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Funai e PF tentam desbloquear estradas em Marãiwatsede

19/08/2004

Fonte: Site da Funai -Brasília-DF



Os sertanistas da Funai Cláudio Romero e Edson Beiriz embarcam amanhã (20) para a terra Xavante de Marãiwatsede (MT) com a missão de negociar com os posseiros que invadiram a Terra Indígena a liberação do bloqueio das estradas BR - 158 e BR 080, que liga vários municípios da região próxima ao município de Alto da Boa Vista (MT) e São Félix do Araguaia (MT). Eles irão apoiar negociações em andamento feitas por cinco funcionários da Funai, interrompidas ontem à noite (18) com as barreiras feitas pelos fazendeiros.

Com o bloqueio das estradas cessa o trânsito de veículos que levam alimentos para os 480 Xavante, 10 consultores de ONGs que trabalham em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e três servidores da Funasa, que estão retidos dentro da Fazenda Caru, liberada recentemente para os índios por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

O clima de tensão é preocupante, segundo o presidente - substituto da Funai, Roberto Lustosa, que receia um confronto entre fazendeiros e indígenas. A comunidade Xavante que habita terras do Mato Grosso é composta de cerca de 12 mil índios, fora guerreiros de outras etnias da região. "O que esses fazendeiros estão fazendo é crime de desobediência civil", disse Lustosa, referindo-se ao bloqueio das estradas. Muitos dos invasores das terras indígenas colocaram fazendeiros armados nas barreiras para impedir o acesso a municípios vizinhos e o tráfego de veículos da Fazenda Caru para postos de abastecimento próximos de Marãiwatsede.

Com a iminência de um conflito, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal já estão se mobilizando para desarmar os posseiros e desmontar as barreiras. A Funai de Mato Grosso informou hoje (19) que os posseiros cerraram uma ponte e abriram valas para evitar a passagem de automóveis.

Histórico - A Terra Indígena Marãiwatsede, situada no município de Alto Boa Vista (MT), com 165 mil hectares, está demarcada e homologada pela Presidência da República desde 1998. Na década de 60, os Xavante foram expulsos e transportados, em aviões oficiais, com a ajuda de padres Salesianos, para outras áreas Xavante, quando o Governo de Mato Grosso vendeu a área a um grupo de usineiros do interior de São Paulo. Somente nos primeiros dias após a transferência, morreram de sarampo 64 índios.

Há cerca de nove meses os Xavante resolveram voltar para as terras que, agora, "lhes pertencem de fato e de direito, mas mesmo sendo os seus legítimos donos, continuam fora delas, por decisão do Juiz José Pires, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso", explica Edson Beiriz.

Enquanto aguardam uma decisão favorável da Justiça, os Xavante estão acampados às margens da BR-158, rodovia que liga, entre outros municípios, Barra do Garças e São Félix do Araguaia. Estão no limite de suas terras, mas fora delas. "Sem as menores condições de higiene, vivem em barracas de lonas plásticas, bebendo água contaminada por coliformes fecais, aspirando a poeira da estrada", acrescenta Beiriz. Sem pode plantar, caçar ou mesmo coletar frutos silvestres, atividades principais do grupo, os índios vivem de 400 cestas básicas fornecidas pela Funai.
 

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