From Indigenous Peoples in Brazil
News
'A Última Floresta', filme de Luiz Bolognesi sobre o povo yanomami, tem roteiro original do xamã Davi Kopenawa
03/03/2021
Autor: NUNES, Mônica
Fonte: Conexão Planeta - https://conexaoplaneta.com.br/blog
'A Última Floresta', filme de Luiz Bolognesi sobre o povo yanomami, tem roteiro original do xamã Davi Kopenawa
Mônica Nunes
3 de março de 2021
A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, foi o único filme brasileiro selecionado para participar da Panorama da Berlinale 2021 - ou Festival de Berlim, como conhecido também -, que, devido à pandemia, foi organizada em formato híbrido (online e presencial) e dividida em duas etapas: de 1 a 5 de março e de 9 a 20 de junho.
Hoje, 3/3, acontece a estreia deste longa-metragem, escrito e roteirizado por Bolognesi em parceria com o xamã e líder Yanomami, Davi Kopenawa, que, em dezembro do ano passado, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências.
Esta é a segunda vez que o líder indígena se une a um intelectual ativista para divulgar a história de seu povo e suas reflexões a cerca da destruição promovida pelo "homem da mercadoria" em suas terras, o maior território indígena brasileiro.
Em 2015, Kopenawa lançou o livro A Queda do Céu - Palavras de um Xamã Yanomami, escrito pelo antropólogo Bruce Albert a partir de sua longa convivência e amizade, dos saberes e dos alertas do xamã.
Tradições, espíritos e invasões
Profissional de prestígio no cinema - dirigiu a animação Uma História de Amor e Fúria e roteirizou Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanski) -, em 2018 Bolognesi se rendeu ao "chamado" dos povos indígenas - que lutam há mais de 500 anos por sua sobrevivência -, com o lançamento de Ex-Pajé.
O documentário ganhou menção honrosa na Berlinale do mesmo ano e denuncia a evangelização dos indígenas brasileiros a partir da história de rejeição e sofrimento vivida por um pajé em uma aldeia da etnia Paiter Suruí, em Rondônia.
Para fazer o belíssimo A Última Floresta, Bolognesi se aliou a Kopenawa. Ao ler A Queda do Céu, se apaixonou pela narrativa do xamã e quis levá-la para as telas, revelar o cotidiano e a luta de décadas desse povo que vive ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há cerca de mil anos, mas que, desde os anos 70, sofre com invasões de garimpeiros.
No novo filme de Bolognesi, o líder e xamã luta para proteger as tradições e manter vivos os espíritos da floresta. Ele e diversos outros líderes da etnia lutam com todas as forças e recursos para que a lei seja cumprida e os invasores retirados do território homologado, por decreto presidencial, em 25 de maio de 1992. No ano que vem, faz 30 anos!
Produzido pela Gullane Filmes (dos irmãos Caio e Fabiano Gullane; que também será responsável pela distribuição) e a Buriti Filmes, em associação com a Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental (ISA), o filme tem estreia prevista para o segundo semestre deste ano.
Os sonhos como direção
Assim que leu o livro de Kopenawa, Bolognesi o convidou para fazer o roteiro original, mas outros integrantes do povo Yanomami também contribuíram com o processo criativo.
O diretor construiu a história com o xamã e as escolhas narrativas com os demais lideres, incorporando seu "ponto de vista mágico" sobre os acontecimentos. "Um rico encontro entre o povo do cinema e o povo Yanomami", disse ao portal Terra.
Li, na entrevista que concedeu ao site C7nema, que ele e Kopenawa falaram muito sobre sonhos, que são considerados uma riqueza imensa pelos povos indígenas: são indicadores de caminhos, são insights.
"Sonhos possuem grande força", disse Bolognesi, assim como em nossa cultura. "Partindo da psicanálise, entendeu-se muito a importância dos sonhos", lembra o diretor. Para os yanomami, os sonhos são muito vivos e, por isso, conduziram a narrativa de Bolognesi.
Abaixo, reproduzo a declaração do diretor, na íntegra, que é muito interessante e reveladora, e nos ajuda a compreender o processo criativo.
"Davi me contava seus sonhos. Quando eu contava um meu e sugeria que alguma sequência ou dispositivo narrativo fosse introduzido no filme, muitas vezes ele falava que o sonho era meu e não dele. O filme precisava ser sobre os Yanomami e ele rejeitava os dispositivos que eu trazia".
