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Rota usada por garimpo é perto de quartel, diz MPF

26/01/2023

Fonte: O Globo, Brasil, p. 9




Rota usada por garimpo é perto de quartel, diz MPF
Procuradores de Roraima dizem que ação militar para tirar invasores de Surucucu não ocorreu por falta de ordem da Defesa

O Globo 26 Jan 2023 Altino) (Lucas

Uma das rotas mais acessadas por garimpeiros para invadir a Terra Indígena Yanomami fica perto do 4o Pelotão Especial de Fronteira do Exército, de Surucucu, uma das comunidades onde houve maior número de pessoas desnutridas e crianças mortas, segundo procuradores da República em Roraima. Alisson Marugal e Matheus Bueno afirmam que o caminho era conhecido e acusaram o Ministério da Defesa e as Forças Armadas de omissão no combate aos invasores.
A informação foi confirmada por um funcionário do Ibama ouvido pelo GLOBO. Segundo ele, os soldados poderiam conter os garimpeiros. Marugal e Bueno disseram na terça-feira, em coletiva, que houve reuniões para pedir o uso de força militar, mas a ação não ocorreu por falta de uma ordem direta do comando das Forças Armadas.
Procurados, o Ministério da Defesa e o Exército não se manifestaram.
- Tivemos um diálogo muito próximo com o Exército, mas a equipe local precisa das ordens que vêm de Brasília. E os ianomâmis nunca foram favorecidos nesses combates pelo Exército. Houve omissão das Forças Armadas, mas isso vem do Ministério da Defesa de não agir - afirmou Alisson Marugal. - Quando tivemos notícia de conflito com garimpeiros, pela paralisação das operações, chamei reunião no próprio Exército e a orientação é que eles não fariam nada sem a determinação do Ministério da Defesa.
Além do pelotão de Surucucu, o Exército mantém outros dois dentro do território ianomâmi: Auaris e Maturacá. Em Surucucu, a presença do garimpo vem se impondo mais fortemente e é um dos principais fatores, segundo especialistas, que explicam o cenário de insegurança alimentar e desestruturação social entre os grupos indígenas.
GEOLOGIA CONHECIDA
O fato de Surucucu ser uma região visada pelos garimpeiros, mesmo sendo próximo a um Pelotão do Exército, se explica porque é uma região serrana com muitas rochas que já foram exploradas na primeira corrida pelo ouro na reserva, na década de 1980. Já há conhecimento geológico prévio sobre a retirada do ouro .
- Ali é tudo serra, de rochas muito antigas, com ocorrência de ouro e cassiterita. O próprio governo militar anunciou isso na década de 1970, o que resultou em grande invasão. Agora, o pessoal reocupa também áreas garimpadas na primeira corrida do ouro - diz Enrico Senra, assessor do Instituto Socioambiental (ISA).

O Globo, 26/01/2023, Brasil, p. 9
 

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