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Indígenas de Amambai reclamam de ameaças de fazendeiros e perseguição da polícia

04/09/2009

Autor: Marco Antonio Soalheiro

Fonte: Agência Brasil - www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/09/04/materia.2009-09-04.9706899402/view



Amambai (MS) - A luta dos índios da etnia Guarani Kaiowá pelo reconhecimento da posse de terras tradicionais no sudoeste de Mato Grosso do Sul coincide com o aumento de casos de suicídio das aldeias, sobretudo, nos últimos 20 anos, e também com o crescimento do número de assassinatos.

Entre as razões para esse quadro, os indígenas apontam ameaças constantes a mando de fazendeiros, preconceito de autoridades e divergências internas decorrentes da escassez de espaço.

"Muitos já morreram, outros sofrem ameaças e são atropelados em rodovias. Sofremos muitos acidentes de trânsito sem o motorista prestar algum socorro. Passa, mata e vai embora por causa dessa demarcação. Para sairmos por aí, temos que nos cuidar", disse Italiano Vásquez, ex-capitão da aldeia de Amambai, ao se referir à reação dos fazendeiros após o início dos estudos antropológicos na região.

O kaiowá Nízio Gomes diz que já sentiu na pele os efeitos de sua persistência em "recuperar" terras que hoje fazem parte de fazendas da região. A família, diz ele, foi expulsa do local em 1975.

"Já me bateram na beira da rodovia quando eu vinha à noite. Tenho medo, mas não paro [a luta pela terra], porque, se eu morrer, misturo com a terra de novo", disse o índio.

Os indígenas também reclamam da conduta de autoridades de Amambai com relação à comunidade tradicional. Muitos índios são presos na região.

"Autoridades também perseguem muito os guarani kaiowá. Polícia Civil e Militar sempre entram [na aldeia] atrás dos patrícios. Por causa até de briga de casal pega aqui e leva algemado, porque tem pressão dos fazendeiros. Muitos homens brancos não gostam da gente. Nos levam presos por pouca coisa", contou Italiano.

Outra preocupação das famílias indígenas é o crescente número de suicídios, principalmente entre os jovens. Estudiosos apontam razões espirituais, somadas a divergências familiares e à falta de perspectiva como fatores que levam ao aumento de casos. A escassez de terra também é uma das causas do problema, segundo os índios.

"Todo mundo fica muito perto um do outro. A família vem crescendo e não tem terra suficiente, não tem condição de achar trabalho e aí alguns pensam que se suicidar vai melhorar. Não é por causa de embriaguez", analisou Italiano.

"Pensamos em trabalhar, daqui uns dias ganhar de volta a nossa terra e em melhorias que virão para superar o problema do suicídio", completou.
 

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