"Seguíamos sempre os sonhos do Davi e articulávamos a narrativa com as histórias que ele contava e com os sonhos. Não só dele, pois ouvi outros relatos de sonhos. O roteiro foi feito praticamente dentro dos sonhos. Ele refere-se ao sonho da noite ou ao sonho que tiveram à tarde, não como algo que não existe. Para eles é um acontecimento, é da ordem dos acontecimentos naturais".
"Um indígena que disse que à noite sonhou que caçava, que tinha uma onça onde estava, acredita que isso aconteceu. Para ele, o espírito dele saiu e chegou perto da onça. Escrevemos o roteiro desse modo".
"Muitas vezes, decidíamos o que fazer orientados pelos sonhos do Davi. Era isso que ele solicitava e eu me encantei com essa possibilidade. A minha maneira de fazer roteiros, ou seja, a maneira do homem branco de fazer um roteiro, foi colocada um pouco de lado".
"Claro que, na montagem, tive que trabalhar com a nossa lógica, tentando fazer uma ponte entre a riqueza do material fantástico que eles propuseram e uma inteligibilidade, uma capacidade cognitiva da audiência branca. Existe um trabalho de dramaturgia na montagem de costurar para tornar inteligível, ter início, meio e fim".
"Mas, no filme, está mantida a visão circular da narrativa que vem das histórias deles, onde as coisas faladas vão costurando as histórias. A nossa narrativa está imbuída desse modo deles de contar histórias. Diria que, de certa forma, abandonei o modo de articular narrativas a priori e trabalhei com a escuta dos acontecimentos".
Dois xamãs
Perguntado pelo mesmo site sobre uma possível conexão entre seus dois últimos filmes - Ex-Pajé e A Última Floresta, Bolognesi respondeu que são "similares opostos".
"É quase uma obra dística porque, no primeiro, vemos uma comunidade em que o pajé está destituído pelos pastores de seu lugar sagrado de sabedoria, cura e poder. Vemos sua luta de sobrevivência, resistência subliminar e a angústia, dor e sofrimento, nesse processo etnocida".
"No segundo, acontece o contrário: o pajé é o xamã! Davi está coberto de poder e no epicentro da vida como liderança política, filosófica, religiosa e luta para que a mercadoria não entre, para que os evangélicos não entrem, e que o garimpo, que já invade suas terras, saia. É o oposto".
E, assim, resumiu: "Um filme mostra um grupo em que o xamã está destituído de seu lugar e o outro vai a uma comunidade em que o xamã está no auge da luta de resistência".
Ambos nos ajudam a compreender melhor o universo dos povos indígenas e o que podemos fazer para contribuir com sua luta pelo respeito às suas terras e pela proteção da natureza.
Isso é ainda mais especial neste momento em que o governo declara que pretende liberar esses territórios para a exploração de garimpeiros, madeireiros e hidrelétricas (projeto assinado por ele já está na Câmara dos Deputados para votação), depreciando os costumes, a identidade e a cultura dos povos indígenas diante dos brasileiros não-indígenas.
O cinema de Bolognesi é um aliado.
Invasões e Covid-19
Desde que Bolsonaro assumiu o governo, a quantidade de invasores aumentou barbaramente. Com certeza, as declarações que fez durante a campanha presidencial, contribuíram para isso: disse que não demarcaria "nenhum centímetro de terra indígena" e, ao assumir o poder, enfatiza que quer liberar todas as terras indígenas brasileiras para exploração econômica.
Com a pandemia, a situação só piorou: além de arrasarem as florestas, contaminarem os rios, transmitirem doenças como malária e cooptarem jovens com promessas de "uma vida melhor", levaram a Covid-19 para dentro de seus territórios.
Em abril, morreu o primeiro indígena yanomami por causa da doença: um adolescente de 15 anos, que havia sido tratado de malária no mês anterior.
Em dezembro de 2019, Yanomami e Ye'kwana (que vivem no mesmo território) redigiram carta pública para denunciar risco de massacre e exigir proteção do governo.
Em junho de 2020, os dois povos organizaram uma campanha contundente - #ForaGarimpoForaCovid - para alertar sobre a contaminação desse povo pelos garimpeiros e pedir às autoridades sua retirada de suas terras.
O Instituto Socioambiental (ISA), que apoia os Yanomami, estima que há mais de 20 mil garimpeiros em seu território.
