From Indigenous Peoples in Brazil

News

Décimo produtor mundial de diamantes, o Brasil está fora do mercado internacional desde o início do mês pois o governo f

06/09/2003

Autor: ELVIRA LOBATO

Fonte: Maria Inês Hargreaves



Décimo produtor mundial de diamantes, o Brasil está fora do mercado internacional desde o início do mês pois o governo federal não implantou o sistema de controle da origem da produção no prazo estabelecido em acordo assinado por mais de cem países. A proibição das exportações não repercutiu nos garimpos, onde a extração e o comércio continuam a todo vapor. O governo admite que não tem controle sobre a produção e que cerca de 90% dos diamantes saem ilegalmente do país. As exportações só serão liberadas quando o governo passar a emitir certificados oficiais sobre a origem das pedras produzidas. O objetivo do certificado é impedir que o comércio de diamantes continue a financiar conflitos na África, que responde pela maior parte da produção mundial. A exigência vale para todos os países produtores. O Brasil prometeu, no ano passado, que estaria preparado para emitir os certificados a partir de janeiro, mas nenhuma providência foi tomada na ocasião. O prazo para a adequação ao acordo se esgotou no dia 31 de julho, e só na véspera foi baixada a medida provisória 125, instituindo o "Sistema de Certificação do Processo de Kimberley". No dia 1º de agosto, as exportações foram suspensas porque, sem o certificado, os diamantes ficariam retidos nas alfândegas dos países importadores. Indagado sobre quem foi responsável pelo atraso na tomada de decisão, o secretário-adjunto de Minas e Metalurgia do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, disse que os problemas na área são antigos. "Nem é um problema só do diamante, é muito mais sério. Uma parcela enorme da produção mineral brasileira é informal e o DNPM [Departamento Nacional da Produção Mineral], a quem cabe fiscalizar o uso do subsolo, está totalmente desestruturado. Há 18 anos não se faz concurso para admissão de pessoal e a idade média dos empregados é de 51 anos", afirmou Scliar. De acordo com o DNPM, as exportações continuarão paradas por mais 45 ou 60 dias, que seria o prazo para a regulamentação da medida provisória e outras providências. Segundo Scliar, o governo quer aproveitar a obrigatoriedade de certificação da origem para legalizar a produção e estancar o contrabando. Isso exigirá a legalização ou a eliminação dos garimpos, que respondem por quase 100% da produção. Há dez dias, o governo promoveu, em Juína (MT), a primeira reunião entre garimpeiros e empresas de mineração, tentando um acordo entre as duas partes. Juína concentra a produção de diamante para uso industrial (de menor valor), mas tem pouca importância na produção do diamante para lapidação. O acordo é improvável e pode atrasar o reinício das exportações. Na reunião, o governo arrancou apenas o compromisso de que cada lado encaminhará uma proposta de acordo. Sem solução nos garimpos, a certificação de origem dos diamantes ficará restrita ao que já é comercializado legalmente. O DNPM admite que pelo menos 90% dos diamantes saem do país ilegalmente, embora não haja estatística segura sobre a produção. O cálculo é de que a produção de gemas tenha declinado de 1 milhão de quilates em 2000 para 500 mil no ano passado. As reservas nacionais são calculadas em 15 milhões de quilates. As exportações oficiais alcançaram US$ 32,67 milhões no ano passado, um crescimento de 155% em relação às de 2001, que foram de US$ 12,8 milhões. Bélgica e EUA são os principais destinos do diamante para lapidação comercializado legalmente pelo Brasil, representando, respectivamente, 70% e 17%. Cerca de 96% das exportações são do chamado diamante primário, a pedra bruta. A lapidação, que agrega valor, é feita no exterior. Antuérpia, na Bélgica, é o centro mundial de lapidação.
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source