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PF mira esquema de venda de cassiterita da Terra Yanomami para multinacionais e até 'big techs'
14/12/2023
Fonte: G1 Roraima - https://g1.globo.com
Operação Forja de Hefesto cumpre quatro mandados de prisão. Justiça determinou o bloqueio de R$ 240 milhões dos investigados.
Por g1 RR - Boa Vista
14/12/2023 07h35 Atualizado há 2 semanas
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (14) operação contra um esquema de venda de cassiteria extraída ilegalmente da Terra Indígena Yanomami para empresas multinacionais de vários ramos e até para as "big techs", como são chamadas as gigantes da tecnologia.
O objetivo da operação Forja de Hefesto é ampliar as investigações e desarticular o esquema de financiamento e exploração de garimpo ilegal no território Yanomami.
Agentes cumprem quatro mandados de prisão e sete de apreensão em Boa Vista, Ariquemes, em Rondônia, e Ribeirão Preto, em SãoPaulo. As ordens judiciais foram expedidas pela 4ª Vara da Justiça Federal de Roraima. A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 240 milhões dos investigados.
As investigações identificaram transações financeiras relacionadas à venda de cassiterita extraída ilegalmente da TIY para um dos maiores produtores mundiais de estanho.
'OURO NEGRO': saiba o que é cassiterita e os motivos que despertam interesse de garimpeiros
Em cinco meses, no ano de 2021, uma empresa investigada comprou mais de R$ 166 milhões em cassiterita de uma mineradora que operava ilegalmente no território indígena, segundo a PF.
Além disso, a empresa compradora, que atua no ramo de fundição do minério, "deliberadamente ou por negligência", não investigou a origem da cassiterita que ela comprava. O minério foi comprado de uma mineradora com matriz em Rondônia e filial em Roraima, onde não há garimpos legais.
Após a venda, a cassiterita era processada e exportada, sendo adquirido por grandes multinacionais e até as "big techs".
Outros investigados são suspeitos de serem os responsáveis por maquinários em garimpos ilegais dentro da Terra Yanomami, e também de vender a cassiterita extraída ilegalmente a intermediários responsáveis por "lavar" o minério com o uso de empresas que possuem lavras regulares em outros estados.
A Justiça determinou a suspensão das atividades da mineradora, que possui mais de 150 processos minerários, inclusive para pesquisa e exploração de minérios. As investigações seguem em andamento.
Cassiteria é o minério de onde se extrai o estanho, metal metal usado para produzir ligas como as folhas de flandres, utilizadas na fabricação de latas de alimentos, no acabamento de carros, na fabricação de vidros e até na tela dos celulares. O material tem alta densidade e é resistente à ferrugem.
Conhecida como "ouro negro", a cassiterita despertou o interesse de garimpeiros ilegais que atuam na Terra Yanomami porque, geralmente, é um minério em abundância e que pode ser extraído junto do ouro, mas que na hora de separá-lo, exige um processo menor que o do ouro.
De acordo doutor em bioestratigrafia e professor do curso de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Vladimir de Souza, a cassiterita e o ouro são metais muito pesados e, na maioria das vezes, são encontrados nos mesmos lugares: nos aluviões (nos leitos dos rios), e em jazidas.
"Os dois minérios costumam ocorrer praticamente juntos. Se tu tem cassiterita e vai lavar o material, já que ele é um material pesado, o ouro pode vir junto com ela. A coisa muda na hora de separar: a cassiterita você não precisa usar o mercúrio, não precisa usar nada. Ela tá ali, é só separar [de outro minerais] e pronto", esclareceu.
Com altas densidades, a diferença entre os dois minérios está no tratamento. O ouro é retirado dos rios por meio de dragas e, depois, passa por um processo de separação, o que leva mais tempo e mais trabalho. Já cassiterita é extraída de maneira menos burocrática, com baixo custo.
No caso do ouro, na fase em que ele é retirado da natureza é utilizado o mercúrio - o único metal líquido em temperatura ambiente que se une facilmente ao ouro, formando uma liga metálica. Aquecido, o mercúrio, que é altamente poluente, se evapora e o ouro se funde sozinho. O excesso de mercúrio restante desse processo é lançado diretamente nos rios e entra na cadeia alimentar, por meio da ingestão de água e peixes.
Diferente dele, a cassiterita não precisa ser unida a nenhum outro minério. Ela é encontrada em vários tamanhos, em formato de rocha ou até de um grão de areia. Segundo o pesquisador, a extração dela é similar a da areia e do seixo: com a utilização de bombas de sucção, o material é captado do rios.
"O pessoal se deu conta de que ela é fácil de encontrar e que tem um bom volume, então se podia ganhar um bom dinheiro", explicou o pesquisador.
