From Indigenous Peoples in Brazil

News

Em reunião, indígenas cobram seriedade no trabalho da Funai

23/02/2011

Autor: Maíra Heinen

Fonte: Cimi - www.cimi.org.br



Os pataxó reclamam da remarcação de prazos para a solução de impasses no sul da Bahia

Lideranças indígenas do povo Pataxó e entidades do Governo Federal se reuniram nesta terça-feira (22) em Brasília, para tratar das demarcações das Terras Indígenas Barra Velha e Cahy, no sul da Bahia. Mais de 40 pataxó estiveram na audiência, apresentando suas reivindicações e exigindo as soluções para os impasses que ainda existem. Representando o governo, participaram o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira; do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Melo; o diretor de obtenção de terras do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa; o secretário nacional de articulação social da Presidência da República, Paulo Maldos; a antropóloga da Coordenação Geral de Identificação e delimitação (Funai), Leila Sotto-Maior, entre outros. A assessoria jurídica e de comuinicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também estiveram presentes.

Aruã Pataxó iniciou as falas reafirmando a expectativa dos indígenas de voltarem para suas aldeias com respostas positivas. "Vocês nos pediram 90 dias para nos apresentar uma resposta e aqui nós estamos. Queremos demarcação o mais urgente possível, pois somos ameaçados de despejo por liminares, somos ameaçados de morte na região. São mais de 11 anos lutando por nossas terras", afirmou a liderança. Segundo ele, muitas políticas públicas estão paralisadas devido a falta de demarcação das terras onde vivem, como por exemplo a paralisação do programa Luz Para Todos, nas aldeias. "Queremos a garantia de direitos para o nosso povo!", ressaltou.

O impasse que marca a demora na regularização destas terras é devido à sobreposição entre as áreas indígenas e unidades de conservação (Parques Nacionais Monte Pascoal e do Descobrimento). Na última reunião realizada em novembro de 2010, também em Brasília, o mesmo grupo definiu que a solução para o território Barra Velha seria a demarcação na forma de mosaico. Ainda em novembro passado, ficou acordado que seria elaborada uma Nota Técnica visando a manifestação formal do ICMBio e do Incra para que a procuradoria da Funai elaborasse um documento a ser assinado pelos presidentes dos órgãos envolvidos e encaminhado para a Advocacia Geral da União (AGU), para que a situação fosse destravada. O caso estava parado na AGU pelo fato de, anteriormente às reuniões realizadas com os indígenas, não haver acordo entre Funai e ICMBIo quanto à regularização das áreas. Até ontem, o documento não havia sido enviado para a AGU.

Alongando os prazos

O prazo de 90 dias, contados a partir de novembro, não foi suficiente, de acordo com Márcio Meira, devido às datas de fim de ano (Natal e Ano Novo), férias de funcionários, eleições e troca de governo. Mas afirmou também que a situação avançou, apesar das várias ações judiciais em curso, que atrapalham a atuação da Funai.

Novas datas foram colocadas para que o processo caminhe. Até o dia 4 de março, um GT de complementação de estudos para a área Cahy, com um membro do ICMBio, será criado, mas não existe um prazo para que os trabalhos sejam concluídos. Segundo Leila, é necessário ter a liberação orçamentária para que o órgão possa agir neste caso e dar encaminhamento aos estudos. Também definiu-se que, dentro de 15 dias, será criada uma força tarefa de órgãos federais no sul da Bahia para garantir a segurança das famílias indígenas que são ameaçadas.

De acordo com o presidente da Funai, até o final desta semana, a carta declaratória de Barra Velha será enviada para a AGU e assim que sair a apreciação do advogado geral, o processo será encaminhado para o Ministério da Justiça para a demarcação.

Os indígenas, porém, reclamaram das remarcações de prazos. "A gente quer uma decisão urgente, porque vocês sempre ficam protelando e lá na terra a gente está ameaçado. Não queremos conversa bonita, queremos preservar o meio ambiente, mas também precisamos nos sustentar! Queremos que a Funai tome decisões sérias", ressaltou Aruã. Com as datas definidas ao final da reunião, os indígenas solicitaram a ata da audiência por escrito, afim de assegurar que as promessas e datas sejam cumpridas.

Nesta semana, os indígenas ainda terão encontros com representantes do Ministério do Trabalho e Emprego, com o Secretário da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Antônio Alves, e ainda com o vice-presidente Michel Temer. Eles ficam em Brasília até sexta-feira (25).


http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=5320&eid=342
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source