Agora, assista ao trailer de A Última Floresta:
Mônica Nunes
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.
https://conexaoplaneta.com.br/blog/a-ultima-floresta-filme-de-luiz-bolognesi-sobre-o-povo-yanomami-tem-roteiro-original-do-xama-davi-kopenawa/#fechar
Mônica Nunes
3 de março de 2021
A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, foi o único filme brasileiro selecionado para participar da Panorama da Berlinale 2021 - ou Festival de Berlim, como conhecido também -, que, devido à pandemia, foi organizada em formato híbrido (online e presencial) e dividida em duas etapas: de 1 a 5 de março e de 9 a 20 de junho.
Hoje, 3/3, acontece a estreia deste longa-metragem, escrito e roteirizado por Bolognesi em parceria com o xamã e líder Yanomami, Davi Kopenawa, que, em dezembro do ano passado, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências.
Esta é a segunda vez que o líder indígena se une a um intelectual ativista para divulgar a história de seu povo e suas reflexões a cerca da destruição promovida pelo "homem da mercadoria" em suas terras, o maior território indígena brasileiro.
Em 2015, Kopenawa lançou o livro A Queda do Céu - Palavras de um Xamã Yanomami, escrito pelo antropólogo Bruce Albert a partir de sua longa convivência e amizade, dos saberes e dos alertas do xamã.
Tradições, espíritos e invasões
Profissional de prestígio no cinema - dirigiu a animação Uma História de Amor e Fúria e roteirizou Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanski) -, em 2018 Bolognesi se rendeu ao "chamado" dos povos indígenas - que lutam há mais de 500 anos por sua sobrevivência -, com o lançamento de Ex-Pajé.
O documentário ganhou menção honrosa na Berlinale do mesmo ano e denuncia a evangelização dos indígenas brasileiros a partir da história de rejeição e sofrimento vivida por um pajé em uma aldeia da etnia Paiter Suruí, em Rondônia.
Para fazer o belíssimo A Última Floresta, Bolognesi se aliou a Kopenawa. Ao ler A Queda do Céu, se apaixonou pela narrativa do xamã e quis levá-la para as telas, revelar o cotidiano e a luta de décadas desse povo que vive ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há cerca de mil anos, mas que, desde os anos 70, sofre com invasões de garimpeiros.
No novo filme de Bolognesi, o líder e xamã luta para proteger as tradições e manter vivos os espíritos da floresta. Ele e diversos outros líderes da etnia lutam com todas as forças e recursos para que a lei seja cumprida e os invasores retirados do território homologado, por decreto presidencial, em 25 de maio de 1992. No ano que vem, faz 30 anos!
Produzido pela Gullane Filmes (dos irmãos Caio e Fabiano Gullane; que também será responsável pela distribuição) e a Buriti Filmes, em associação com a Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental (ISA), o filme tem estreia prevista para o segundo semestre deste ano.
Os sonhos como direção
Assim que leu o livro de Kopenawa, Bolognesi o convidou para fazer o roteiro original, mas outros integrantes do povo Yanomami também contribuíram com o processo criativo.
O diretor construiu a história com o xamã e as escolhas narrativas com os demais lideres, incorporando seu "ponto de vista mágico" sobre os acontecimentos. "Um rico encontro entre o povo do cinema e o povo Yanomami", disse ao portal Terra.
Li, na entrevista que concedeu ao site C7nema, que ele e Kopenawa falaram muito sobre sonhos, que são considerados uma riqueza imensa pelos povos indígenas: são indicadores de caminhos, são insights.
"Sonhos possuem grande força", disse Bolognesi, assim como em nossa cultura. "Partindo da psicanálise, entendeu-se muito a importância dos sonhos", lembra o diretor. Para os yanomami, os sonhos são muito vivos e, por isso, conduziram a narrativa de Bolognesi.
Abaixo, reproduzo a declaração do diretor, na íntegra, que é muito interessante e reveladora, e nos ajuda a compreender o processo criativo.
"Davi me contava seus sonhos. Quando eu contava um meu e sugeria que alguma sequência ou dispositivo narrativo fosse introduzido no filme, muitas vezes ele falava que o sonho era meu e não dele. O filme precisava ser sobre os Yanomami e ele rejeitava os dispositivos que eu trazia".
"Seguíamos sempre os sonhos do Davi e articulávamos a narrativa com as histórias que ele contava e com os sonhos. Não só dele, pois ouvi outros relatos de sonhos. O roteiro foi feito praticamente dentro dos sonhos. Ele refere-se ao sonho da noite ou ao sonho que tiveram à tarde, não como algo que não existe. Para eles é um acontecimento, é da ordem dos acontecimentos naturais".
