From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Para governador, arrozeiros terão de sair de Raposa

10/12/2008

Autor: Edson Porto

Fonte: BBC Brasil - www.bbc.co.uk/portuguese



O governador do Estado de Roraima, José Anchieta Júnior, admitiu que os arrozeiros da reserva Raposa Serra do Sol terão que deixar a área após o Supremo Tribunal Federal confirmar a demarcação das terras indígenas de forma contínua, o que deve ocorrer apenas em 2009.

Para ele, apesar de o Supremo não ter dado um veredicto sobre o futuro da reserva, é "muito improvável" que os ministros do tribunal voltem atrás em seus votos.

Durante a sessão, que durou toda a quarta-feira, oito dos 11 ministros votaram a favor da demarcação contínua, antes que a votação fosse suspensa pela segunda vez desde que o julgamento começou, em agosto. A paralisação ocorreu a pedido do ministro Marco Aurélio de Mello, que quer mais tempo para tomar uma decisão.

"Chegou a conta máxima, o Estado tem que ver o que precisamos para o futuro e, infelizmente, ao prevalecer essa decisão da alta corte, nós temos que respeitá-la (...) e cumpri-la", afirmou Anchieta em entrevista à BBC Brasil no palácio do governo em Boa Vista.

"(Agora temos que) desenvolver alternativas novas e começar a desenvolver o Estado independente dessa área."

O governador defendia que a reserva fosse demarcada com "ilhas" de produção que permitissem a permanência dos arrozeiros e novas atividades econômicas na área.

Compensação

A votação no Supremo deixou arrozeiros desapontados. "Não é o que esperávamos. O Supremo julgou a causa errada. A gente não é contra a demarcação contínua, a gente quer apenas que as fazendas produtivas fiquem de fora", afirmou o produtor Luiz Agenor Faccio, dono da marca de arroz que leva seu nome.

Faccio não acredita que a disputa legal pela terra esteja encerrada. Ele acredita que, apesar dos votos em contrário, a situação não está definida.

"Eu ainda acredito que vamos ter justiça. Vamos entrar com novas medidas", afirmou, sem especificar ao que se referia, já que a decisão do Supremo, quando for tomada, será final.

Assim como os outros cinco grandes arrozeiros que estão na reserva, Faccio diz que a indenização oferecida pelo governo federal é muito baixa e que, no limite, eles vão brigar para serem melhor compensados.

"Se querem a área tudo bem, mas tem que pagar corretamente por todo o trabalho que colocamos lá. A Funai não ofereceu indenização, ofereceu esmola."

Na avaliação de outro arrozeiro, Nelson Itikawa, o valor de R$ 5 milhões oferecidos pela Funai representa 5% do que eles consideram justo pelo conjunto das fazendas: pelo menos R$ 100 milhões.

Segundo a Funai, os cálculos para o pagamento se baseiam em avaliações técnicas e levam em consideração o que é previsto em lei para o caso de propriedades como as da reserva.

Espera

Do lado oposto da disputa, os índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) celebraram a votação, embora reclamem do fato de o julgamento não ter sido encerrado.

"Estamos emocionados, satisfeitos e felizes com a decisão e acredito que a comunidade também está muito feliz", disse Ivaldo André, para quem seria melhor se o veredicto tivesse saído agora, e não no ano que vem.

Para os índios, estender o prazo para a retirada dos não-índios amplia a chance de ocorrerem enfrentamentos e problemas. Apesar disso, os indígenas afirmam que serão pacientes e irão esperar o resultado final do STF e a eventual ação da Polícia Federal. "Nós já esperamos 30 anos", disse Ivaldo André.

O governador Anchieta Júnior afirma que o Estado irá avaliar como pode ajudar na realocação das fazendas, especialmente do ponto de vista de infra-estrutura. Mas Anchieta também diz que a capacidade do governo local
"tem seus limites".
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source