From Indigenous Peoples in Brazil
News
Professores são recusados nas comunidades
27/05/2009
Autor: WENYA ALECRIM
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Dezenas de professores aprovados no concurso para magistério indígena ainda não começaram a dar aulas. Os motivos são que vários professores foram recusados pela comunidade indígena na qual foram lotados. Alguns deles chegaram a ser recusados por mais de uma comunidade.
Descontentes, os educadores procuram a Divisão de Educação Indígena da secretaria Estadual de Educação Cultura e Desportos (SECD) para cobrar soluções para os problemas.
A professora de geografia Gisele da Silva Prado foi lotada com 25 horas aula para comunidade Canauanim, no Município do Cantá. Na segunda-feira da semana passada, ele e mais três professores lotados para a mesma região se dirigiram ao tuxaua da comunidade e apresentaram a carta de encaminhamento. Segundo Gisele, o líder indígena não deu chances para argumentos, assinou o termo de encaminhamento, mas não os aceitou na comunidade.
"O tuxaua e diretor da escola, que também é seletivado, disse que não teria vaga para nós. Apenas para os seletivados. Ele pediu para que voltássemos na quarta-feira, quando haveria uma reunião com a comunidade", destacou.
Segundo Gisele, na reunião de quarta-feira, dia 20, o tuxaua permitiu apenas que eles se apresentassem dizendo o nome. Sem uma resposta positiva, os professores voltaram para a cidade com um documento destinado a SECD, onde o diretor informou que não aceitaria os professores não-índios na escola, alegando incapacidade de cumprir a função.
O documento chega a apontar os nomes dos professores seletivados que devem permanecer na comunidade e contém a assinatura de 98 indígenas da região negando a entrada dos professores.
Na reunião, o tuxaua explicou para os professores que está ciente que o contrato dos educadores seletivos termina no próximo dia 30. No entanto ele disse que os professores trabalharão voluntariamente para que os não-índios não lecionem na comunidade.
Conforme a professora, a comunidade não cultiva mais a cultura indígena e não sobrevive da própria cultura como a pesca. Nos dias em que esteve na comunidade, Gisele chegou a presenciar indígenas pagando para madeireiros cortarem lenha e uma discussão devido à compra de um boi para comemoração do dia das mães, cujo valor seria divido entre a comunidade.
A professora disse temer represálias, se chegar a ocupar a vaga, por imposição da SECD já que pelo prazo legal, eles teriam até esta quarta-feira para começarem a dar aulas. Por isso ela acredita que a melhor saída será lotação dos professores nas sedes dos municípios onde há vagas. "Eu só quero dar minhas aulas, como é muito perto, posso ir e voltar todos os dias. Tudo isso é um preconceito contra os professores brancos", frisou.
A situação do professor Leonay Vieira não é muito diferente da de Gisele. Lotado para a comunidade da Tábua Lascada, do Município do Cantá, ele também foi recusado pelos indígenas. Inconformado, o professor chegou a dizer que agora ele não quer mais dar aulas nas comunidades e espera ser lotado nas escolas dos municípios que possuem vagas.
Preocupado por não estar dentro das salas de aula, Leonay Vieria procurou o defensor Natanel Ferreira para saber se diante da situação, ele correria o risco de perder o concurso. "Ele disse que não, pois nós estamos querendo dar aulas e estamos impossibilitados por um problema administrativo da SECD. As comunidades sabiam que fizemos o concurso e que iríamos tomar posse", disse.
Enquanto a reportagem da Folha esteve na SECD, outros professores manifestaram o descontamtento. Uma professora de descendência indígena não foi aceita pela comunidade e outra foi recusada por duas vezes. Os professoes foram orientados a aguardar um posicionamento até sexta-feira.
Um dia após os professores tomarem posse, a Folha entrevistou a presidente dos Organizaça dos Professores Indígenas de Roraima (Opirr), Pielângela Cunha, que antecipou estes fatos. A presidente disse que assim que os professores chegassem às comunidades, seriam rejeitados.
Na ocasião, ela defendeu a posição dos líderes, dizendo que os professores não-índios não permaneceriam por muito tempo nas comunidades.
SECD - A SECD informou por meio de nota que até o dia 28 de maio todos os professores empossados no Concurso do Magistério Indígena serão lotados.
O Departamento de Recursos Humanos e a Divisão de Educação Indígena estão analisando a situação de cada professor para encontrar a melhor solução tanto para os educadores quanto para as comunidades indígenas.
Já para os professores que por vontade própria não se apresentarem no local de sua lotação até o referido prazo, será tornado sem efeito o ato de provimento (nomeação).
