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Doenças matam Xavantes acampados há quase um ano ao longo da BR-158 em Mato Grosso
09/08/2004
Fonte: Viaecológica-Brasília-DF
Xavantes acampados ao longo de rodovias no Mato Grosso começam a morrer, em consequência de doenças contraídas do mundo branco. O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Goiânia(GO), Edson Beiriz, alertou hoje (9) sobre o estado de saúde dos cerca de 500 índios xavantes Marãiwatsede acampados há quase um ano na BR 158, em Mato Grosso. Em duas semanas, três crianças morreram e outras 14 foram internadas em hospitais da região. "Cerca de um terço do grupo tem algum tipo de doença. As mais comuns são gripe, tuberculose, pneumonia e desnutrição", revela Beiriz, que está na região desde sexta-feira. "As crianças e os velhos sofrem mais. Todas as crianças - cerca de 120 - estão gripadas." Dois médicos e uma enfermeira da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foram enviados ao acampamento. Mas o excesso de poeira e a falta de água filtrada dificultam o tratamento. Os índios, por sua vez, se recusam a ir para o hospital. "Esse grupo só está em contato com os brancos há 50 anos. Foram os últimos xavantes descobertos. As mulheres e os mais velhos nem falam português", explica o administrador da Funai. "A única solução é retirá-los daqui." Os xavantes Marãiwatsede se recusam a sair da BR 158 até que a Justiça derrube as liminares concedidas a fazendeiros e autorize a entrada na reserva indígena, destinada a eles por decreto assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, a reserva está ocupada por cerca de 400 famílias de posseiros, fazendeiros de soja e madeireiras clandestinas. Irmão do cacique Damião, Jonas Marãiwatsede revelou à Agência Brasil que o grupo pretende entrar na reserva nesta quarta-feira (11). A equipe da Funai que acompanha o caso, no entanto, afirma que ainda não há indícios de conflito real. Mesmo assim, a Fundação pediu pressa na avaliação do caso à 5ª Vara Federal de Cuiabá. O impasse também já foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal e está sob a apreciação da ministra Ellen Gracie. Mudanças forçadas - A terra indígena Marãiwatsede está situada no município de Alto Boa Vista (MT) e conta com 165 mil hectares. Os índios xavantes Marãiwatsede estão, desde a década de 60, fora de sua terra original. Nessa época, o governo de Mato Grosso vendeu a área a um grupo de usineiros do interior de São Paulo e a tribo acabou expulsa. Trasportados em aviões oficiais, os índios foram levados para a reserva xavante São Marcos, em Água Boa (MT). Somente nos primeiros dias após a transferência, morreram de sarampo 64 índios. Brigas entre clãs motivaram novas transferências. Com a demarcação da terra Marãiwatsede em 1998, eles começaram a pensar em voltar para a terra que lhes pertence. A tribo quer ter de novo espaço para seus ritos, caças e plantações. Organizações não governamentais de defesa dos direitos indígenas estão se mobilizando para exigir solução do governo Lula. (Veja também www.cpt.org.br, www.cimi.org.br, www.funai.gov.br, www.radiobras.gov.br, www.coiab.org.br, www.kaninde.org.br).
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