From Indigenous Peoples in Brazil
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News

De carona na onda sustentável

17/08/2010

Fonte: O Globo, Razão Social, p. 14



De carona na onda sustentável
Loja virtual divulga peças artesanais de comunidades brasileiras

Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br

Nascida e criada em Toronto, Canadá, Katarina Ponte, de 40 anos, se apaixonou pelo Brasil quando morou em São Paulo, na década de 1990. Na época, ela veio ao país para trabalhar como consultora jurídica num escritório de advogados.
Hoje, mais de dez anos depois, morando nos Estados Unidos, ela decidiu que iria fazer negócio com cooperativas brasileiras e se aproveitou do "momento sustentável" para lançar uma loja virtual, chamada de Ecostasy, para divulgar e comercializar produtos de pequenos artesãos e comunidades tradicionais brasileiras.

A prática de Katarina é comprar a produção diretamente de quem produz. Mas, diferentemente das fundadoras da Rede Asta, um negócio social, que dividem o valor do lucro (50% para o artesão; 22% para as revendedoras e 28% para a Rede Asta), Katarina compra pelo preço local, que as comunidades cobram, e vende por um preço que ela mesma arbitra. A empreendedora cobra em dólar, e não cobra barato. Uma cesta custa US$ 50. Uma panela de barro pequena sai por US$ 35.

Para lançar o site, Katarina disse que investiu cerca de R$ 200 mil, entre a criação do ambiente virtual e a compra das peças. Para isso, percorreu o país em busca dos produtos.

Encheu um contêiner com um acervo de cerca de 53 fornecedores diferentes e despachou para Nova York, onde mora.

- O retorno não será a curto prazo, sei disso. Ainda estou no início, promovendo a loja. Mas vale, pois as peças são lindas, vendáveis e, quem faz, são artistas que merecem ser reconhecidos. Por isso dou todas as informações sobre os produtos e sobre quem os faz - disse Katarina.

Entre os produtos expostos na rede virtual há, por exemplo, cestas de fibra de urutu do povo Baniwa, do Amazonas. Peneiras de palha de cauaçu feitas por índios Mamirauá, que habitam a região do Médio Solimões. Há também tapete artesanal feito de PET; luminárias de crochê feitas pelo grupo de costureira Coopa-Roca, da Rocinha; brinquedos artesanais de madeira reaproveitada e de pano; além de panelas de barro, entre outras peças.

O lucro em valor intangível para os pequenos artesãos, acredita Katarina, é o fato de se tornarem conhecidos internacionalmente inclusive, já que na página de cada peça há um texto explicando a origem de cada uma e porque são sustentáveis.

- Para os produtores, um espaço como o da Ecostasy é importante para dar acesso ao mercado externo. O mercado nacional é importante, mas a visibilidade para fora é o grande diferencial - apontou David McGrath, representante da Cooperativa Oficinas Caboclas do Tapajós.

A cooperativa de David reúne 50 artesãos, de seis comunidades próximas a Santarém e Belterra, no Pará. Eles produzem móveis e peças ornamentais com madeira de reservas florestais comunitárias. A Ecostasy comprou cerca de 150 peças de madeira, segundo MacGrath, com preços que variaram entre R$ 50 e R$ 150. O valor total da venda foi para a cooperativa e os artesãos, mas ainda não se sabe quanto será cobrado por cada peça.

Certa de que seu negócio vai vingar, Katarina se prepara até para ampliar a abrangência da loja, que comercializará produtos de dez fornecedores portugueses, inclusive de artesãs açoarianas. Mês passado ela esteve viajando pela região e encontrou caminhos de mesa de renda, panos de bandejas, entre outros produtos típicos. Nessas incursões para buscar novos produtos, Katarina faz questão de conversar com quem faz, para tirar o máximo de informação possível.

As histórias que ouve, ela também põe no site. Como a que conta a produção dos paninhos feitos nos Açores com a técnica de "renda de gancho", também chamada de "laço do gancho", eram feitos com um alfinete de cabelo e agulha de costura. A atividade era passada de mãe para filha.

À noite, as meninas sentavamse com sua mãe, avó, tias e criavam os bordados em torno de pequenas lâmpadas iluminadas pelo óleo das baleias capturadas pelos homens da ilha. Hoje, as rendas são produzidas em torno de pino ou anzol com linha especial e agulha de tricô.

Quem navegar no site da Ecostasy e quiser comprar produtos terá que preencher um formulário com os dados. A compra pode ser feita com cartão de crédito e o produto é despachado pelo correio de Nova York, onde fica o depósito.
ECOSTASY www.ecostasy.com

O Globo, 17/08/2010, Razão Social, p. 14
 

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