From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Retrospectiva: Alta tensão entre índios e fazendeiros

31/12/2009

Autor: Edivaldo Bitencourt

Fonte: Campo Grande News - www.campogrande.news.com.br/canais/view/?canal=8&id=277900




Invasões de fazendas, bloqueios de rodovias, confrontos, feridos e mortes. Apesar do saldo, 2009 pode ser apenas o começo da "guerra" pela posse da terra entre índios e produtores rurais em Mato Grosso do Sul. O clima é de confronto em duas regiões importantes para a economia do Estado, a sul e sudoeste.

A situação termina de forma tão delicada, que o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), vem reiterando os alertas de que mais mortes poderão ocorrer em Mato Grosso do Sul. Em nota, a Igreja Católica, por meio dos bispos, emitiu nota, cobrou uma solução e acusou a "milícia do agronegócio" de promover a execução dos índios no Estado.

Mais atuante em defesa dos índios, o Cimi (Conselho Indiginista Missionário) classificou a situação de "guerra silenciosa" contra os índios. Organizações não-governamentais e movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) também promoveram manifestações em defesa dos índios, que chegaram a ganhar a defesa do juiz federal Odilon de Oliveira.

Mas os produtores rurais não estão sozinhos na luta para não perder suas terras. Sindicatos rurais e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) promoveram uma ofensiva judicial contra os trabalhos da Funai (Fundação Nacional do Índio). Na guerra, já conseguiram vitórias, como a suspensão da demarcação na região de Miranda, e da realização de estudos na área de Campo Grande, Jardim e outros municípios.

Confronto- No entanto, revoltados com a demorada das ações na Justiça Federal e com a falta de recursos do Governo federal, os índios decidiram partir para a ofensiva. Os terenas, que reivindicam a ampliação das reservas de 13,7 mil para 88 mil hectares, chegaram a bloquear as duas principais rodovias de acesso à Capital, a BR-262 e a BR-163 em outubro de 2009.

Após liberarem as rodovias, eles iniciaram uma onda de invasões em Miranda, Sidrolândia, Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti. Ainda permanecem na fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian, que será expropriada para ser integrada à Aldeia Cachoeirinha. Já em Sidrolândia, a Justiça determinou a desocupação das áreas.

Mortes - Na região sul, os índios Guarani-Kaiowá decidiram tentar a força invadir as fazendas e foram recebidos a bala. Produtores rurais do Estado contrataram seguranças privados. Apesar da proteção da propriedade ser legal, em alguns casos, os vigilantes possuem ordens para atirar, apesar das entidades e dos fazendeiros negarem tal orientação.

A situação é de guerra armada. Em Paranhos, no final de outubro, índios entraram em confronto com homens armados na Fazenda São Luís. Dois professores, Genivaldo Vera e Rolindo Vera, desapareceram na noite do confronto. Somente o corpo de Genivaldo foi encontrado após a operação de buscas envolver a Polícia Federal, Corpo de Bombeiros e até militares do Exército. O outro professor continua desaparecido.

Os guaranis exigem a criação e ampliação de 39 novas áreas. A Funai chegou a constituir grupos de estudo, que após um ano, começaram a realizar os estudos em novembro deste ano na região de Dourados. Com a identificação das áreas, que poderão somar de 600 mil a 3 milhões de hectares em 26 municípios, o Governo federal poderá dar início às demarcações, acirrando ainda mais a já tumultuada relação entre produtores e índios.


Somente nos últimos três meses deste ano, índios ficaram feridos em confrontos ocorridos em Iguatemi, Paranhos, Dois Irmãos do Buriti e Coronel Sapucaia. Entre os índios, a determinação é morrer lutando pela terra. Entre os produtores, vale tudo para defender a propriedade. Líder dos ruralistas, o deputado Zé Teixeira (DEM) defende o agronegócio. "Quem não defende o que tem, não merece ter", reafirmou o parlamentar em várias ocasiões de 2009.

A situação caminha para o confronto se não houve agilidade nas ações do Judiciário e empenho do Governo federal em mudar a lei, que só permite o pagamento das benfeitorias e não pela terra nua.
 

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