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População indígena cresce 205% desde 1991; etnias chegam a 305

11/08/2012

Fonte: O Globo, País, p. 9



Documentos anexos


População indígena cresce 205% desde 1991; etnias chegam a 305
Índios já somam 896 mil no Brasil, diz o Censo; tikunas são maior grupo

Sergio Ramalho
sergio.ramalho@oglobo.com.br

Eles andavam por nossas terras muito antes de as naus portuguesas aportarem no litoral. Apesar do tempo, pouco se conhecia sobre as populações indígenas brasileiras até o Censo 2010. A pesquisa inédita do IBGE constatou que, há dois anos, 896,9 mil índios viviam no país divididos em 305 etnias, que falavam 274 línguas. O resultado do estudo, divulgado ontem, supera a literatura antropológica, que estimava em 220 o número de etnias e em 180 tipos as línguas indígenas.
A população indígena no país cresceu 205% desde 1991, quando foram contabilizados 294 mil índios. No recenseamento de 2000, o número chegou a 734 mil. Nos dois casos, os pesquisadores usaram como base de identificação os indígenas declarados no quesito cor e raça. Já no último levantamento, o IBGE somou os classificados por cor e raça (817,9 mil) com as 78,9 mil pessoas que residiam em terras indígenas e se declaravam de outra cor ou raça (principalmente pardos), mas se consideravam indígenas de acordo com tradições, costumes, cultura e antepassados. Dos 896,9 mil índios, 63,8% viviam em área rural, e 36,2%, em área urbana.
Quebra de preconceito explica os números
A presidente da Funai, Marta Maria do Amaral Azevedo, diz que o aumento de 205% não significa explosão na taxa de natalidade indígena:
- Nos últimos 20 anos, constatamos um aumento significativo do número de indígenas que se declaram como tal. O que pode indicar uma quebra de preconceito entre o próprio grupo. É importante ressaltar o enorme desafio de pesquisar e mostrar a sociodiversidade brasileira.
Cientista social e demógrafa, ela atuou por dez anos junto a guaranis e kaiowás. Em sua opinião, o trabalho do IBGE - que ampliou a pesquisa incluindo os quesitos etnia, línguas faladas no domicílio e localização geográfica - tem valor histórico, já que servirá como base para nortear políticas públicas para os indígenas.
Sob a lupa dos pesquisadores do IBGE, o índio continua nu, se comparado ao restante da população. Prova desafio de pesquisar e mostrar a sociodiversidade brasileira.
Cientista social e demógrafa, ela atuou por dez anos junto a guaranis e kaiowás. Em sua opinião, o trabalho do IBGE - que ampliou a pesquisa incluindo os quesitos etnia, línguas faladas no domicílio e localização geográfica - tem valor histórico, já que servirá como base para nortear políticas públicas para os indígenas.
Sob a lupa dos pesquisadores do IBGE, o índio continua nu, se comparado ao restante da população. Prova disso é que 52,9% não tinham qualquer rendimento no período do recenseamento. A proporção era maior nas áreas rurais (65,7%). A categoria sem rendimento englobava 51,9% dos homens indígenas, enquanto entre não indígenas o percentual é 30,7%. A disparidade é maior quando se compara a mulher indígena (53,9%) com a não indígena (43%).
Na área rural, 38,4% das crianças indígenas não tinham certidão de nascimento. Já nas áreas urbanas, as taxas são próximas às da população em geral, acima dos 90%.
A pesquisa identificou 505 terras indígenas, e parceria com a Funai, que auxiliou no aperfeiçoamento da cartografia. São 12,5% do território brasileiro (106,7 milhões de hectares), onde residiam 517,4 mil indígenas (57,7% do universo pesquisado). Apenas seis terras indígenas tinham mais de 10 mil índios. Em 1983, residiam até cem indígenas. A terra com maior população é ianomâmi, no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil pessoas.
Ao investigar pela primeira vez o número de etnias indígenas, o IBGE encontrou 305 etnias, das quais a maior é a tikuna, com 46.045 integrantes ou 6,8% da população indígena. Com relação às 274 línguas faladas, entre indígenas acima de 5 anos, 37,4% falavam uma língua indígena. Já o total de índios que falam português é de 76,9%.

O Globo, 11/08/2012, País, p. 9
 

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