From Indigenous Peoples in Brazil
News
Minha oca, minha vida
12/07/2014
Fonte: O Globo, Rio, p. 16
Minha oca, minha vida
Rodrigo Bertolucci
O pequeno Juatyhi, de 7 anos, da etnia pataxó, não conseguiu esconder a alegria ao entrar, pela primeira vez, num dos apartamentos de 47 metros quadrados do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, no Estácio. Ele e seus pais, Suyana e Joatã, da Aldeia Mãe Barra Velha, de Porto Seguro, na Bahia, se mudaram, nesta sexta-feira, para o conjunto habitacional de 50 blocos com cinco andares cada, inaugurado semana passada. Com o rosto pintado com tinta de sementes de urucum e jenipapo, o menino, eufórico, perguntou: "Aqui também alaga?", numa referência às condições precárias no antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, onde vivia.
A família de Juatyhi, assim como outras 21, todas da Aldeia Maracanã, foram contempladas pelo programa. Nesta sexta-feira, oito delas se instalaram no novo endereço. Alguns indígenas não puderam se mudar, porque existem apartamentos ainda sem luz, água e gás.
Para Zahy, de 25 anos, da etnia guajajara, conseguir a casa própria foi uma vitória. Desde 2009 no Rio, ela deixou sua aldeia no Maranhão com o sonho da "cidade grande".
- É uma conquista. O novo recomeço. Passamos muitas dificuldades, como enchentes. Fomos roubados e vivíamos em situação precária - diz a jovem, que residia em um contêiner na Colônia Curupaiti, em Jacarepaguá, após ser retirada, assim como as outras famílias, do entorno do Maracanã para as obras de ampliação do estádio para a Copa.
CONECTADOS AO SÉCULO XXI
Nos conjuntos habitacionais Zé Keti e Ismael Silva, o bloco 15, com 20 apartamentos, é destinado apenas aos índios. Apesar da mudança para um prédio, os índios garantem que vão preservar as suas tradições.
- Só não tem como a gente caçar e fazer nossa fogueira. Mas não vou deixar de preparar meu peixe assado na folha de bananeira. A diferença é que vou dourar meu alimento no forno - diz a índia Patxia, da etnia Pataxó, exibindo com orgulho o lugar onde colocará o seu fogão.
Patxia fica tão empolgada que solta uma frase, na língua Pataxó: "hotxomã tohotê, nitxi, apone (estamos todos felizes)".
À frente do grupo, o cacique Carlos Tukano, o Doethyro, da etnia tukano, garante que, para eles, morar em um apartamento será um desafio. Segundo o cacique Tukano, o índio hoje, assim como todo ser humano, precisa estar conectado às novas tecnologias.
- Conseguimos, assim como a restauração do Museu do Índio, um local para morar. São essas algumas de nossas conquistas. Nos dias de hoje, o índio é capaz de se integrar à sociedade urbana - diz o cacique, adiantando que o bloco 15 terá um nome indígena, assim que todas as famílias se mudarem.
Entre as etnias estão: pataxó, tukano, guajajara, kaygang, tupi-mamba, apurinã, seterê-mawê, karajá, puri, pankararu e fulni-ô.
O Globo, 12/07/2014, Rio, p. 16
http://extra.globo.com/noticias/rio/minha-oca-minha-vida-13232009.html
Rodrigo Bertolucci
O pequeno Juatyhi, de 7 anos, da etnia pataxó, não conseguiu esconder a alegria ao entrar, pela primeira vez, num dos apartamentos de 47 metros quadrados do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, no Estácio. Ele e seus pais, Suyana e Joatã, da Aldeia Mãe Barra Velha, de Porto Seguro, na Bahia, se mudaram, nesta sexta-feira, para o conjunto habitacional de 50 blocos com cinco andares cada, inaugurado semana passada. Com o rosto pintado com tinta de sementes de urucum e jenipapo, o menino, eufórico, perguntou: "Aqui também alaga?", numa referência às condições precárias no antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, onde vivia.
A família de Juatyhi, assim como outras 21, todas da Aldeia Maracanã, foram contempladas pelo programa. Nesta sexta-feira, oito delas se instalaram no novo endereço. Alguns indígenas não puderam se mudar, porque existem apartamentos ainda sem luz, água e gás.
Para Zahy, de 25 anos, da etnia guajajara, conseguir a casa própria foi uma vitória. Desde 2009 no Rio, ela deixou sua aldeia no Maranhão com o sonho da "cidade grande".
- É uma conquista. O novo recomeço. Passamos muitas dificuldades, como enchentes. Fomos roubados e vivíamos em situação precária - diz a jovem, que residia em um contêiner na Colônia Curupaiti, em Jacarepaguá, após ser retirada, assim como as outras famílias, do entorno do Maracanã para as obras de ampliação do estádio para a Copa.
CONECTADOS AO SÉCULO XXI
Nos conjuntos habitacionais Zé Keti e Ismael Silva, o bloco 15, com 20 apartamentos, é destinado apenas aos índios. Apesar da mudança para um prédio, os índios garantem que vão preservar as suas tradições.
- Só não tem como a gente caçar e fazer nossa fogueira. Mas não vou deixar de preparar meu peixe assado na folha de bananeira. A diferença é que vou dourar meu alimento no forno - diz a índia Patxia, da etnia Pataxó, exibindo com orgulho o lugar onde colocará o seu fogão.
Patxia fica tão empolgada que solta uma frase, na língua Pataxó: "hotxomã tohotê, nitxi, apone (estamos todos felizes)".
À frente do grupo, o cacique Carlos Tukano, o Doethyro, da etnia tukano, garante que, para eles, morar em um apartamento será um desafio. Segundo o cacique Tukano, o índio hoje, assim como todo ser humano, precisa estar conectado às novas tecnologias.
- Conseguimos, assim como a restauração do Museu do Índio, um local para morar. São essas algumas de nossas conquistas. Nos dias de hoje, o índio é capaz de se integrar à sociedade urbana - diz o cacique, adiantando que o bloco 15 terá um nome indígena, assim que todas as famílias se mudarem.
Entre as etnias estão: pataxó, tukano, guajajara, kaygang, tupi-mamba, apurinã, seterê-mawê, karajá, puri, pankararu e fulni-ô.
O Globo, 12/07/2014, Rio, p. 16
http://extra.globo.com/noticias/rio/minha-oca-minha-vida-13232009.html
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