From Indigenous Peoples in Brazil

News

Custo ambiental e social dobra em usinas do Madeira

06/10/2013

Fonte: FSP, Mercado, p. B8



Custo ambiental e social dobra em usinas do Madeira
Empresas subestimaram gasto com remoção e realocação de famílias e com retirada de animais dos terrenos alagáveis
Em Santo Antonio, número de famílias afetadas pela obra passou de 600 a 1.700

Júlia Borba de Brasília

As empresas responsáveis pela construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO), subestimaram o custo que teriam com a parte social e ambiental dos projetos e terão de desembolsar o dobro do que previam.
As despesas envolvem, por exemplo, a remoção de famílias ribeirinhas das áreas afetadas e a realocação delas em outras regiões, além da retirada de animais das terras que serão inundadas.
O consórcio que arrematou Jirau calculou gasto de R$ 600 milhões com essas obrigações, custo que deve fechar em R$ 1,3 bilhão.
Em Santo Antônio, o valor era R$ 970 milhões. A nova projeção está em R$ 2 bilhões.
As principais causas dessa elevação são a fragilidade dos levantamentos prévios que acompanhavam o edital das obras e a imprecisão das avaliações posteriores, das próprias empresas.
A variação faz parte dos riscos dos consórcios ganhadores. Por isso, não há como repassá-la para o governo.
Além da imprecisão inicial, está na lista de motivos para aumento dos gastos das empresas a alteração significativa de algumas variáveis no período entre a publicação do edital e o início das obras. É o caso, por exemplo, do número de famílias que tiveram de ser retiradas das margens da usina de Santo Antônio.
Inicialmente, estimava-se que havia pouco mais de 600 casas na área afetada pela obra. O número, porém, subiu para 1.700 famílias.
Empresários ouvidos pela Folha sustentam que houve um grande movimento populacional, depois do anúncio da obra, de famílias interessadas em ganhar moradia.
Também entrou na conta a maior quantidade de terrenos que tiveram de ser comprados para servir como área de remanso, ou seja, terrenos considerados sujeitos a cheia ou erosão após as mudanças no curso d'água.
Gastos com o controle da malária também superaram as previsões e chegaram a R$ 14 milhões, em ações de prevenção, tratamento e combate à doença nas áreas urbanas de Porto Velho (RO).
A medida é uma das condicionantes impostas ao consórcio para que ele recebesse a licença de operação da usina de Santo Antônio.
De acordo com o presidente da Santo Antônio Energia, Eduardo de Melo Pinto, o aumento dos custos socioambientais será compensado com outras economias.
No caso de Jirau, o aumento na quantidade de famílias a serem removidas não faz parte das principais causas para o aumento de custos. Pesou mais a construção da infraestrutura para receber os ribeirinhos removidos.
"A gente decidiu fazer uma cidade, que é Nova Mutum. O pessoal recebeu casa, esgoto, lixo tratado, rua asfaltada, escola, creche, posto de saúde. Eles ficaram em condições muito melhores que as previstas", disse Victor Paranhos, diretor-presidente do consórcio Energia Sustentável do Brasil.
A compensação pelos impactos às populações indígenas também não havia sido devidamente considerada. Foi necessário promover programas específicos de preservação, apoio e monitoramento nas terras impactadas, como Igarapé Lage, Igarapé Ribeirão e Uru-Eu-Wau-Wau.

FSP, 06/10/2013, Mercado, p. B8

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/132533-custo-ambiental-e-social-dobra-em-usinas-do-madeira.shtml
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source