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Ong francesa quer fazer intercâmbio com indígenas da região amazônica

13/06/2011

Autor: Fabíola Pascarelli

Fonte: D24 AM - http://www.d24am.com/



A assistente social Vanessa Chambon e o antropólogo Juan Drives passaram o mês de maio visitando comunidades indígenas em Manaus e em São Gabriel da Cachoeira.

Manaus - A intenção de divulgar a cultura indígena da Amazônia para a população européia e promover o desenvolvimento econômico dessas comunidades, preservando o meio ambiente fez com que dois membros da Organização Não-Governamental (Ong) francesa Kuzca, viessem ao Amazonas para conhecer um pouco da realidade dos índios que vivem nessa região.

A assistente social Vanessa Chambon e o antropólogo Juan Drives passaram o mês de maio visitando comunidades indígenas em Manaus e em São Gabriel da Cachoeira para levantar informações a fim de desenvolver projetos específicos para essas populações.

Peruano radicado na França, o presidente e fundador da Kuzca, Juan Drives, contou que a ideia surgiu em 2009, quando ele participou do Fórum Social Mundial, em Belém, no Pará, e teve contato com líderes indígenas. Nessa época, a organização criou a Cooperativa de Artesãos Produtores da Amazônia e dos Andes (Capa), com financiamento do Fundo Social Europeu, que está em fase de experiência, para comprar artesanato produzido pelos indígenas a preço justo e revender na França por meio da rede da economia social e solidária.

"Hoje em dia, já existe no Amazonas e principalmente no Pará existe um grupo de economia social e solidária que está se organizando. O que eu descobri é que a cooperativa podia ser internacional. Ficou muito interessante pensar que os produtores daqui podem ter uma voz, com líderes que podem comandar e fazer parte da diretoria", explicou Juan Drives.

O projeto para a compra de artesanato já é desenvolvido com comunidades peruanas e o objetivo da Ong é estender o trabalho para as comunidades do Amazonas. Para este ano, está programa a primeira encomenda da comunidade Tikuna em Manaus e, em 2011, serão feitas três encomendas que serão levadas por meio de navios para a cidade de Marselha, na França.

"É um trabalho de valorizar a atividade do produtor, fazendo um grande trabalho de conscientização, porque quando nós vendemos, nós falamos de onde vêm os produtos, quem são os produtores, como é feito, quais são as matérias-primas, de onde elas vêm. Faz parte da venda essa divulgação cultural e o princípio de respeitar a natureza", explicou Vanessa Chambon.

Vanessa Chambon afirmou que a organização está contando com o apoio da Coordenação da Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). "Nós queremos pagar um preço justo, ajudando também na questão sócio-ambiental", ressaltou. Ela explicou que todo o material é vendido pela rede de economia social e solidária em Marselha e, toda a arrecadação é revertida em projetos sociais e culturais revertidos para as próprias comunidades.

Dois anos antes, a organização já desenvolvia um projeto denominado 'Colares de Sementes', que leva consciência ecológica a crianças de 5 a 7 anos em escolas e centros sociais com oficinas de arte e exposição audiovisual sobre as comunidades indígenas da Amazônia.

O líder comunitário André Saterê, da comunidade Saterê-Maué que fica no Conjunto Santos Dumont, zona norte, disse que acha importante o trabalho e pretende cooperar com a organização. "A nossa luta é resgatar as tradições e nunca perder esse foco. Esse trabalho, além de divulgar a nossa cultura, vai ajudar também a manter economicamente as comunidades", afirmou.

Segundo André Saterê, na zona urbana de Manaus, existem pelo menos cinco comunidades indígenas, entre elas duas Saterê-Maué e a Tikuna, no bairro Cidade de Deus, zona leste, que foram visitadas pelos membros da Kuzca. "Hoje, essas comunidades têm dificuldade de vender toda a produção de artesanato porque ainda faltam espaços. Então, essa vai ser uma oportunidade importante", disse.

Vanessa Chambon ressaltou que esse é um projeto de desenvolvimento e que eles irão fazer um balanço da parceria dentro de seis meses para ver o que pode ser melhorado. "Nós não queremos fazer as coisas muito rápido. Vamos tomar o tempo necessário para ver como o projeto vai se desenvolver e de que forma a comunidade quer participar conosco", completou.

Os membros da Ong pretendem, ainda, levar representantes indígenas do Amazonas para um intercâmbio cultural no próximo ano no Festival Kuzca: Encontro das culturas nativas e alternativas, que promove manifestações artísticas e culturais.

Sobre a Ong

A Ong Kuzca, palavra que significa 'juntos' na língua indígena quéchua, é uma organização não governamental fundada em Marselha, na França que tem como objetivo promove os valores humanistas e ecológicos através da sua participação em projetos de Economia Social e Solidária, no desenvolvimento ecológico e no intercâmbio cultural equilibrado com as comunidades nativas da Amazônia.

Desde 2007, Kuzca rege um projeto intitulado "Colares de Sementes". O projeto tem como base a conscientização ecológica e o comércio justo para as crianças de 5 a 7 anos. O projeto também tem como fim conectar as escolas e centros sociais, crianças e pais em 2 torno de uma exposição de áudio visual, contos nativo sulamericanos e oficinas de arte com ênfase na produção de colares feitos com sementes da Amazônia.

Um evento trimestral solidário é organizado pela Kuzca, destinado a apresentar projeções tratando das atualidades indígenas, oferecendo uma imersão na cultura da Amazônia, através de artesanatos, pratos tradicionais e apresentações.

Em setembro do ano passado, a Ong realizou a primeira edição do Festival Kuzca: Encontro das culturas nativas e alternativas, considerado um evento de solidariedade multiétnica que teve como principal objetivo promover a cultura nativa de várias partes do mundo através de oficinas culturais e espetáculos.

Atualmente, a organização é formada por Paul Guigou, Fabien Faure, Vanessa Chambon e os três presidentes Juan Drives (fundador e coordenador do projeto), Alexandre Marini e Adele Piot.

Mais informações sobre o trabalho desenvolvido pela Ong podem ser obtidas por meio do site www.kuzca.org, que é em francês.


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