From Indigenous Peoples in Brazil
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Notícias
Indígenas reclamam do preconceito na universidade
15/07/2009
Autor: Mariana Cordeiro - Estagiária da UnB Agência
Fonte: UnB Agência - http://www.unb.br/
Estudantes, bacharéis e pesquisadores dizem que o meio acadêmico ainda tem dificuldades para aceitar a presença de índios
No primeiro dia de debates do 1º Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas, a polêmica do preconceito não foi deixada de lado. Estudantes e pesquisadores contaram como foi a difícil adaptação da vida na aldeia para o ambiente universitário.
Para Mauro de Barros Terena, bacharel em Direito e representante da Articulação dos Povos Índigenas do Brasil (Apib), a questao indígena é abordada de forma precária dentro da sala de aula. "Não podemos nos curvar diante do preconceito e da discriminação", opinou Terena, referindo-se a um colega da graduação que insinuou que sua presença na universidade era incômoda. "Precisamos sensibilizar a sociedade e mostrar que temos uma cultura, uma índole e uma identidade que contribui com a diversidade étnica do Brasil", afirmou.
PERSPECTIVA COLONIAL - Segundo a técnica em educação escolar indígena Rita Gomes do Nascimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o pesquisador indígena não é visto com bons olhos quando deseja estudar assuntos que envolvem sua realidade. "Meus orientadores diziam que eu não tinha cara de índia. As pessoas ainda enxergam nosso povo sob a perspectiva colonial", explica Rita, representante da aldeia potiguar.
O pataxó Luís Antônio Oliveira, bacharel em Letras pela Universidade Católica de São Paulo, diz que a maior dificuldade que sofreu foi quando sentiu a deficiência das escolas públicas em que estudou, próximas às aldeias. Assim que se formou, em 2007, voltou à sua tribo para ensinar o que aprendeu na cidade. "Eu não me sentiria satisfeito se usasse meus conhecimentos para ensinar as pessoas da elite, em escolas particulares. O índio tem que ter meta de vida, não pode pensar apenas no diploma, mas em oferecer melhores condições de vida para a sua comunidade", afirmou.
"A educação escolar indígena é organizada de maneira incorreta. Enquanto o governo define a educação conforme o município, o território das aldeias ultrapassa as fronteiras do Estado", disse André Lázaro, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad). Lázaro focou o discurso na reserva das cotas raciais. "As lideranças indígenas estão ausentes no debate e precisam defender a sua posição", apontou.
OPORTUNIDADE - Quem participou do Congresso teve acesso aos artesanatos dos índios. Colares, brincos e ferramentas podem ser comprados pelo custo de R$ 10 a R$ 45. "Esses eventos são uma oportunidade de sobrevivência. Ás vezes vendemos nossa arte por R$ 1 para podermos comer", desabafa Evani Santos Ferreira, da aldeia Coroa Vermelha, localizada em Porto Seguro. Em sua casa, moram 20 pessoas que possuem o artesanato como única fonte de renda. "É triste um filho te pedir algo que você não tem condições de oferecer", explica a artesã que costuma ir aos eventos indígenas para divulgar seu trabalho.
No primeiro dia de debates do 1º Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas, a polêmica do preconceito não foi deixada de lado. Estudantes e pesquisadores contaram como foi a difícil adaptação da vida na aldeia para o ambiente universitário.
Para Mauro de Barros Terena, bacharel em Direito e representante da Articulação dos Povos Índigenas do Brasil (Apib), a questao indígena é abordada de forma precária dentro da sala de aula. "Não podemos nos curvar diante do preconceito e da discriminação", opinou Terena, referindo-se a um colega da graduação que insinuou que sua presença na universidade era incômoda. "Precisamos sensibilizar a sociedade e mostrar que temos uma cultura, uma índole e uma identidade que contribui com a diversidade étnica do Brasil", afirmou.
PERSPECTIVA COLONIAL - Segundo a técnica em educação escolar indígena Rita Gomes do Nascimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o pesquisador indígena não é visto com bons olhos quando deseja estudar assuntos que envolvem sua realidade. "Meus orientadores diziam que eu não tinha cara de índia. As pessoas ainda enxergam nosso povo sob a perspectiva colonial", explica Rita, representante da aldeia potiguar.
O pataxó Luís Antônio Oliveira, bacharel em Letras pela Universidade Católica de São Paulo, diz que a maior dificuldade que sofreu foi quando sentiu a deficiência das escolas públicas em que estudou, próximas às aldeias. Assim que se formou, em 2007, voltou à sua tribo para ensinar o que aprendeu na cidade. "Eu não me sentiria satisfeito se usasse meus conhecimentos para ensinar as pessoas da elite, em escolas particulares. O índio tem que ter meta de vida, não pode pensar apenas no diploma, mas em oferecer melhores condições de vida para a sua comunidade", afirmou.
"A educação escolar indígena é organizada de maneira incorreta. Enquanto o governo define a educação conforme o município, o território das aldeias ultrapassa as fronteiras do Estado", disse André Lázaro, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad). Lázaro focou o discurso na reserva das cotas raciais. "As lideranças indígenas estão ausentes no debate e precisam defender a sua posição", apontou.
OPORTUNIDADE - Quem participou do Congresso teve acesso aos artesanatos dos índios. Colares, brincos e ferramentas podem ser comprados pelo custo de R$ 10 a R$ 45. "Esses eventos são uma oportunidade de sobrevivência. Ás vezes vendemos nossa arte por R$ 1 para podermos comer", desabafa Evani Santos Ferreira, da aldeia Coroa Vermelha, localizada em Porto Seguro. Em sua casa, moram 20 pessoas que possuem o artesanato como única fonte de renda. "É triste um filho te pedir algo que você não tem condições de oferecer", explica a artesã que costuma ir aos eventos indígenas para divulgar seu trabalho.
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