From Indigenous Peoples in Brazil
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Operação para retirada de não-índios de Raposa começa pacificamente
02/05/2009
Fonte: O Globo, O País, p. 4
Operação para retirada de não-índios de Raposa começa pacificamente
Desembargador garante que não haverá mais negociação com rizicultores
Ana Marques Especial para O Globo
Começou ontem, sem incidentes, a operação de retirada dos habitantes não-índios que ainda insistiam em permanecer na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a saída espontânea do grupo tinha terminado na véspera. Mais de 300 agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança foram designados para cumprir a decisão judicial, sob o comando do desembargador Jirair Meguerian, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
No fim da noite, a informação era a de que 20 famílias ainda permaneciam na reserva. Apesar de os rizicultores terem ocupado a praça principal de Boa Vista com tratores e caminhões, o clima é de tranquilidade.
Segundo Meguerian, a força só será usada caso haja resistência violenta. O desembargador disse que conduzirá pessoalmente a retirada de dois pecuaristas idosos - Lawrence Hart e Adolfo Esbell - que passaram a vida na região e se recusam a sair -, mas não admite negociar mais com produtores de arroz. Dois deles - Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros, e Tiaraju Faccio - diziam que ficariam nas fazendas por terem colheitas pendentes. Ontem de madrugada, Faccio colhia arroz em sua propriedade e embarcava a produção em caminhões.
O juiz auxiliar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Lincoln Rodrigues de Faria, informou que Quartiero esteve à tarde em uma de suas fazendas, mas deixou o local após ser "convencido pessoalmente" por Meguerian a sair.
No início da noite de ontem, o administrador regional da Funai, Gonçalo Teixeira, informou que foram enviados veículos para dar condições para as famílias retirarem seus pertences e garantiu que todo o processo aconteceu de forma pacífica:
- Até o momento não foi registrado qualquer incidente.
Desde quinta, protesto em frente à sede do governo
Em protesto contra a decisão do STF, rizicultores, pequenos produtores e trabalhadores chegaram em comboio na tarde de anteontem e mantêm caminhões, colheitadeiras e máquinas na Praça do Centro Cívico, em frente à sede do governo, no centro de Boa Vista. Pedaços de tecido preto e faixas simbolizam a insatisfação dos manifestantes com a decisão da Justiça.
Quartiero, proprietário de duas fazendas na região de Surumu, disse que a manifestação é apenas o começo de uma série de protestos que o grupo pretende fazer.
- Vamos pôr gado e cavalos na praça pública, pois não temos para onde levá-los. Vamos ficar aqui até quando aparecer solução, até sermos respeitados. Estamos vivos e não estamos com medo das intimidações e ameaças da Polícia Federal e da Justiça. O Supremo Tribunal Federal e o governo federal vão ter que aprender a respeitar a população de Roraima - disse o arrozeiro.
De acordo com Meguerian, os rizicultores não receberão novas terras do governo federal, pois não se enquadram no perfil de assentamentos e reforma agrária, diferentemente dos pequenos produtores e demais famílias retiradas da Raposa Serra do Sol.
O Globo, 02/05/2009, O País, p. 4
Desembargador garante que não haverá mais negociação com rizicultores
Ana Marques Especial para O Globo
Começou ontem, sem incidentes, a operação de retirada dos habitantes não-índios que ainda insistiam em permanecer na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a saída espontânea do grupo tinha terminado na véspera. Mais de 300 agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança foram designados para cumprir a decisão judicial, sob o comando do desembargador Jirair Meguerian, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
No fim da noite, a informação era a de que 20 famílias ainda permaneciam na reserva. Apesar de os rizicultores terem ocupado a praça principal de Boa Vista com tratores e caminhões, o clima é de tranquilidade.
Segundo Meguerian, a força só será usada caso haja resistência violenta. O desembargador disse que conduzirá pessoalmente a retirada de dois pecuaristas idosos - Lawrence Hart e Adolfo Esbell - que passaram a vida na região e se recusam a sair -, mas não admite negociar mais com produtores de arroz. Dois deles - Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros, e Tiaraju Faccio - diziam que ficariam nas fazendas por terem colheitas pendentes. Ontem de madrugada, Faccio colhia arroz em sua propriedade e embarcava a produção em caminhões.
O juiz auxiliar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Lincoln Rodrigues de Faria, informou que Quartiero esteve à tarde em uma de suas fazendas, mas deixou o local após ser "convencido pessoalmente" por Meguerian a sair.
No início da noite de ontem, o administrador regional da Funai, Gonçalo Teixeira, informou que foram enviados veículos para dar condições para as famílias retirarem seus pertences e garantiu que todo o processo aconteceu de forma pacífica:
- Até o momento não foi registrado qualquer incidente.
Desde quinta, protesto em frente à sede do governo
Em protesto contra a decisão do STF, rizicultores, pequenos produtores e trabalhadores chegaram em comboio na tarde de anteontem e mantêm caminhões, colheitadeiras e máquinas na Praça do Centro Cívico, em frente à sede do governo, no centro de Boa Vista. Pedaços de tecido preto e faixas simbolizam a insatisfação dos manifestantes com a decisão da Justiça.
Quartiero, proprietário de duas fazendas na região de Surumu, disse que a manifestação é apenas o começo de uma série de protestos que o grupo pretende fazer.
- Vamos pôr gado e cavalos na praça pública, pois não temos para onde levá-los. Vamos ficar aqui até quando aparecer solução, até sermos respeitados. Estamos vivos e não estamos com medo das intimidações e ameaças da Polícia Federal e da Justiça. O Supremo Tribunal Federal e o governo federal vão ter que aprender a respeitar a população de Roraima - disse o arrozeiro.
De acordo com Meguerian, os rizicultores não receberão novas terras do governo federal, pois não se enquadram no perfil de assentamentos e reforma agrária, diferentemente dos pequenos produtores e demais famílias retiradas da Raposa Serra do Sol.
O Globo, 02/05/2009, O País, p. 4
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