No caso de Roraima, o interesse pelo minério se tornou maior ainda, pois o minério do estado tem um teor de estanho maior do que o encontrado em outras regiões do país, como a de Rondônia.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/12/14/pf-deflagra-operacao-contra-esquema-de-venda-de-cassiterita-da-terra-yanomami-para-multinacionais-e-ate-big-techs.ghtml
Por g1 RR - Boa Vista
14/12/2023 07h35 Atualizado há 2 semanas
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (14) operação contra um esquema de venda de cassiteria extraída ilegalmente da Terra Indígena Yanomami para empresas multinacionais de vários ramos e até para as "big techs", como são chamadas as gigantes da tecnologia.
O objetivo da operação Forja de Hefesto é ampliar as investigações e desarticular o esquema de financiamento e exploração de garimpo ilegal no território Yanomami.
Agentes cumprem quatro mandados de prisão e sete de apreensão em Boa Vista, Ariquemes, em Rondônia, e Ribeirão Preto, em SãoPaulo. As ordens judiciais foram expedidas pela 4ª Vara da Justiça Federal de Roraima. A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 240 milhões dos investigados.
As investigações identificaram transações financeiras relacionadas à venda de cassiterita extraída ilegalmente da TIY para um dos maiores produtores mundiais de estanho.
'OURO NEGRO': saiba o que é cassiterita e os motivos que despertam interesse de garimpeiros
Em cinco meses, no ano de 2021, uma empresa investigada comprou mais de R$ 166 milhões em cassiterita de uma mineradora que operava ilegalmente no território indígena, segundo a PF.
Além disso, a empresa compradora, que atua no ramo de fundição do minério, "deliberadamente ou por negligência", não investigou a origem da cassiterita que ela comprava. O minério foi comprado de uma mineradora com matriz em Rondônia e filial em Roraima, onde não há garimpos legais.
Após a venda, a cassiterita era processada e exportada, sendo adquirido por grandes multinacionais e até as "big techs".
Outros investigados são suspeitos de serem os responsáveis por maquinários em garimpos ilegais dentro da Terra Yanomami, e também de vender a cassiterita extraída ilegalmente a intermediários responsáveis por "lavar" o minério com o uso de empresas que possuem lavras regulares em outros estados.
A Justiça determinou a suspensão das atividades da mineradora, que possui mais de 150 processos minerários, inclusive para pesquisa e exploração de minérios. As investigações seguem em andamento.
Cassiteria é o minério de onde se extrai o estanho, metal metal usado para produzir ligas como as folhas de flandres, utilizadas na fabricação de latas de alimentos, no acabamento de carros, na fabricação de vidros e até na tela dos celulares. O material tem alta densidade e é resistente à ferrugem.
Conhecida como "ouro negro", a cassiterita despertou o interesse de garimpeiros ilegais que atuam na Terra Yanomami porque, geralmente, é um minério em abundância e que pode ser extraído junto do ouro, mas que na hora de separá-lo, exige um processo menor que o do ouro.
De acordo doutor em bioestratigrafia e professor do curso de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Vladimir de Souza, a cassiterita e o ouro são metais muito pesados e, na maioria das vezes, são encontrados nos mesmos lugares: nos aluviões (nos leitos dos rios), e em jazidas.
"Os dois minérios costumam ocorrer praticamente juntos. Se tu tem cassiterita e vai lavar o material, já que ele é um material pesado, o ouro pode vir junto com ela. A coisa muda na hora de separar: a cassiterita você não precisa usar o mercúrio, não precisa usar nada. Ela tá ali, é só separar [de outro minerais] e pronto", esclareceu.
Com altas densidades, a diferença entre os dois minérios está no tratamento. O ouro é retirado dos rios por meio de dragas e, depois, passa por um processo de separação, o que leva mais tempo e mais trabalho. Já cassiterita é extraída de maneira menos burocrática, com baixo custo.
No caso do ouro, na fase em que ele é retirado da natureza é utilizado o mercúrio - o único metal líquido em temperatura ambiente que se une facilmente ao ouro, formando uma liga metálica. Aquecido, o mercúrio, que é altamente poluente, se evapora e o ouro se funde sozinho. O excesso de mercúrio restante desse processo é lançado diretamente nos rios e entra na cadeia alimentar, por meio da ingestão de água e peixes.
Diferente dele, a cassiterita não precisa ser unida a nenhum outro minério. Ela é encontrada em vários tamanhos, em formato de rocha ou até de um grão de areia. Segundo o pesquisador, a extração dela é similar a da areia e do seixo: com a utilização de bombas de sucção, o material é captado do rios.
"O pessoal se deu conta de que ela é fácil de encontrar e que tem um bom volume, então se podia ganhar um bom dinheiro", explicou o pesquisador.
No caso de Roraima, o interesse pelo minério se tornou maior ainda, pois o minério do estado tem um teor de estanho maior do que o encontrado em outras regiões do país, como a de Rondônia.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/12/14/pf-deflagra-operacao-contra-esquema-de-venda-de-cassiterita-da-terra-yanomami-para-multinacionais-e-ate-big-techs.ghtml
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