From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Caingangues transformam igreja em salão de carteado

19/03/2003

Autor: MARIELISE FERREIRA

Fonte: Zero Hora-Porto Alegre-RS



Grupo invadiu templo para exigir área de 8 mil hectares


Em uma mesa em frente ao altar onde antes eram celebradas as missas para os moradores, em Getúlio Vargas, no Alto Uruguai, índios caingangues jogam cartas com apostas a dinheiro. A rodada de caixeta vale R$ 1.

O sacrário com gavetas reviradas e uma vela jogada sobre o altar denunciam que a fé dos colonos não é a mesma dos indígenas. No segundo dia de invasão dos caingangues, que reivindicam a demarcação de 8 mil hectares na região, a imagem de Nossa Senhora da Salete sobre o altar é a única a resistir ao que os agricultores classificam como profanação.

As 32 famílias de colonos que moram na localidade começaram a se mobilizar ontem pedindo a reintegração de posse. Cerca de 70 indígenas invadiram a igreja, um salão comunitário e o prédio de uma escola já desativada, às margens da estrada Erechim-Passo Fundo (RS-135), mas os moradores temem que as propriedades comecem a ser invadidas.

A invasão começou na madrugada de segunda-feira. Os índios arrombaram as portas do salão comunitário e da igreja e utilizam o local como alojamento. Fogueiras no pátio servem para preparar a comida, e o pátio em frente ao cemitério foi transformado em campo de futebol. O índio Eurides de Oliveira disse ontem que a invasão começou pelo terreno em que se situa o salão comunitário porque é propriedade da igreja.

- A igreja sempre apóia nossas manifestações - argumenta.

O padre Dirceu Dalla Rosa disse que o caso foi registrado na delegacia de polícia e que os sócios da comunidade ingressarão com ação de reintegração de posse.

A idéia dos caingangues é permanecer no local e esperar que os colonos desocupem suas casas para dar lugar aos índios. Com uma equipe da Fundação Nacional do Índio (Funai), eles percorreram ontem parte do território que dizem ter sido ocupado por seus antepassados no início do século. A antropóloga Maria Helena de Amorim Pinheiro, da Funai, disse que já foi identificado o local em que existiram cemitérios indígenas e antigas construções caingangues e guaranis.
 

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