From Indigenous Peoples in Brazil
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Fazendeiros invadem Funai e bloqueiam saída de funcionários e indígenas
19/11/2013
Autor: Ruy Sposati
Fonte: Cimi - http://www.cimi.org.br
Um grupo de 150 pessoas invadiu a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e bloqueou a saída de funcionários e indígenas na manhã desta terça-feira, 19, em Campo Grande (MS). Em nome de proprietários de fazendas que incidem sobre territórios indígenas, os manifestantes se posicionaram "contra" o órgão indigenista e contra a "invasão" de terras no estado do Mato Grosso do Sul. Algumas pessoas vestiam camisetas da Federação da Agricultura e Pecuária do MS (Famasul). Um Terena foi agredido durante a manifestação.
Entre os participantes, os indígenas identificaram a presença dos fazendeiros Ricardo Bacha, ex-deputado e proprietário da fazenda onde Oziel Terena foi assassinado pela Polícia Federal, e Chico Maia, presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul (Acrissul). Pio Silva, dono de fazendas que incidem sobre a terra indígena Nhanderu Marangatu, também foi reconhecido pelos indígenas.
"Os outros eram funcionários de fazenda, capatazes, arrendatários", explica Dionedison Terena, que estava no local e filmou a invasão. "Agrediram a gente, queriam tomar nossos equipamentos de filmagem", ele relata. "Foi muito tenso e estranho. A maioria nem sabia direito o que significavam as faixas que estavam segurando".
Agressão
O protesto começou com o fechamento da rua Maracaju, no centro de Campo Grande, local da sede da Funai. Em seguida, os manifestantes invadiram a sede do órgão. "Uma mulher gritou: 'vocês [Funai e indígenas] invadem as nossas terras, por que não podemos invadir a Funai também?', e começou o empurra-empurra. Eles forçaram a entrada, me empurraram com força. Fiquei com um machucado na barriga", expõe.
"Eles gritavam e ameaçam os servidores da Funai e a gente, principalmente quem estava com câmera", conta o indígena, que quase teve seu equipamento tomado pelos manifestantes. "Depois me ameaçaram de novo, quando eu estava dando uma entrevista para o SBT. Eu falava com o repórter, um homem ficou nervoso, me chamou de mentiroso e veio pra me acertar com uma garrafa. Os funcionários da Funai seguraram ele e o repórter teve que interromper a entrevista", explica.
Durante a invasão, trabalhadores da Funai e indígenas presentes não podiam sair da sede do órgão indigenista. "Eu não me atreveria a sair de lá", conta um funcionário da Funai. Cerca de seis homens da Polícia Militar e um delegado da Polícia Federal estiveram no local, mas, segundo o relato, não se envolveram no conflito. Por volta de meio, os manifestantes deixaram o local.
"Nova Suiá Missu"
Diversas faixas do protesto comparavam o contexto fundiário do estado com o da fazenda Suiá Missu, que incidiam sobre o território dos Xavante de Maraiwatséde. Questionados por jornalistas, os manifestantes que empunhavam faixas como "Não queremos em MS uma nova Suiá Missu" não sabiam explicar o significado da frase.
No início do mês, o vice-presidente da Acrissul, Jonatan Pereira Barbosa, anunciou publicamente durante uma audiência com senadores: "se no dia 30 de novembro nada for feito para dar segurança e paz à região, haverá derramamento de sangue". Na sequência, fazendeiros declararam que realizarão o "Leilão da Resistência", evento onde serão vendidos animais e cujos recursos serão destinados a ações de combate às ocupações de terras por indígenas no estado.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7262
Entre os participantes, os indígenas identificaram a presença dos fazendeiros Ricardo Bacha, ex-deputado e proprietário da fazenda onde Oziel Terena foi assassinado pela Polícia Federal, e Chico Maia, presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul (Acrissul). Pio Silva, dono de fazendas que incidem sobre a terra indígena Nhanderu Marangatu, também foi reconhecido pelos indígenas.
"Os outros eram funcionários de fazenda, capatazes, arrendatários", explica Dionedison Terena, que estava no local e filmou a invasão. "Agrediram a gente, queriam tomar nossos equipamentos de filmagem", ele relata. "Foi muito tenso e estranho. A maioria nem sabia direito o que significavam as faixas que estavam segurando".
Agressão
O protesto começou com o fechamento da rua Maracaju, no centro de Campo Grande, local da sede da Funai. Em seguida, os manifestantes invadiram a sede do órgão. "Uma mulher gritou: 'vocês [Funai e indígenas] invadem as nossas terras, por que não podemos invadir a Funai também?', e começou o empurra-empurra. Eles forçaram a entrada, me empurraram com força. Fiquei com um machucado na barriga", expõe.
"Eles gritavam e ameaçam os servidores da Funai e a gente, principalmente quem estava com câmera", conta o indígena, que quase teve seu equipamento tomado pelos manifestantes. "Depois me ameaçaram de novo, quando eu estava dando uma entrevista para o SBT. Eu falava com o repórter, um homem ficou nervoso, me chamou de mentiroso e veio pra me acertar com uma garrafa. Os funcionários da Funai seguraram ele e o repórter teve que interromper a entrevista", explica.
Durante a invasão, trabalhadores da Funai e indígenas presentes não podiam sair da sede do órgão indigenista. "Eu não me atreveria a sair de lá", conta um funcionário da Funai. Cerca de seis homens da Polícia Militar e um delegado da Polícia Federal estiveram no local, mas, segundo o relato, não se envolveram no conflito. Por volta de meio, os manifestantes deixaram o local.
"Nova Suiá Missu"
Diversas faixas do protesto comparavam o contexto fundiário do estado com o da fazenda Suiá Missu, que incidiam sobre o território dos Xavante de Maraiwatséde. Questionados por jornalistas, os manifestantes que empunhavam faixas como "Não queremos em MS uma nova Suiá Missu" não sabiam explicar o significado da frase.
No início do mês, o vice-presidente da Acrissul, Jonatan Pereira Barbosa, anunciou publicamente durante uma audiência com senadores: "se no dia 30 de novembro nada for feito para dar segurança e paz à região, haverá derramamento de sangue". Na sequência, fazendeiros declararam que realizarão o "Leilão da Resistência", evento onde serão vendidos animais e cujos recursos serão destinados a ações de combate às ocupações de terras por indígenas no estado.
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