From Indigenous Peoples in Brazil
Notícias
Bispo aponta negociata em reserva
22/04/2004
Autor: GUILHERME BAHIA
Fonte: Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
Grandes empresários do garimpo que atuam dentro da terra indígena Roosevelt, em Rondônia e Mato Grosso, utilizam pistas de pouso da Funai (Fundação Nacional do Índio) para transportar diamantes extraídos ilegalmente da área. A denúncia é do bispo de Ji-Paraná (RO), d. Antônio Possamai, cuja área de atuação inclui parte da reserva dos cinta-larga. Segundo d. Antônio, a Funai sabe disso e não toma providências.
O bispo sustenta que os pelo menos 29 garimpeiros mortos dentro da área dos cinta-larga são pequenos garimpeiros cuja presença na região fere os interesses dos grandes empresários que têm estreitas relações com alguns caciques. A extração de diamantes em terras indígenas é ilegal. Esses caciques é que teriam ordenado a morte dos garimpeiros. Dada a ordem, os cinta-larga dificilmente deixariam de cumpri-la, pois eles quase nada fazem sem o consentimento dos caciques, disse o bispo.
"Não foram os índios pobres que massacraram [os garimpeiros]. Podem, sim, ter sido envolvidos pelos caciques, porque, na cultura indígena, o cacique é sempre respeitado. Se o cacique manda tal coisa, o índio obedece. Agora, quem realmente está na cabeça desse grupo são mentores dos caciques. [Não todos], mas um grande grupo deles que faz as negociatas com os comerciantes do diamante, que tiram grandes vantagens", disse o bispo.
As declarações foram dadas ontem a jornalistas no primeiro dia da 42ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Indaiatuba (SP).
Questionado sobre quem seriam esses empresários, o bispo disse que são residentes na região de Cacoal (RO), de outros países e de outros Estados do Brasil.
Dom Antônio criticou a política do governo Luiz Inácio Lula da Silva para os índios: "Não creio que o governo Lula tenha um projeto para os povos indígenas".
Citou o fato de a Polícia Federal ter retirado, por falta de verbas, homens de dentro da reserva Roosevelt antes do conflito, mesmo sabendo que a situação era grave, segundo o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) confirmou. "Essa questão de falta de verbas não me convence", disse.
"Se realmente a paz social é um bem fundamental, tem que haver verbas para isso. E há. É uma questão de querer acionar."
Bode expiatório
Em resposta às declarações de dom Antônio, a Funai afirmou, em nota divulgada ontem, que a busca de bodes expiatórios não condiz com a profundidade da tragédia e que mais de 4.000 garimpeiros foram retirados da reserva nos últimos cinco anos com o apoio da Polícia Federal.
O bispo sustenta que os pelo menos 29 garimpeiros mortos dentro da área dos cinta-larga são pequenos garimpeiros cuja presença na região fere os interesses dos grandes empresários que têm estreitas relações com alguns caciques. A extração de diamantes em terras indígenas é ilegal. Esses caciques é que teriam ordenado a morte dos garimpeiros. Dada a ordem, os cinta-larga dificilmente deixariam de cumpri-la, pois eles quase nada fazem sem o consentimento dos caciques, disse o bispo.
"Não foram os índios pobres que massacraram [os garimpeiros]. Podem, sim, ter sido envolvidos pelos caciques, porque, na cultura indígena, o cacique é sempre respeitado. Se o cacique manda tal coisa, o índio obedece. Agora, quem realmente está na cabeça desse grupo são mentores dos caciques. [Não todos], mas um grande grupo deles que faz as negociatas com os comerciantes do diamante, que tiram grandes vantagens", disse o bispo.
As declarações foram dadas ontem a jornalistas no primeiro dia da 42ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Indaiatuba (SP).
Questionado sobre quem seriam esses empresários, o bispo disse que são residentes na região de Cacoal (RO), de outros países e de outros Estados do Brasil.
Dom Antônio criticou a política do governo Luiz Inácio Lula da Silva para os índios: "Não creio que o governo Lula tenha um projeto para os povos indígenas".
Citou o fato de a Polícia Federal ter retirado, por falta de verbas, homens de dentro da reserva Roosevelt antes do conflito, mesmo sabendo que a situação era grave, segundo o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) confirmou. "Essa questão de falta de verbas não me convence", disse.
"Se realmente a paz social é um bem fundamental, tem que haver verbas para isso. E há. É uma questão de querer acionar."
Bode expiatório
Em resposta às declarações de dom Antônio, a Funai afirmou, em nota divulgada ontem, que a busca de bodes expiatórios não condiz com a profundidade da tragédia e que mais de 4.000 garimpeiros foram retirados da reserva nos últimos cinco anos com o apoio da Polícia Federal.
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