From Indigenous Peoples in Brazil
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Xukuru-Kariri: em busca da Terra Prometida e do Bem Viver ameríndio
13/10/2014
Fonte: Cimi- http://www.cimi.org.br
Nos dias 09, 10 e 11 de outubro realizamos a VI Assembleia do Povo Xukuru-Kariri na aldeia Fazenda Canto, tendo como tema A Memória garante a Existência do Povo na Luta Pela Terra Prometida e o Bem-Viver.
Três dias antes do inicio da assembleia fizemos uma preparação espiritual na qual dedicamos nossas orações a padroeira negra de nosso povo, Nossa Senhora Aparecida, em seguida a imagem da Santa foi levada da Aldeia Fazenda Canto para a Aldeia Mata da Cafurna, onde permaneceu até o dia 9. Nesse dia, realizamos uma caminhada carregando uma cruz de jaqueira e a imagem de Nossa Senhora. Esses símbolos católicos revelam o processo histórico pelo qual passou o nosso povo, durante o mesmo se desenvolveu um diálogo interreligioso e intercultural entre a religião Xukuru-Kariri e a religião católica.
Partindo de uma reflexão bíblica sobre a história do Povo de Deus em busca da terra prometida e fazendo uma comparação com a luta do povo Xukuru-Kariri pela demarcação do seu território tradicional, podemos perceber como a força de Deus está presente em nossas vidas e nos impulsiona a continuar nessa luta longa e arriscada, pela qual já tombaram muitos guerreiros e guerreiras que hoje fazem parte da memória de nossa história de lutas e conquistas importantes em nossas vidas.
Com o objetivo de entender melhor a realidade política e social de nosso país a fim de definirmos as prioridades de nosso povo para as atividades do próximo ano, dedicamos parte da assembleia a um estudo sobre a conjuntura política nacional, considerando sobre tudo os resultados do processo eleitoral do primeiro turno e os cenários possíveis para o segundo turno da eleição presidencial. Como conclusão dessas reflexões entendemos que a atual conjuntura política brasileira é bastante desfavorável às lutas históricas dos povos indígenas, quilombolas, trabalhadores sem terra, camponeses, operários e todos os pobres do país. Identificando os parlamentares eleitos para o congresso nacional na nova legislatura (2015-2018), percebemos um avanço da bancada ruralista composta por latifundiários, empresários rurais e outros que tem como objetivo principal desconstruir os direitos dos povos indígenas, das populações tradicionais e do direito ambiental, dentre outros.
No poder judiciário também nos preocupam as ultimas decisões do Supremo Tribunal Federal que não reconhecem o direito originário dos povos indígenas no julgamento de duas ações que tem como objeto a disputa pela terra indígena do povo Guarani no estado do Mato Grosso do Sul por fazendeiros invasores. Também nas políticas públicas na área de saúde e educação constatamos uma forte tendência por parte dos governos federal e estadual em promover uma terceirização dos serviços, tornando ainda mais precária a assistência que hoje vem sendo feita pela união e os Estados. Um exemplo concreto na saúde é a proposta de criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena (INSI), uma empresa para-estatal que em última instância significa a privatização da saúde indígena. Está proposta já foi rejeitada pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena de Alagoas e Sergipe e o povo Xukuru-Kariri.
Apesar dessas dificuldades, nos relatos dos grupos, foram destacadas as vitórias mais recentes como a reforma e ampliação da Escola Estadual Pajé Miguel Selestino da Silva, e a Escola Estadual Mata da Cafurna, os três anos de resistência na retomada da Fazenda Salgado, a organização da aldeia Mãe Jovina dos parentes Xukuru-Kariri do município de Taquarana, a libertação de nosso parente Carlinhos que foi injustamente preso em consequência do seu compromisso com a LUTA PELA TERRA.