SINDICATO - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima, Ornildo Souza, disse que ainda não foi procurado pelos professores a fim de intermediar a discussão com a SECD. "Tenho uma reunião com o secretário amanhã (hoje). Estou sabendo desta situação pela imprensa e vou questionar o secretário", disse
http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=62769
Descontentes, os educadores procuram a Divisão de Educação Indígena da secretaria Estadual de Educação Cultura e Desportos (SECD) para cobrar soluções para os problemas.
A professora de geografia Gisele da Silva Prado foi lotada com 25 horas aula para comunidade Canauanim, no Município do Cantá. Na segunda-feira da semana passada, ele e mais três professores lotados para a mesma região se dirigiram ao tuxaua da comunidade e apresentaram a carta de encaminhamento. Segundo Gisele, o líder indígena não deu chances para argumentos, assinou o termo de encaminhamento, mas não os aceitou na comunidade.
"O tuxaua e diretor da escola, que também é seletivado, disse que não teria vaga para nós. Apenas para os seletivados. Ele pediu para que voltássemos na quarta-feira, quando haveria uma reunião com a comunidade", destacou.
Segundo Gisele, na reunião de quarta-feira, dia 20, o tuxaua permitiu apenas que eles se apresentassem dizendo o nome. Sem uma resposta positiva, os professores voltaram para a cidade com um documento destinado a SECD, onde o diretor informou que não aceitaria os professores não-índios na escola, alegando incapacidade de cumprir a função.
O documento chega a apontar os nomes dos professores seletivados que devem permanecer na comunidade e contém a assinatura de 98 indígenas da região negando a entrada dos professores.
Na reunião, o tuxaua explicou para os professores que está ciente que o contrato dos educadores seletivos termina no próximo dia 30. No entanto ele disse que os professores trabalharão voluntariamente para que os não-índios não lecionem na comunidade.
Conforme a professora, a comunidade não cultiva mais a cultura indígena e não sobrevive da própria cultura como a pesca. Nos dias em que esteve na comunidade, Gisele chegou a presenciar indígenas pagando para madeireiros cortarem lenha e uma discussão devido à compra de um boi para comemoração do dia das mães, cujo valor seria divido entre a comunidade.
A professora disse temer represálias, se chegar a ocupar a vaga, por imposição da SECD já que pelo prazo legal, eles teriam até esta quarta-feira para começarem a dar aulas. Por isso ela acredita que a melhor saída será lotação dos professores nas sedes dos municípios onde há vagas. "Eu só quero dar minhas aulas, como é muito perto, posso ir e voltar todos os dias. Tudo isso é um preconceito contra os professores brancos", frisou.
A situação do professor Leonay Vieira não é muito diferente da de Gisele. Lotado para a comunidade da Tábua Lascada, do Município do Cantá, ele também foi recusado pelos indígenas. Inconformado, o professor chegou a dizer que agora ele não quer mais dar aulas nas comunidades e espera ser lotado nas escolas dos municípios que possuem vagas.
Preocupado por não estar dentro das salas de aula, Leonay Vieria procurou o defensor Natanel Ferreira para saber se diante da situação, ele correria o risco de perder o concurso. "Ele disse que não, pois nós estamos querendo dar aulas e estamos impossibilitados por um problema administrativo da SECD. As comunidades sabiam que fizemos o concurso e que iríamos tomar posse", disse.
Enquanto a reportagem da Folha esteve na SECD, outros professores manifestaram o descontamtento. Uma professora de descendência indígena não foi aceita pela comunidade e outra foi recusada por duas vezes. Os professoes foram orientados a aguardar um posicionamento até sexta-feira.
Um dia após os professores tomarem posse, a Folha entrevistou a presidente dos Organizaça dos Professores Indígenas de Roraima (Opirr), Pielângela Cunha, que antecipou estes fatos. A presidente disse que assim que os professores chegassem às comunidades, seriam rejeitados.
Na ocasião, ela defendeu a posição dos líderes, dizendo que os professores não-índios não permaneceriam por muito tempo nas comunidades.
SECD - A SECD informou por meio de nota que até o dia 28 de maio todos os professores empossados no Concurso do Magistério Indígena serão lotados.
O Departamento de Recursos Humanos e a Divisão de Educação Indígena estão analisando a situação de cada professor para encontrar a melhor solução tanto para os educadores quanto para as comunidades indígenas.
Já para os professores que por vontade própria não se apresentarem no local de sua lotação até o referido prazo, será tornado sem efeito o ato de provimento (nomeação).
SINDICATO - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima, Ornildo Souza, disse que ainda não foi procurado pelos professores a fim de intermediar a discussão com a SECD. "Tenho uma reunião com o secretário amanhã (hoje). Estou sabendo desta situação pela imprensa e vou questionar o secretário", disse
http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=62769
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