From Indigenous Peoples in Brazil
News
Contra 'Fundação Nacional dos Coronéis', povo Terena completa uma semana de ocupação à sede da Funai
17/11/2016
Autor: Renato Santana
Fonte: Cimi- http://www.cimi.org.br
Em 1979, Mário Juruna sugeriu que a Fundação Nacional do Índio (Funai) passasse a se chamar Fundação Nacional dos Coronéis. Tempos de ditadura militar. A ocupação de indígenas do povo Terena à sede da Funai em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, completou uma semana tentando afastar do presente tal passado sombrio. Os indígenas se opõem à nomeação do coronel reformado do Exército Renato Vidal Sant'Anna ao cargo de coordenador do órgão indigenista.
Nesta quinta-feira, 17, os Terena trancaram uma via de grande circulação, a Rua Maracaju, na região central da capital sul-mato-grossense, e um trecho da BR-262, que liga Campo Grande a Corumbá, na altura da Terra Indígena Taunay/Ipegue, em protesto com faixas contra a militarização da Funai. "Queremos o retorno do Evair (Borges, coordenador da Funai exonerado), que é indígena, e nada de militares", frisa Elvis Terena.
Para lideranças ouvidas, os protestos de hoje foram apenas um aviso. "Não vamos aceitar esse absurdo. Sequer fomos consultados. O Conselho do Povo Terena não aceita essa decisão". O escritório da Funai em Campo Grande atende as terras indígenas Água Limpa, Buriti, Buritizinho, Cachoeirinha, Guató, Kadiwéu, Lalima, Limão Verde, Nioaque, Nossa Senhora de Fátima, Ofayé-Xavante, Pilad Rebuá e Taunay/Ipegue.
Durante essa semana, até esta sexta, 18, ocorre na aldeia Bananal (Taunay/Ipegue), município de Aquidauana, o 9o Hanaiti Ho'únevo Têrenoe - a Grande Assembleia do Povo Terena. Conforme os indígenas, caciques, lideranças de retomadas, rezadores, mulheres e a juventude se reúnem para discutir a luta pelo território tradicional, além de educação escolar, meio ambiente, saúde nas comunidades e demais políticas.
"Tudo está ocorrendo e o povo Terena enxerga que é o momento de intensificarmos a nossa luta. A conjuntura não está fácil. Demarcações paralisadas, essa PEC (55) do congelamento dos gastos, a Funai desestruturada e o governo querendo colocar generais nela. A gente entende como uma ofensiva, um plano arquitetado pelo governo e pelos ruralistas, tanto que quem indicou o coronel aqui foi um ruralista", diz Lindomar Terena.
Com o governo de Michel Temer, a defesa de militares em cargos da Funai passou a ocorrer com frequência. Em julho deste ano, o general Roberto Sebastião Peternelli, integrante do PSC, foi convidado e aceitou assumir a presidência do órgão. "Existe uma relação histórica de amizade entre os índios e os militares", declarou o deputado federal Carlos Marum (PMDB/MS) - parlamentar que indicou o coronel Sant'Anna.
'Fundação Nacional dos Coronéis'
Desde o Napalm lançado sobre os Waimiri-Atroari aos reformatórios e fazendas de trabalhos forçados, os militares possuem um histórico de violência e extermínio contra os povos indígenas. Os militares nunca esconderam a opinião de que as terras indígenas são danosas à segurança nacional. No final da década de 1970, desejavam a completa integração dos indígenas à sociedade branca.
"A ditadura militar, através do ministro do Interior, general Rangel Reis, elaborou um projeto visando a 'emancipação dos índios', através do qual pretendia resolver a questão declarando os índios emancipados, e suas terras disponibilizadas aos latifundiários. Desta forma, ao invés de demarcar todas as terras indígenas até 1978, como previa o Estatuto do Índio (Lei 6.001, vigente até hoje), resolveria o problema declarando 80% dos índios como não índios, não tendo direito, portanto, às suas terras, ou confinando-os a lotes do módulo rural", lembra Egon Heck, do Secretariado Nacional do Cimi.