Para definir as nossas prioridades foi realizado um trabalho em que a assembleia se dividiu em cinco grupos: anciãos, jovens, povo Xukuru-Kariri de Taquarana, adultos e aliados. Após as discussões foram assumidas consensualmente as seguintes prioridades:
·Dar continuidade ao Levantamento fundiário, homologação e desintrusão da terra do Território Tradicional Indígena Xukuru-Kariri;
·Continuar nos reunindo e nos organizando com as lideranças de todas as comunidades de Xukuru-Kariri, em torno da luta pela Saúde, Educação, Demarcação da Terra, etc, fortalecendo a nossa união;
·Intensificar aprodução de alimento saudáveis, livres de agrotóxicos;
·Orientar a juventude a valorizar mais a espiritualidade do povo;
·Fortalecera aliança com os demais povos e população tradicionais;
·Fortalecer a nossa aliança com nossos amigos e aliados.
Durante esses dias contamos com a presença de parentes dos Povos Jeripankó e Wassu Kokal - AL, Xukuru de ororubá e Kambiwá - PE, bem como, apoiadores de nossa causa como os professores universitários da UFAL, CESMAC, FACESTA e representantes dos aliados: Conselho Indigenista Missionário - CIMI, Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco - COPIPE, Rede de Educação Cidadã - RECID, Movimento das Comunidades Populares - MCP, União da Juventude Popular - UJP, Jornal Voz das Comunidades - JVC, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Movimento Sem Terra - MST, Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, Articulação do Semi-Árido - ASA, Associação de Agricultores Alternativos - AGRAA, Comissão Pastoral da Terra - CPT, Coletivo Macambira, Pastoral da Juventude do Meio Popular - PJMP e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadores do Campo - MTC.
No último dia, participamos de uma celebração em memória dos lutadores e lutadoras do nosso povo quando reverenciamos as pessoas do Cacique Alfredo Selestino, Pajé Miguel Selestino, Cacique Luzanel Ricardo, Quitéria Selestino, Maninha Xukuru-Kariri, GecivaldoXukuru-Kariri, dentre outros. Também foi lembrado Monsenhor Alfredo Damâso, padre que desempenhou um papel importante para o reconhecimento dos Povos Indígenas de Alagoas e Pernambuco.
Foi nesse clima de celebração da memória e da esperança num futuro melhor que concluímos a nossa VI Assembleia, reafirmando o nosso compromisso com a luta de nosso povo e de todos os povos indígenas do país, tendo como objetivo maior a construção de um projeto de Bem Viver para toda a humanidade.
Palmeira dos Índios, AL. 11 de outubro de 2014.
Povo Xukuru-Kariri
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7768
Três dias antes do inicio da assembleia fizemos uma preparação espiritual na qual dedicamos nossas orações a padroeira negra de nosso povo, Nossa Senhora Aparecida, em seguida a imagem da Santa foi levada da Aldeia Fazenda Canto para a Aldeia Mata da Cafurna, onde permaneceu até o dia 9. Nesse dia, realizamos uma caminhada carregando uma cruz de jaqueira e a imagem de Nossa Senhora. Esses símbolos católicos revelam o processo histórico pelo qual passou o nosso povo, durante o mesmo se desenvolveu um diálogo interreligioso e intercultural entre a religião Xukuru-Kariri e a religião católica.
Partindo de uma reflexão bíblica sobre a história do Povo de Deus em busca da terra prometida e fazendo uma comparação com a luta do povo Xukuru-Kariri pela demarcação do seu território tradicional, podemos perceber como a força de Deus está presente em nossas vidas e nos impulsiona a continuar nessa luta longa e arriscada, pela qual já tombaram muitos guerreiros e guerreiras que hoje fazem parte da memória de nossa história de lutas e conquistas importantes em nossas vidas.
Com o objetivo de entender melhor a realidade política e social de nosso país a fim de definirmos as prioridades de nosso povo para as atividades do próximo ano, dedicamos parte da assembleia a um estudo sobre a conjuntura política nacional, considerando sobre tudo os resultados do processo eleitoral do primeiro turno e os cenários possíveis para o segundo turno da eleição presidencial. Como conclusão dessas reflexões entendemos que a atual conjuntura política brasileira é bastante desfavorável às lutas históricas dos povos indígenas, quilombolas, trabalhadores sem terra, camponeses, operários e todos os pobres do país. Identificando os parlamentares eleitos para o congresso nacional na nova legislatura (2015-2018), percebemos um avanço da bancada ruralista composta por latifundiários, empresários rurais e outros que tem como objetivo principal desconstruir os direitos dos povos indígenas, das populações tradicionais e do direito ambiental, dentre outros.
