From Indigenous Peoples in Brazil
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REZAS E RITUAIS ENTRE OS SATERÉ-MAWÉ 2: GUARANÁ E TRADIÇÃO
16/03/2015
Autor: Renan Albuquerque
Fonte: Amazônia Real - http://www.amazoniareal.com.br
O guaraná, cujo consumo se dá no cotidiano e em rituais (çapó e waymat), guarda importância do ponto de vista alimentar e enquanto símbolo de protuberância étnica. Identificado pelos Sateré-Mawé de waraná, perpassa a tradição e é tomado como bebida agregadora. A planta é um "símbolo raiz" indígena e serve para mostrar que se trata de um ícone pleno de significado e dá sentido a diversas esferas, como origem, cosmologia e organização parental.
Destarte o tradicionalismo, a relação de comercialização do produto tem sido permeada por conflitos no interior de comunidades no Baixo Amazonas. Sobretudo porque o mito do guaraná pretende explicar o surgimento dos Sateré-Mawé e a forma de organização grupal da etnia. E esse surgimento não é consenso. O guaraná é a planta-entidade que postula coisas do mundo, sendo ela o filho de uniawasap, entidade magnânima que cria regras e faz as coisas acontecerem.
O guaraná dá sentido a relações de poder tradicionais, mitos e alegorias presentes e esquecidas. É fonte mítica cotidiana e o preparo e consumo do çapó (guaraná ralado com água e bebido em cuia) segue uma série de práticas de sessão ritual. A natureza do ritual de consumo do guaraná é, porém, diversa da de rituais formais, como na Festa da Tucandeira (waymat) ou na leitura do Porantim.
No waymat, atividade espiritualística de incorporação, a pessoa Sateré-Mawé ascende a níveis de ação interativa, onde o afeto primordial que deverá liberar o corpo dos infantes de forma afetiva/psicossocial para a vida adulta é vinculado a um aceno da autoridade inferida dos tuxauas. São eles que coordenam e orientam a dança, a colocação de luvas e a cerimônia de dança dentro da oca ou barracão.
O simbolismo agregado, de teor afetivo/psicossocial, remete tanto o jovem Sateré-Mawé quanto a família dele a iconicidades referentes à procriação e deveres com a seguridade dos entes da comunidade. O ácido fórmico expelido pela tucandeira imprime o encerramento da tutela dos pais, mas sem que a energia vital do parentesco e da família indígena cesse.
Ao estar apto à caça e coleta, guerra e intempéries da vida em geral, reforma-se o estado mental para patamares diferenciados. Essa aptidão é um marcador étnico concretizado no processo dialético de regeneração corporal e mental. É por meio de rituais que se legitima a tradição no seio da comunidade. É por meio de rezas e rituais que se vive a vida e a morte.
http://amazoniareal.com.br/rezas-e-rituais-entre-os-satere-mawe-2-guarana-e-tradicao/
Destarte o tradicionalismo, a relação de comercialização do produto tem sido permeada por conflitos no interior de comunidades no Baixo Amazonas. Sobretudo porque o mito do guaraná pretende explicar o surgimento dos Sateré-Mawé e a forma de organização grupal da etnia. E esse surgimento não é consenso. O guaraná é a planta-entidade que postula coisas do mundo, sendo ela o filho de uniawasap, entidade magnânima que cria regras e faz as coisas acontecerem.
O guaraná dá sentido a relações de poder tradicionais, mitos e alegorias presentes e esquecidas. É fonte mítica cotidiana e o preparo e consumo do çapó (guaraná ralado com água e bebido em cuia) segue uma série de práticas de sessão ritual. A natureza do ritual de consumo do guaraná é, porém, diversa da de rituais formais, como na Festa da Tucandeira (waymat) ou na leitura do Porantim.
No waymat, atividade espiritualística de incorporação, a pessoa Sateré-Mawé ascende a níveis de ação interativa, onde o afeto primordial que deverá liberar o corpo dos infantes de forma afetiva/psicossocial para a vida adulta é vinculado a um aceno da autoridade inferida dos tuxauas. São eles que coordenam e orientam a dança, a colocação de luvas e a cerimônia de dança dentro da oca ou barracão.
O simbolismo agregado, de teor afetivo/psicossocial, remete tanto o jovem Sateré-Mawé quanto a família dele a iconicidades referentes à procriação e deveres com a seguridade dos entes da comunidade. O ácido fórmico expelido pela tucandeira imprime o encerramento da tutela dos pais, mas sem que a energia vital do parentesco e da família indígena cesse.
Ao estar apto à caça e coleta, guerra e intempéries da vida em geral, reforma-se o estado mental para patamares diferenciados. Essa aptidão é um marcador étnico concretizado no processo dialético de regeneração corporal e mental. É por meio de rituais que se legitima a tradição no seio da comunidade. É por meio de rezas e rituais que se vive a vida e a morte.
http://amazoniareal.com.br/rezas-e-rituais-entre-os-satere-mawe-2-guarana-e-tradicao/
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