"Um indígena que disse que à noite sonhou que caçava, que tinha uma onça onde estava, acredita que isso aconteceu. Para ele, o espírito dele saiu e chegou perto da onça. Escrevemos o roteiro desse modo".
"Muitas vezes, decidíamos o que fazer orientados pelos sonhos do Davi. Era isso que ele solicitava e eu me encantei com essa possibilidade. A minha maneira de fazer roteiros, ou seja, a maneira do homem branco de fazer um roteiro, foi colocada um pouco de lado".
"Claro que, na montagem, tive que trabalhar com a nossa lógica, tentando fazer uma ponte entre a riqueza do material fantástico que eles propuseram e uma inteligibilidade, uma capacidade cognitiva da audiência branca. Existe um trabalho de dramaturgia na montagem de costurar para tornar inteligível, ter início, meio e fim".
"Mas, no filme, está mantida a visão circular da narrativa que vem das histórias deles, onde as coisas faladas vão costurando as histórias. A nossa narrativa está imbuída desse modo deles de contar histórias. Diria que, de certa forma, abandonei o modo de articular narrativas a priori e trabalhei com a escuta dos acontecimentos".
Dois xamãs
Perguntado pelo mesmo site sobre uma possível conexão entre seus dois últimos filmes - Ex-Pajé e A Última Floresta, Bolognesi respondeu que são "similares opostos".
"É quase uma obra dística porque, no primeiro, vemos uma comunidade em que o pajé está destituído pelos pastores de seu lugar sagrado de sabedoria, cura e poder. Vemos sua luta de sobrevivência, resistência subliminar e a angústia, dor e sofrimento, nesse processo etnocida".
"No segundo, acontece o contrário: o pajé é o xamã! Davi está coberto de poder e no epicentro da vida como liderança política, filosófica, religiosa e luta para que a mercadoria não entre, para que os evangélicos não entrem, e que o garimpo, que já invade suas terras, saia. É o oposto".
E, assim, resumiu: "Um filme mostra um grupo em que o xamã está destituído de seu lugar e o outro vai a uma comunidade em que o xamã está no auge da luta de resistência".
Ambos nos ajudam a compreender melhor o universo dos povos indígenas e o que podemos fazer para contribuir com sua luta pelo respeito às suas terras e pela proteção da natureza.
Isso é ainda mais especial neste momento em que o governo declara que pretende liberar esses territórios para a exploração de garimpeiros, madeireiros e hidrelétricas (projeto assinado por ele já está na Câmara dos Deputados para votação), depreciando os costumes, a identidade e a cultura dos povos indígenas diante dos brasileiros não-indígenas.
O cinema de Bolognesi é um aliado.
Invasões e Covid-19
Desde que Bolsonaro assumiu o governo, a quantidade de invasores aumentou barbaramente. Com certeza, as declarações que fez durante a campanha presidencial, contribuíram para isso: disse que não demarcaria "nenhum centímetro de terra indígena" e, ao assumir o poder, enfatiza que quer liberar todas as terras indígenas brasileiras para exploração econômica.
Com a pandemia, a situação só piorou: além de arrasarem as florestas, contaminarem os rios, transmitirem doenças como malária e cooptarem jovens com promessas de "uma vida melhor", levaram a Covid-19 para dentro de seus territórios.
Em abril, morreu o primeiro indígena yanomami por causa da doença: um adolescente de 15 anos, que havia sido tratado de malária no mês anterior.
Em dezembro de 2019, Yanomami e Ye'kwana (que vivem no mesmo território) redigiram carta pública para denunciar risco de massacre e exigir proteção do governo.
Em junho de 2020, os dois povos organizaram uma campanha contundente - #ForaGarimpoForaCovid - para alertar sobre a contaminação desse povo pelos garimpeiros e pedir às autoridades sua retirada de suas terras.
O Instituto Socioambiental (ISA), que apoia os Yanomami, estima que há mais de 20 mil garimpeiros em seu território.
Agora, assista ao trailer de A Última Floresta:
Mônica Nunes
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.
https://conexaoplaneta.com.br/blog/a-ultima-floresta-filme-de-luiz-bolognesi-sobre-o-povo-yanomami-tem-roteiro-original-do-xama-davi-kopenawa/#fechar
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source