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Pará pode ser epicentro da bioeconomia na Amazônia
26/03/2025
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Pará pode ser epicentro da bioeconomia na Amazônia
Estudo indica que investir em 13 cadeias de produtos tem potencial de elevar PIB e criar emprego
Daniela Chiaretti
26/03/2025
O Pará tem potencial para ser o epicentro da bioeconomia na Amazônia. O PIB paraense pode aumentar em R$ 816 milhões, elevar em R$ 44 milhões a arrecadação fiscal e gerar 6,6 mil empregos desde que existam investimentos de R$ 720 milhões em 13 cadeias da bioeconomia. Há estimativas de que este valor já está a caminho.
Estes dados fazem parte de extenso estudo lançado esta semana pelo WRI Brasil, instituto de pesquisa que faz parte do think tank World Resources Institute, com sede nos Estados Unidos.
"Impactos econômicos de investimento em bioeconomia no Pará" procurou avaliar quais os recursos atualmente disponíveis e com potencial de captação de investimentos em bioeconomia no Estado e demonstrar os impactos econômicos esperados se esses investimentos fossem aplicados nas cadeias da bioeconomia. Outra meta do estudo era identificar convergências nas políticas públicas de incentivo à bioeconomia, restauração florestal e desenvolvimento territorial.
"A vocação da Amazônia é a bioeconomia baseada na floresta viva, na restauração dos ecossistemas e na expansão dos sistemas agroflorestais, com inovações sociais e tecnológicas que estimulam o fluxo circular de renda, inclusão social e aumento da resiliência climática", começa o sumário executivo do trabalho.
O Pará foi escolhido como foco do estudo por três razões. Entre os nove Estados amazônicos, 75% do que é produzido em bioeconomia vem do Pará. "Além disso, o Pará tem um conhecimento científico e tradicional muito bem consolidado", diz Rafael Feltran-Barbieri, economista sênior do WRI Brasil. "Pela questão estrutural, o Estado é a grande potência da bioeconomia, pelo conhecimento científico e tradicional e pelo uso cotidiano destes produtos", continua.
O terceiro ponto é a estruturação de planos e políticas públicas feitos no Estado nos últimos anos e que agora têm que mostrar convergência - o Plano Estadual de Bioeconomia, o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa e o Programa Territórios Sustentáveis.
Entre 2023 e abril de 2024, os pesquisadores fizeram um levantamento exaustivo sobre todos os recursos financeiros que, naquele período estavam captados, em negociação ou com potencial de captação para ações climáticas no Pará, tanto pelo governo como por iniciativas privadas e bancos multilaterais. Foram identificados entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão nestas três rubricas, sendo aproximadamente R$ 720 milhões possivelmente direcionados à bioeconomia.
Outra característica importante, diz Barbieri, é que o Pará é o Estado que mais tem bioeconomia na merenda escolar.
Querer que a bioeconomia seja um setor imenso é uma contradição"
- Rafael Barbieri
Os pesquisadores buscaram equilíbrio entre oferta e demanda para impulsionar a bioeconomia. Nos próximos cinco anos, a demanda poderia ser estimulada via programa da merenda escolar, aumentando o leque de produtos. O valor total de estímulo entre os investimentos de oferta e demanda resultariam em R$ 720 milhões, diz o estudo.
"Calculamos que, se fossem investidos R$ 720 milhões em cinco anos, conseguiríamos aqueles números de PIB, empregos e massa salarial", diz ele. Dito de outra forma, cada R$ 1 investido na bioeconomia pode gerar R$ 1,13 no PIB, R$ 0,19 em massa salarial e R$ 0,06 em impostos indiretos.
A partir da lógica setorial, cada R$ 1,00 investido na produção de matéria-prima da bioeconomia geram R$ 1,14; se o investimento for na industrialização de produtos, o retorno é de R$ 1,27; na comercialização, o efeito seria de R$ 1,40 por real investido. "A capacidade de recuperar o dinheiro investido na bioeconomia é mais alta do que na cadeia da pecuária, que gira em torno de R$ 1,30", diz.
"A bioeconomia é uma estratégia de desenvolvimento baseada no uso sustentável dos recursos naturais, valorizando a floresta em pé e promovendo cadeias produtivas ligadas à sociobiodiversidade", diz material enviado à imprensa. Atualmente 13 produtos respondem por mais de 90% do valor bruto da bioeconomia, como açaí, cacau, castanha, borracha de seringueira, mel de abelhas nativas e cupuaçu.
Barbieri faz um alerta importante: "Querer que a bioeconomia seja um setor imenso, como é o da soja ou da pecuária, é uma contradição nos próprios termos". "Consideramos que a bioeconomia tem dois pilares: o da biodiversidade e biocapacidade, e o segundo, do conhecimento integrado, local e científico", explica. "Mas se se começa a introduzir monoculturas de produtos da biodiversidade, não se está mais promovendo a bioeconomia, mas promovendo uma nova monocultura, baseada em produtos da biodiversidade", diz. "A bioeconomia não será gigante, mas tem a capacidade de fazer o que outras cadeias não fazem: incluir as pessoas mais vulneráveis, que conhecem a região e protegem a floresta".
