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Regularização e informalidade ainda são desafios da bioeconomia, dizem especialistas

03/04/2025

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/



Regularização e informalidade ainda são desafios da bioeconomia, dizem especialistas
No seminário do projeto 'COP30 Amazônia', João Meirelles, CEO do Instituto Peabiru, disse que casos de trabalho infantil ou irregular são comuns no setor; Empresas começam a desenvolver soluções locais

Ana Flávia Pilar

03/04/2025

Embora tenha papel central em um mundo assolado pelas mudanças climáticas, a bioeconomia, no Brasil, opera majoritariamente na informalidade, ou até mesmo de forma ilegal, marcada por casos de trabalho irregular e infantil. É o que diz João Meirelles, diretor-geral e CEO do Instituto Peabiru. Para o especialista, regularizar o setor e garantir suporte aos primeiros produtores é fundamental para que a bioeconomia ajude a tornar o país mais sustentável.

- A bioeconomia é informal, muitas vezes ilegal. Bioeconomia legal é, por exemplo, produzir o primeiro mel de abelha sem ferrão com apoio do BNDES e do fundo Amazônia. A primeira missão é regularizar os processos e temos muita lição de casa para fazer - diz Meirelles. - Estamos falando da base da bioeconomia: legalidade, justiça social, (combate ao) trabalho infantil. Essas são as questões básicas.

O especialista integrou o último painel do seminário que abriu o projeto "COP30 Amazônia", uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor, e da rede de rádio CBN. Os debates foram transmitidos ao vivo nos canais do GLOBO no Instagram, YouTube e Facebook, das 9h30 às 13h30.

O projeto COP30 Amazônia contempla publicações de reportagens semanais e realização de cinco eventos, sendo o primeiro em Belém, nesta quinta. Após cada evento, serão publicados suplementos especiais. Haverá ainda um especial dedicado à cobertura da COP30. O projeto conta com patrocínio de JBS e Vale, apoio do Governo do Estado do Pará e parceria institucional de ICS e Cebri.

Meirelles diz que a transição para uma economia sustentável depende da valorização dos saberes, tanto os tradicionais quanto os científicos. Isso passa por entender as necessidades dos produtores no início da cadeia:

- Qual é o equipamento de proteção do coletor de açaí? Brinco que é um calção e um facão. Só que uma coisa é coletar para a família, outra é coletar 30 cachos, pulando de uma área para outra com 30 quilos na mão. Esses são os problemas reais.

Para Meirelles, as empresas privadas têm plenas condições de contribuir para a regularização da bioeconomia, seja por meio de parcerias com órgãos científicos e universidades, ou com organizações da sociedade civil.

A diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, Liège Vergili Correia, reforça que não se pode esperar que a bioeconomia se torne uma commodity. Segundo ela, a empresa busca entender a dinâmica das comunidades produtoras e testar modelos para explorar produtos como açaí, cacau e pirarucu.

- Como retiramos esses produtos para não gerar essa economia local, mas levar para os outros estados e até exportar? Como é que a gente dá legitimidade para que essas comunidades recebam valores justos pelos seus produtos? Nosso fundo vem apoiando projetos e testando junto com as comunidades e cooperativas esses modelos de negócios que funcionam numa lógica do bioma, numa lógica local.

Ela conta que, no ramo da pecuária, muitas empresas listadas na Bolsa de Valores (e que, portanto, precisam prestar contas a investidores) preferem abandonar o trabalho em determinado bioma e ir para outros lugares, para fugir do risco de comprar carne proveniente de desmatamento ilegal. Outras trabalham na ilegalidade. Já a estratégia da JBS se baseia na regularização dos produtores por meio de parcerias..

- Só excluir, não comprar, deixar de atuar, desestimular a economia local, fechar as unidades, não ter emprego e renda para essas famílias não é a solução. Temos buscado regularizar esse produtor, dar assistência técnica e ajudar na gestão da propriedade. É nesse sentido que a gente tem tentado avançar

https://oglobo.globo.com/brasil/cop-30-amazonia/noticia/2025/04/03/regularizacao-e-informalidade-ainda-sao-desafios-da-bioeconomia-dizem-especialistas.ghtml
 

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