No poder judiciário também nos preocupam as ultimas decisões do Supremo Tribunal Federal que não reconhecem o direito originário dos povos indígenas no julgamento de duas ações que tem como objeto a disputa pela terra indígena do povo Guarani no estado do Mato Grosso do Sul por fazendeiros invasores. Também nas políticas públicas na área de saúde e educação constatamos uma forte tendência por parte dos governos federal e estadual em promover uma terceirização dos serviços, tornando ainda mais precária a assistência que hoje vem sendo feita pela união e os Estados. Um exemplo concreto na saúde é a proposta de criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena (INSI), uma empresa para-estatal que em última instância significa a privatização da saúde indígena. Está proposta já foi rejeitada pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena de Alagoas e Sergipe e o povo Xukuru-Kariri.
Apesar dessas dificuldades, nos relatos dos grupos, foram destacadas as vitórias mais recentes como a reforma e ampliação da Escola Estadual Pajé Miguel Selestino da Silva, e a Escola Estadual Mata da Cafurna, os três anos de resistência na retomada da Fazenda Salgado, a organização da aldeia Mãe Jovina dos parentes Xukuru-Kariri do município de Taquarana, a libertação de nosso parente Carlinhos que foi injustamente preso em consequência do seu compromisso com a LUTA PELA TERRA.
Para definir as nossas prioridades foi realizado um trabalho em que a assembleia se dividiu em cinco grupos: anciãos, jovens, povo Xukuru-Kariri de Taquarana, adultos e aliados. Após as discussões foram assumidas consensualmente as seguintes prioridades:
·Dar continuidade ao Levantamento fundiário, homologação e desintrusão da terra do Território Tradicional Indígena Xukuru-Kariri;
·Continuar nos reunindo e nos organizando com as lideranças de todas as comunidades de Xukuru-Kariri, em torno da luta pela Saúde, Educação, Demarcação da Terra, etc, fortalecendo a nossa união;
·Intensificar aprodução de alimento saudáveis, livres de agrotóxicos;
·Orientar a juventude a valorizar mais a espiritualidade do povo;
·Fortalecera aliança com os demais povos e população tradicionais;
·Fortalecer a nossa aliança com nossos amigos e aliados.
Durante esses dias contamos com a presença de parentes dos Povos Jeripankó e Wassu Kokal - AL, Xukuru de ororubá e Kambiwá - PE, bem como, apoiadores de nossa causa como os professores universitários da UFAL, CESMAC, FACESTA e representantes dos aliados: Conselho Indigenista Missionário - CIMI, Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco - COPIPE, Rede de Educação Cidadã - RECID, Movimento das Comunidades Populares - MCP, União da Juventude Popular - UJP, Jornal Voz das Comunidades - JVC, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Movimento Sem Terra - MST, Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, Articulação do Semi-Árido - ASA, Associação de Agricultores Alternativos - AGRAA, Comissão Pastoral da Terra - CPT, Coletivo Macambira, Pastoral da Juventude do Meio Popular - PJMP e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadores do Campo - MTC.
No último dia, participamos de uma celebração em memória dos lutadores e lutadoras do nosso povo quando reverenciamos as pessoas do Cacique Alfredo Selestino, Pajé Miguel Selestino, Cacique Luzanel Ricardo, Quitéria Selestino, Maninha Xukuru-Kariri, GecivaldoXukuru-Kariri, dentre outros. Também foi lembrado Monsenhor Alfredo Damâso, padre que desempenhou um papel importante para o reconhecimento dos Povos Indígenas de Alagoas e Pernambuco.
Foi nesse clima de celebração da memória e da esperança num futuro melhor que concluímos a nossa VI Assembleia, reafirmando o nosso compromisso com a luta de nosso povo e de todos os povos indígenas do país, tendo como objetivo maior a construção de um projeto de Bem Viver para toda a humanidade.
Palmeira dos Índios, AL. 11 de outubro de 2014.
Povo Xukuru-Kariri
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7768
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