Existem notícias que haveriam dois índios mortos, mas o fato ainda não pode ser confirmado por ninguém ter acesso ao local do crime, já que o órgão responsável pela questao indígena, Funai diz que só irá até ao local acompanhado da Polícia Federal, devido ao clima de tensão e o forte armamento dos pistoleiros, conforme informou as lideranças indígenas da aldeia do Pequi, que estão em Eunápolis. Pressionando a Funai para as devidas providências.
O Cimi - Conselho Indigenista Missionário, através da sua equipe na região já havia alertado para a gravidade da violência contra os Pataxó na região extremo sul da Bahia e denunciado a articulação dos fazendeiros com o poder político e militar local, que tem tentado a todo custo barrar o avanço da luta Pataxó pela regularização de suas terras e garantia dos seus direitos constitucionais. A ação dos Pataxó tem provocado reações que mexem com o poder econômico local baseado no latifúndio, na monocultura do eucalipto e grandes empresas de turismo, uma vez que o que está em disputa é a posse da terra. Para o Cimi, a demarcação da terra dos Pataxó é uma questão de tempo e justiça e a única forma de garantir a paz e a tranqüilidade àquele povo, expulsos desde a década de 1950 de seu território tradicional na região do Monte Pascoal e seu entorno.
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source