As políticas indigenistas da ditadura militar instalaram um forte aparato militar na Funai, a partir do Conselho de Segurança Nacional e Serviço Nacional de Informação, "visando o controle e repressão dos povos indígenas e seus aliados. Instalaram cadeias nos postos e presídios indígenas regionais e nacional, como o Krenak, em Minas Gerais. Foi criada a Guarda Rural Indígena (GRIN) e a Assessoria de Segurança e Informação (ASI)", completou Heck - indigenista desde o início da década de 1970.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=9023&action=read
Nesta quinta-feira, 17, os Terena trancaram uma via de grande circulação, a Rua Maracaju, na região central da capital sul-mato-grossense, e um trecho da BR-262, que liga Campo Grande a Corumbá, na altura da Terra Indígena Taunay/Ipegue, em protesto com faixas contra a militarização da Funai. "Queremos o retorno do Evair (Borges, coordenador da Funai exonerado), que é indígena, e nada de militares", frisa Elvis Terena.
Para lideranças ouvidas, os protestos de hoje foram apenas um aviso. "Não vamos aceitar esse absurdo. Sequer fomos consultados. O Conselho do Povo Terena não aceita essa decisão". O escritório da Funai em Campo Grande atende as terras indígenas Água Limpa, Buriti, Buritizinho, Cachoeirinha, Guató, Kadiwéu, Lalima, Limão Verde, Nioaque, Nossa Senhora de Fátima, Ofayé-Xavante, Pilad Rebuá e Taunay/Ipegue.
Durante essa semana, até esta sexta, 18, ocorre na aldeia Bananal (Taunay/Ipegue), município de Aquidauana, o 9o Hanaiti Ho'únevo Têrenoe - a Grande Assembleia do Povo Terena. Conforme os indígenas, caciques, lideranças de retomadas, rezadores, mulheres e a juventude se reúnem para discutir a luta pelo território tradicional, além de educação escolar, meio ambiente, saúde nas comunidades e demais políticas.
"Tudo está ocorrendo e o povo Terena enxerga que é o momento de intensificarmos a nossa luta. A conjuntura não está fácil. Demarcações paralisadas, essa PEC (55) do congelamento dos gastos, a Funai desestruturada e o governo querendo colocar generais nela. A gente entende como uma ofensiva, um plano arquitetado pelo governo e pelos ruralistas, tanto que quem indicou o coronel aqui foi um ruralista", diz Lindomar Terena.
Com o governo de Michel Temer, a defesa de militares em cargos da Funai passou a ocorrer com frequência. Em julho deste ano, o general Roberto Sebastião Peternelli, integrante do PSC, foi convidado e aceitou assumir a presidência do órgão. "Existe uma relação histórica de amizade entre os índios e os militares", declarou o deputado federal Carlos Marum (PMDB/MS) - parlamentar que indicou o coronel Sant'Anna.
'Fundação Nacional dos Coronéis'
Desde o Napalm lançado sobre os Waimiri-Atroari aos reformatórios e fazendas de trabalhos forçados, os militares possuem um histórico de violência e extermínio contra os povos indígenas. Os militares nunca esconderam a opinião de que as terras indígenas são danosas à segurança nacional. No final da década de 1970, desejavam a completa integração dos indígenas à sociedade branca.
"A ditadura militar, através do ministro do Interior, general Rangel Reis, elaborou um projeto visando a 'emancipação dos índios', através do qual pretendia resolver a questão declarando os índios emancipados, e suas terras disponibilizadas aos latifundiários. Desta forma, ao invés de demarcar todas as terras indígenas até 1978, como previa o Estatuto do Índio (Lei 6.001, vigente até hoje), resolveria o problema declarando 80% dos índios como não índios, não tendo direito, portanto, às suas terras, ou confinando-os a lotes do módulo rural", lembra Egon Heck, do Secretariado Nacional do Cimi.
As políticas indigenistas da ditadura militar instalaram um forte aparato militar na Funai, a partir do Conselho de Segurança Nacional e Serviço Nacional de Informação, "visando o controle e repressão dos povos indígenas e seus aliados. Instalaram cadeias nos postos e presídios indígenas regionais e nacional, como o Krenak, em Minas Gerais. Foi criada a Guarda Rural Indígena (GRIN) e a Assessoria de Segurança e Informação (ASI)", completou Heck - indigenista desde o início da década de 1970.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=9023&action=read
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source