From Indigenous Peoples in Brazil
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À espera de mais terras, famílias da reserva de Dourados enfrentam dificuldades
04/09/2009
Autor: Marco Antonio Soalheiro
Fonte: Agência Brasil - www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/09/04/materia.2009-09-04.4078470312/view
Dourados (MS) - A falta de espaço para os índios plantarem na reserva de Dourados - são mais de 13 mil índios em 3,5 mil hectares - ganha contornos dramáticos para algumas famílias. Celina Oliveira, 29 anos, mora com três filhos pequenos e o marido em um barraco precário de tijolo e madeirite, de um cômodo. Em um pequeno quintal conseguem plantar apenas banana.
O marido sofreu um acidente de trabalho em uma usina de cana-de-açúcar da região e não tem condições de ajudar no sustento da casa. A família se mantém com os R$ 102 recebidos do programa Bolsa Família e cestas básicas doadas esporadicamente. Enquanto Celina conversava com a equipe da Agência Brasil, um de seus filhos descascava e comia uma banana nitidamente verde.
"Com mais terra eu poderia plantar batata e mandioca para alimentar as crianças. Aqui só tem banana, que nem sempre dá. Quando chove pinga tudo na minha casa, fica ruim. A gente dorme tudo amontoado", lamentou Celina.
Quem não recebe o Bolsa Família ou cestas básicas enfrenta mais dificuldades. Há famílias da aldeia que sobrevivem das aposentadorias recebidas pelos mais idosos ou da renda dos jovens que conseguem emprego, sobretudo, em usinas da região, no corte de cana-de-açúcar. Na cidade, o preconceito ainda é uma barreira para muitos que buscam uma ocupação.
"Na cidade é difícil ver um índio trabalhando. Tem muito índio capaz de trabalhar em posto de gasolina, farmácia, mercado, uns até formados, mas não conseguem uma oportunidade. Os [indígenas] de 35 a 60 anos não conseguem emprego nem nas usinas e não têm como se aposentar", relatou o líder Getúlio Juca de Oliveira, que organiza as assembleias indígenas do local.
Para minimizar a situação de confinamento, os guarani kaiowá da reserva de Dourados reivindicam o reconhecimento da posse de uma extensa faixa de terra entre os municípios de Dourados e Itaporã, onde seria o tekoha [lugar onde os índios realizam o seu modo de ser, na língua guarani], no qual viviam seus antepassados. Os líderes estimam que a comunidade poderia ganhar até 200 mil hectares, mas reconhecem que os fazendeiros precisam ser indenizados para deixar as áreas ocupadas.
"Queremos plantar, mas não tem espaço. Se o governo não tem como devolver nossa terra pelo direito, precisa indenizar aqueles que têm propriedade e já gastaram lá. Tem que ter indenização para o fazendeiro, porque ele não é culpado. Comprou ou ganhou um pedaço de terra que não era dele. Mas não podemos trocar o nosso tekoha por outro lugar", ressaltou Getúlio. "Violência nós não vamos fazer. Não vamos invadir. Queremos respeito e vamos respeitar os outros também", acrescentou.
Ele adiantou que nas próximas assembleias a comunidade da reserva pretende cobrar da Fundação Nacional do Índio (Funai) mais agilidade na distribuição de sementes e implementação de projetos de agricultura, e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) remédios e médicos para atender à demanda das famílias.
O marido sofreu um acidente de trabalho em uma usina de cana-de-açúcar da região e não tem condições de ajudar no sustento da casa. A família se mantém com os R$ 102 recebidos do programa Bolsa Família e cestas básicas doadas esporadicamente. Enquanto Celina conversava com a equipe da Agência Brasil, um de seus filhos descascava e comia uma banana nitidamente verde.
"Com mais terra eu poderia plantar batata e mandioca para alimentar as crianças. Aqui só tem banana, que nem sempre dá. Quando chove pinga tudo na minha casa, fica ruim. A gente dorme tudo amontoado", lamentou Celina.
Quem não recebe o Bolsa Família ou cestas básicas enfrenta mais dificuldades. Há famílias da aldeia que sobrevivem das aposentadorias recebidas pelos mais idosos ou da renda dos jovens que conseguem emprego, sobretudo, em usinas da região, no corte de cana-de-açúcar. Na cidade, o preconceito ainda é uma barreira para muitos que buscam uma ocupação.
"Na cidade é difícil ver um índio trabalhando. Tem muito índio capaz de trabalhar em posto de gasolina, farmácia, mercado, uns até formados, mas não conseguem uma oportunidade. Os [indígenas] de 35 a 60 anos não conseguem emprego nem nas usinas e não têm como se aposentar", relatou o líder Getúlio Juca de Oliveira, que organiza as assembleias indígenas do local.
Para minimizar a situação de confinamento, os guarani kaiowá da reserva de Dourados reivindicam o reconhecimento da posse de uma extensa faixa de terra entre os municípios de Dourados e Itaporã, onde seria o tekoha [lugar onde os índios realizam o seu modo de ser, na língua guarani], no qual viviam seus antepassados. Os líderes estimam que a comunidade poderia ganhar até 200 mil hectares, mas reconhecem que os fazendeiros precisam ser indenizados para deixar as áreas ocupadas.
"Queremos plantar, mas não tem espaço. Se o governo não tem como devolver nossa terra pelo direito, precisa indenizar aqueles que têm propriedade e já gastaram lá. Tem que ter indenização para o fazendeiro, porque ele não é culpado. Comprou ou ganhou um pedaço de terra que não era dele. Mas não podemos trocar o nosso tekoha por outro lugar", ressaltou Getúlio. "Violência nós não vamos fazer. Não vamos invadir. Queremos respeito e vamos respeitar os outros também", acrescentou.
Ele adiantou que nas próximas assembleias a comunidade da reserva pretende cobrar da Fundação Nacional do Índio (Funai) mais agilidade na distribuição de sementes e implementação de projetos de agricultura, e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) remédios e médicos para atender à demanda das famílias.
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