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O Mestre e o Divino será exibido no Recife pela primeira vez

30/10/2013

Autor: Júlio Cavani

Fonte: Diário de Pernambuco - http://www.diariodepernambuco.com.br



Vencedor do prêmio de melhor longa-metragem documentário no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no último mês de setembro, O Mestre e o Divino, de Tiago Campos, é exibido no Recife pela primeira vez nesta quinta (31), no Cinema da Fundação, às 19h, na programação da Mostra do Filme Etnográfico. É uma produção de Pernambuco, viabilizada pelo projeto Vídeo nas Aldeias (sediado em Olinda), mas as filmagens ocorreram no Mato Grosso. É uma obra que vai além de questões antropológicas e provoca reflexões sobre o papel do cinema sobre as relações humanas, entre outros temas.

O filme retrata a convivência entre o índio xavante Divino Tserewahu e o missionário alemão Adalbert Heide, que moram há mais de 30 anos em um vilarejo administrado pela Igreja Católica, onde foram abrigados refugiados de tribos expulsos de suas terras por fazendeiros. A situação do lugar é cheia de contradições sociais históricas e o documentário não tem como desviar delas, mas evita induzir a julgamentos e procura manter o foco na vida e nos pensamentos dos dois personagens.

O alemão é "o Mestre" e o índio é "o Divino", como eles são conhecidos entre os moradores. Ambos são cineastas e costumam retratar o cotidiano ao seu redor. Um tem uma visão de estrangeiro e procura mostrar as coisas da maneira como ele mesmo interpreta a partir dos ensinamentos recebidos em sua formação antropológica-religiosa. Já o nativo tenta ser mais realista e espontâneo ao filmar sua própria comunidade.

O trabalho dos cineastas indígenas, apesar de merecer ser mais conhecido pelos brasileiros, não é mais uma novidade, pois o próprio Vídeo nas Aldeias já estimula esse tipo de produção há mais de 20 anos. A grande revelação feita pelo filme O Mestre e o Divino está no material filmado pelo alemão e em sua própria personalidade excêntrica. Sua sincera simpatia, por exemplo, desfaz tentativas de condenar seu trabalho de catequizador, até porque ele é honesto em suas atribuições de missionário e está preocupado em cumprir suas obrigações da maneira como aprendeu.

Além de filmar e editar seu material, o Mestre também tem o hábito de promover sessões de cinema para os xavantes. Segundo ele, o filme favorito da comunidade é um clássico do faroeste, que termina com uma cena onde um índio morre para salvar a vida de seu amigo caubói. Essa preferência da plateia pode até não ser verdade e os valores educacionais e cinematográficos propostos pelo alemão são questionáveis, mas o que o documentário de Tiago Campos mostra é como os sentimentos de amizade e fraternidade podem ser poderosos mesmo nas situações mais delicadas.


SAIBA MAIS:

- Em Brasília, O Mestre e o Divino também ganhou o prêmio de melhor trilha sonora. Há temas instrumentais originais compostos para o filme pelo músico Johann Brehmer, mas o que chama mais atenção são os inusitados fundos musicais selecionados por Adalbert Heide para ilustrar as imagens que filma. Uma das maiores surpresas, por exemplo, é a revelação de que o alemão é fã de reggae.

- No festival, o documentário recebeu ainda o troféu candango de melhor montagem, realizada por Amandine Goisbault. O maior valor do filme está no conteúdo humano captado, mas a edição de imagens (carregada de ironia, sensibilidade e gestos de apropriação) também é essencial ao intercalar as cenas filmadas pelo Divino, pelo Mestre e pela equipe de Campos, além de trechos de programas de TV como o Xou da Xuxa.



http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2013/10/30/internas_viver,471115/em-o-mestre-e-o-divino-em-sera-exibido-no-recife-pela-primeira-vez.shtml
 

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