From Indigenous Peoples in Brazil
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Na Bahia, índios proíbem embarcações de navegar em rio e deixam vila isolada
09/04/2011
Fonte: O Globo, O País, p. 4
Na Bahia, índios proíbem embarcações de navegar em rio e deixam vila isolada
Os mais de três mil índios pataxós da aldeia de Barra Velha, na vila de Caraíva, município de Porto Seguro, na Bahia, proibiram todas as embarcações de navegar pelas calmas águas do rio Caraíva, principal meio de acesso à vila, muito procurada por turistas. Com isso, os mais de 800 moradores estão quase isolados: falta água potável, crianças não vão às escolas, pousadas e hotéis estão vazios, canoeiros que vivem exclusivamente do transporte de pessoas pelo rio estão sem a renda. Isso já dura seis dias e não tem previsão de acabar. Por terra, para se chegar à vila, a volta a ser dada é de mais de 40 quilômetros.
Com o protesto, os índios revidaram uma agressão que um deles sofreu de um canoeiro. A agressão ao índio pataxó Jenilton de Brito, de 25 anos, ocorreu na madrugada do último domingo. Foi atacado por um canoeiro, por volta das 3h, com um golpe de remo no rosto. Devido à pancada, foi internado às pressas no Hospital Luiz Eduardo Magalhães, onde passou ontem por uma cirurgia e não corre risco de morrer. O canoeiro está preso desde segunda na Delegacia de Porto Seguro.
Pela agressão, toda a comunidade acabou pagando, e caro. Sobretudo os 26 filiados da Associação dos Canoeiros de Caraíva, cujo presidente, Sidney Bonfim, diz que já deu mais de R$800 para a família do índio.
- Não sei o que eles querem mais - reclamou.
Apenas uma embarcação, a do próprio índio que foi agredido, é que está fazendo a travessia pelo Rio Caraíva. No domingo passado, os índios retiraram todas as outras 73 embarcações do leito do rio e as levaram para terra firme. As canoas foram espalhadas pelas ruas da vila, amontoadas do mesmo modo como os carros apreendidos pela polícia que ficam jogados em pátios de delegacias.
Da agência A Tarde
Dança indígena em torno da canoa em chamas
CARAÍVA (BA). O barco do agressor foi queimado pelos índios ainda no domingo, e em volta das chamas foi dançado o Toré, ritual tradicional dos pataxós. Gritavam que "flecha de índio dá para matar branco", o que deixou Karina Salgado, presidente da Associação de Moradores e Empresários de Caraíva, de cabelos em pé.
- Mas o que é isso, gente?
Como pode toda a comunidade ter de pagar por um canoeiro? - perguntou ela.
Apenas um casal de turistas conseguiu chegar anteontem a Caraíva. São os poucos os que insistem em ir para lá esses dias.
Os demais, segundo canoeiros e donos de pousadas e hoteis, não têm aparecido. A exemplo de dona Cynthia Scalzo, de 64 anos, artista plástica, e de sua mãe, Ophélia, de 92 anos.
- Fiquei assustada com o que vi aqui. Caraíva sempre foi de paz. Morei 18 anos e nunca vi uma briga. Todos aqui são de paz, isso não pode ocorrer - comentou Cynthia.
Os moradores querem a intervenção da Marinha e da Polícia Federal.
O Globo, 09/04/2011, O País, p. 4
Os mais de três mil índios pataxós da aldeia de Barra Velha, na vila de Caraíva, município de Porto Seguro, na Bahia, proibiram todas as embarcações de navegar pelas calmas águas do rio Caraíva, principal meio de acesso à vila, muito procurada por turistas. Com isso, os mais de 800 moradores estão quase isolados: falta água potável, crianças não vão às escolas, pousadas e hotéis estão vazios, canoeiros que vivem exclusivamente do transporte de pessoas pelo rio estão sem a renda. Isso já dura seis dias e não tem previsão de acabar. Por terra, para se chegar à vila, a volta a ser dada é de mais de 40 quilômetros.
Com o protesto, os índios revidaram uma agressão que um deles sofreu de um canoeiro. A agressão ao índio pataxó Jenilton de Brito, de 25 anos, ocorreu na madrugada do último domingo. Foi atacado por um canoeiro, por volta das 3h, com um golpe de remo no rosto. Devido à pancada, foi internado às pressas no Hospital Luiz Eduardo Magalhães, onde passou ontem por uma cirurgia e não corre risco de morrer. O canoeiro está preso desde segunda na Delegacia de Porto Seguro.
Pela agressão, toda a comunidade acabou pagando, e caro. Sobretudo os 26 filiados da Associação dos Canoeiros de Caraíva, cujo presidente, Sidney Bonfim, diz que já deu mais de R$800 para a família do índio.
- Não sei o que eles querem mais - reclamou.
Apenas uma embarcação, a do próprio índio que foi agredido, é que está fazendo a travessia pelo Rio Caraíva. No domingo passado, os índios retiraram todas as outras 73 embarcações do leito do rio e as levaram para terra firme. As canoas foram espalhadas pelas ruas da vila, amontoadas do mesmo modo como os carros apreendidos pela polícia que ficam jogados em pátios de delegacias.
Da agência A Tarde
Dança indígena em torno da canoa em chamas
CARAÍVA (BA). O barco do agressor foi queimado pelos índios ainda no domingo, e em volta das chamas foi dançado o Toré, ritual tradicional dos pataxós. Gritavam que "flecha de índio dá para matar branco", o que deixou Karina Salgado, presidente da Associação de Moradores e Empresários de Caraíva, de cabelos em pé.
- Mas o que é isso, gente?
Como pode toda a comunidade ter de pagar por um canoeiro? - perguntou ela.
Apenas um casal de turistas conseguiu chegar anteontem a Caraíva. São os poucos os que insistem em ir para lá esses dias.
Os demais, segundo canoeiros e donos de pousadas e hoteis, não têm aparecido. A exemplo de dona Cynthia Scalzo, de 64 anos, artista plástica, e de sua mãe, Ophélia, de 92 anos.
- Fiquei assustada com o que vi aqui. Caraíva sempre foi de paz. Morei 18 anos e nunca vi uma briga. Todos aqui são de paz, isso não pode ocorrer - comentou Cynthia.
Os moradores querem a intervenção da Marinha e da Polícia Federal.
O Globo, 09/04/2011, O País, p. 4
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