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/03/26/para-pode-ser-epicentro-da-bioeconomia-na-amazonia.ghtml
Estudo indica que investir em 13 cadeias de produtos tem potencial de elevar PIB e criar emprego
Daniela Chiaretti
26/03/2025
O Pará tem potencial para ser o epicentro da bioeconomia na Amazônia. O PIB paraense pode aumentar em R$ 816 milhões, elevar em R$ 44 milhões a arrecadação fiscal e gerar 6,6 mil empregos desde que existam investimentos de R$ 720 milhões em 13 cadeias da bioeconomia. Há estimativas de que este valor já está a caminho.
Estes dados fazem parte de extenso estudo lançado esta semana pelo WRI Brasil, instituto de pesquisa que faz parte do think tank World Resources Institute, com sede nos Estados Unidos.
"Impactos econômicos de investimento em bioeconomia no Pará" procurou avaliar quais os recursos atualmente disponíveis e com potencial de captação de investimentos em bioeconomia no Estado e demonstrar os impactos econômicos esperados se esses investimentos fossem aplicados nas cadeias da bioeconomia. Outra meta do estudo era identificar convergências nas políticas públicas de incentivo à bioeconomia, restauração florestal e desenvolvimento territorial.
"A vocação da Amazônia é a bioeconomia baseada na floresta viva, na restauração dos ecossistemas e na expansão dos sistemas agroflorestais, com inovações sociais e tecnológicas que estimulam o fluxo circular de renda, inclusão social e aumento da resiliência climática", começa o sumário executivo do trabalho.
O Pará foi escolhido como foco do estudo por três razões. Entre os nove Estados amazônicos, 75% do que é produzido em bioeconomia vem do Pará. "Além disso, o Pará tem um conhecimento científico e tradicional muito bem consolidado", diz Rafael Feltran-Barbieri, economista sênior do WRI Brasil. "Pela questão estrutural, o Estado é a grande potência da bioeconomia, pelo conhecimento científico e tradicional e pelo uso cotidiano destes produtos", continua.
O terceiro ponto é a estruturação de planos e políticas públicas feitos no Estado nos últimos anos e que agora têm que mostrar convergência - o Plano Estadual de Bioeconomia, o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa e o Programa Territórios Sustentáveis.
Entre 2023 e abril de 2024, os pesquisadores fizeram um levantamento exaustivo sobre todos os recursos financeiros que, naquele período estavam captados, em negociação ou com potencial de captação para ações climáticas no Pará, tanto pelo governo como por iniciativas privadas e bancos multilaterais. Foram identificados entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão nestas três rubricas, sendo aproximadamente R$ 720 milhões possivelmente direcionados à bioeconomia.
Outra característica importante, diz Barbieri, é que o Pará é o Estado que mais tem bioeconomia na merenda escolar.
Querer que a bioeconomia seja um setor imenso é uma contradição"
- Rafael Barbieri
Os pesquisadores buscaram equilíbrio entre oferta e demanda para impulsionar a bioeconomia. Nos próximos cinco anos, a demanda poderia ser estimulada via programa da merenda escolar, aumentando o leque de produtos. O valor total de estímulo entre os investimentos de oferta e demanda resultariam em R$ 720 milhões, diz o estudo.
"Calculamos que, se fossem investidos R$ 720 milhões em cinco anos, conseguiríamos aqueles números de PIB, empregos e massa salarial", diz ele. Dito de outra forma, cada R$ 1 investido na bioeconomia pode gerar R$ 1,13 no PIB, R$ 0,19 em massa salarial e R$ 0,06 em impostos indiretos.
A partir da lógica setorial, cada R$ 1,00 investido na produção de matéria-prima da bioeconomia geram R$ 1,14; se o investimento for na industrialização de produtos, o retorno é de R$ 1,27; na comercialização, o efeito seria de R$ 1,40 por real investido. "A capacidade de recuperar o dinheiro investido na bioeconomia é mais alta do que na cadeia da pecuária, que gira em torno de R$ 1,30", diz.
"A bioeconomia é uma estratégia de desenvolvimento baseada no uso sustentável dos recursos naturais, valorizando a floresta em pé e promovendo cadeias produtivas ligadas à sociobiodiversidade", diz material enviado à imprensa. Atualmente 13 produtos respondem por mais de 90% do valor bruto da bioeconomia, como açaí, cacau, castanha, borracha de seringueira, mel de abelhas nativas e cupuaçu.
Barbieri faz um alerta importante: "Querer que a bioeconomia seja um setor imenso, como é o da soja ou da pecuária, é uma contradição nos próprios termos". "Consideramos que a bioeconomia tem dois pilares: o da biodiversidade e biocapacidade, e o segundo, do conhecimento integrado, local e científico", explica. "Mas se se começa a introduzir monoculturas de produtos da biodiversidade, não se está mais promovendo a bioeconomia, mas promovendo uma nova monocultura, baseada em produtos da biodiversidade", diz. "A bioeconomia não será gigante, mas tem a capacidade de fazer o que outras cadeias não fazem: incluir as pessoas mais vulneráveis, que conhecem a região e protegem a floresta".
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