From Indigenous Peoples in Brazil
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Chove metafísica na Un Certain Regard com joia luso-mineira
16/05/2018
Autor: Rodrigo Fonseca
Fonte: Estadão www.estadao.com.br
Nos momentos finais da experiência metafísica (de descoberta e de ruminação) chamada "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", ouve-se uma criança, na terra dos Krahô, no Tocantins, dizer "Pode vir". Dali... momentos depois... temos a imersão de seu protagonista, Ihjãc, nas águas de um rio... num gesto de recomeço. Falar seu final, embora seja falar o final de uma ficção, não esbarra em spoilers, pois não há desfecho para o que se supõe permanente, em especial, na Natureza. E a ideia de spoiler é um conceito de formtação, para produtos... e o filme da paulista Renée Nader Messora e do lisboeta João Salaviza não é produto; é gesto, é rito... um dos gestos/ritos mais potentes de Cannes em 2018. Veio das palafitas da Un Certain Regard, mas merecia estar concorrente à Palma de Ouro, por ser, de longe, melhor e mais relevante do que metade dos competidores deste ano. Em sua Seção, ele é o melhor, seguido (de longe) por Border, de Ali Abbasi.
Feito de gestos simples, por uma equipe diminuta, numa ponte de produção entre MG e Lisboa, pela mesma grife do seminal "Elon Não Acredita Na Morte" (2016), o longa tem sido descrito como "filme de índio". É... tem índio nele... é COM índios ele... mas o rótulo não dá seu tônus. "Chuva é Cantoria Na Aldeia dos Mortos" é um ensaio sobre a permanência... seja da Tradição... seja do desejo de rebelião. Vemos, a partir da estética de observação da dupla de diretores, rituais de Tânatos com palha queimada. É a tradição reinante. E vemos o mesmo jovem engolfado por essa tradição, Ihjãc, driblá-la jogando "Street Fighter" num fliperama. É Heráclito x Parmênides. Uno x Misto. Passageiro x Indissolúvel. São contradições que se casam numa narrativa arrebatadora, que faz lembrar o precioso Triste Trópico (1974), de Arthur Omar. Um dos filmes que fará deste Cannes 71 um festival memorável.
http://cultura.estadao.com.br/blogs/p-de-pop/chove-metafisica-na-un-certain-regard-com-joia-luso-mineira/
Feito de gestos simples, por uma equipe diminuta, numa ponte de produção entre MG e Lisboa, pela mesma grife do seminal "Elon Não Acredita Na Morte" (2016), o longa tem sido descrito como "filme de índio". É... tem índio nele... é COM índios ele... mas o rótulo não dá seu tônus. "Chuva é Cantoria Na Aldeia dos Mortos" é um ensaio sobre a permanência... seja da Tradição... seja do desejo de rebelião. Vemos, a partir da estética de observação da dupla de diretores, rituais de Tânatos com palha queimada. É a tradição reinante. E vemos o mesmo jovem engolfado por essa tradição, Ihjãc, driblá-la jogando "Street Fighter" num fliperama. É Heráclito x Parmênides. Uno x Misto. Passageiro x Indissolúvel. São contradições que se casam numa narrativa arrebatadora, que faz lembrar o precioso Triste Trópico (1974), de Arthur Omar. Um dos filmes que fará deste Cannes 71 um festival memorável.
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