From Indigenous Peoples in Brazil
News
Selvagens? Desde pequeno sempre torci pelos índios
13/10/2013
Autor: Ademir Assunção
Fonte: Rede Brasil Atual - http://www.redebrasilatual.com.br
Quando brincava de Forte Apache com um amigo rico (pelo menos para as minhas condições era um amigo rico, filho de médico), eu ficava com os índios. Quando via filmes de bangue-bangue, torcia pelos índios. Gostava dos tacapes, das flechas, dos cocares, das roupas com franjas e, principalmente, da bravura. Os soldados, sempre com fardas impecáveis e botas de cano longo, vinham com rifles. Os índios iam de flechas, lanças e tacapes. Alguns tinham rifles. Mas a maioria tinha armas de índio. E eu ficava intrigado com o olhar firme dos caciques. Dava a impressão de que eles sabiam algo que os generais não sabiam.
Quando tinha uns 11 anos, ouvi no rádio uma leitura da famosa Carta do Cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos. Nunca esqueci. Havia uma sonoplastia que reforçava as palavras do cacique. Lembro do longo mugido do trem num trecho em que ele falava dos tiros que vinham das janelas do cavalo de ferro e abatiam os bisões nas pradarias. O cacique dizia que não podia entender por que os brancos atiravam nos bisões, se não era para comê-los. Por que atiravam nos bisões e os deixavam ali, abatidos, agonizantes?
Lembro nitidamente do trecho em que o cacique Seattle dizia ao presidente dos Estados Unidos da América que não compreendia como o Grande Chefe Branco queria comprar as terras indígenas. Ele dizia que ia pensar na proposta do Grande Chefe Branco, porque não tinha outra alternativa: sabia que, se não as vendesse, os brancos viriam com suas armas e tomariam as terras dos índios - como haviam feito tantas e tantas vezes antes.
Mas ele dizia que não compreendia como poderia vender as terras. Era o mesmo que vender o sol ou a lua ou o vento ou a chuva. As terras eram o lugar onde eles viviam, onde se alimentavam e onde enterravam seus mortos. As terras eram a casa deles, mas não pertenciam a eles. Nem a ninguém. Como poderiam vendê-las?
Hoje eu sei: era isso que os caciques sabiam e os generais não sabiam. É isso que os brancos, ávidos por consumir tudo o que estiver ao alcance, até hoje não sabem.
É isso que os Guarani-Kaiowá, acampados na margem do Rio Hovy, quase na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, estão tentando dizer aos pistoleiros, aos fazendeiros, à senadora Kátia Abreu e até mesmo à Justiça, e parece que ninguém está conseguindo entender. É isso o que eles estão dizendo:
"Quando faltar ar, onde é que vocês vão comprá-lo?".
http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/88/selvagens-5462.html
Quando tinha uns 11 anos, ouvi no rádio uma leitura da famosa Carta do Cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos. Nunca esqueci. Havia uma sonoplastia que reforçava as palavras do cacique. Lembro do longo mugido do trem num trecho em que ele falava dos tiros que vinham das janelas do cavalo de ferro e abatiam os bisões nas pradarias. O cacique dizia que não podia entender por que os brancos atiravam nos bisões, se não era para comê-los. Por que atiravam nos bisões e os deixavam ali, abatidos, agonizantes?
Lembro nitidamente do trecho em que o cacique Seattle dizia ao presidente dos Estados Unidos da América que não compreendia como o Grande Chefe Branco queria comprar as terras indígenas. Ele dizia que ia pensar na proposta do Grande Chefe Branco, porque não tinha outra alternativa: sabia que, se não as vendesse, os brancos viriam com suas armas e tomariam as terras dos índios - como haviam feito tantas e tantas vezes antes.
Mas ele dizia que não compreendia como poderia vender as terras. Era o mesmo que vender o sol ou a lua ou o vento ou a chuva. As terras eram o lugar onde eles viviam, onde se alimentavam e onde enterravam seus mortos. As terras eram a casa deles, mas não pertenciam a eles. Nem a ninguém. Como poderiam vendê-las?
Hoje eu sei: era isso que os caciques sabiam e os generais não sabiam. É isso que os brancos, ávidos por consumir tudo o que estiver ao alcance, até hoje não sabem.
É isso que os Guarani-Kaiowá, acampados na margem do Rio Hovy, quase na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, estão tentando dizer aos pistoleiros, aos fazendeiros, à senadora Kátia Abreu e até mesmo à Justiça, e parece que ninguém está conseguindo entender. É isso o que eles estão dizendo:
"Quando faltar ar, onde é que vocês vão comprá-lo?".
http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/88/selvagens-5462.html
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source