From Indigenous Peoples in Brazil
News
Indígena baleado em confronto no Paraná perdeu movimentos do corpo: 'Espero andar de novo'
11/03/2025
Autor: Bruno Fávaro, Mariah Colombo, Helena Krüger
Fonte: G1 - g1.globo.com
Indígena baleado em confronto no Paraná perdeu movimentos do corpo: 'Espero andar de novo'
4-6 minutos
O ataque à comunidade foi em 3 de janeiro. Além dele, outras três pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança de 7 anos e um adolescente de 14 anos. A região, sem demarcação, é palco de conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros há décadas. Entenda mais abaixo.
"Espero andar de novo. Os médicos falaram que falta bastante para andar de novo", lamenta.
No dia do ataque, Doroteu visitava a irmã para comemorar as festas de fim de ano. Ele, que não vivia na comunidade alvo dos tiros, contou que foi baleado no braço e na coluna.
O indígena ficou internado em um hospital da região por sete dias, e os projéteis que estavam alojados foram retirados, mas ele perdeu parte dos movimentos.
A Polícia Federal, responsável por apurar os ataques, informou que as investigações estão em andamento e correm em segredo de Justiça.
No fim de janeiro, uma equipe da RPC teve acesso à aldeia e conversou com Doroteu, que estava sendo cuidado pela própria família. Até aquele momento, nenhum órgão público havia procurado a aldeia para dar assistência aos indígenas, de acordo com a comunidade.
Falta de tratamento adequado e intervenção de autoridades
Indígenas e agricultores do Paraná estão em uma das maiores disputas de terra do país
Indígenas e agricultores do Paraná estão em uma das maiores disputas de terra do país
Entre os dias 27 e 30 de janeiro, quase um mês após o ataque, o Ministério Público Federal (MPF) realizou visitas técnicas em quatro aldeias no oeste paranaense que estão no centro de conflitos fundiários.
Durante as visitas, o MPF conseguiu atendimento emergencial para Doroteu e para uma criança baleada durante os conflitos.
O órgão também intermediou junto à Prefeitura de Terra Roxa a entrega de uma cesta verde por semana e fraldas descartáveis a Doroteu.
Além disso, solicitou a regularização da documentação do indígena junto a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a inclusão dele no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal, o que possibilitará acesso a programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
No caso da criança que foi baleada no mesmo ataque que atingiu Doroteu, quando o MPF foi até a aldeia, a bala ainda não havia sido retirada e a lesão estava inflamada. O órgão solicitou o tratamento necessário à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guaíra, que foi feito no mesmo dia.
Após a retirada, o projétil foi entregue à Polícia Federal, que atua no inquérito aberto sobre os disparos contra indígenas da comunidade.
Conflito histórico
Ínício do conflito envolvendo indígenas remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982 - Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional
O início do conflito remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982.
Na escolha do local para a construção da usina, houve a retirada de indígenas dos locais de interesse e a hidrelétrica inundou milhares de hectares de terras cultivadas e terras originariamente ocupadas por indígenas, segundo o relatório final da Comissão Estadual da Verdade do Paraná.
Muitos dos indígenas que viviam no local inundado foram reassentados em Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam a área, em debate na Justiça.
O impasse sobre a propriedade das regiões de conflito motivou, em julho de 2024, a criação de um grupo de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (SESP) com representantes de entidades ligadas aos direitos dos indígenas e de outras forças de segurança para intermédio e busca de uma solução.
O objetivo foi mediar uma discussão para que a Itaipu Binacional compre uma área, que será usada para realocação dos indígenas.
Conflitos entre indígenas e agricultores são registrados no oeste do Paraná - Foto: Artes/RPC
https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/03/11/indigena-baleado-em-confronto-no-parana-perdeu-movimentos-do-corpo-espero-andar-de-novo.ghtml
4-6 minutos
O ataque à comunidade foi em 3 de janeiro. Além dele, outras três pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança de 7 anos e um adolescente de 14 anos. A região, sem demarcação, é palco de conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros há décadas. Entenda mais abaixo.
"Espero andar de novo. Os médicos falaram que falta bastante para andar de novo", lamenta.
No dia do ataque, Doroteu visitava a irmã para comemorar as festas de fim de ano. Ele, que não vivia na comunidade alvo dos tiros, contou que foi baleado no braço e na coluna.
O indígena ficou internado em um hospital da região por sete dias, e os projéteis que estavam alojados foram retirados, mas ele perdeu parte dos movimentos.
A Polícia Federal, responsável por apurar os ataques, informou que as investigações estão em andamento e correm em segredo de Justiça.
No fim de janeiro, uma equipe da RPC teve acesso à aldeia e conversou com Doroteu, que estava sendo cuidado pela própria família. Até aquele momento, nenhum órgão público havia procurado a aldeia para dar assistência aos indígenas, de acordo com a comunidade.
Falta de tratamento adequado e intervenção de autoridades
Indígenas e agricultores do Paraná estão em uma das maiores disputas de terra do país
Indígenas e agricultores do Paraná estão em uma das maiores disputas de terra do país
Entre os dias 27 e 30 de janeiro, quase um mês após o ataque, o Ministério Público Federal (MPF) realizou visitas técnicas em quatro aldeias no oeste paranaense que estão no centro de conflitos fundiários.
Durante as visitas, o MPF conseguiu atendimento emergencial para Doroteu e para uma criança baleada durante os conflitos.
O órgão também intermediou junto à Prefeitura de Terra Roxa a entrega de uma cesta verde por semana e fraldas descartáveis a Doroteu.
Além disso, solicitou a regularização da documentação do indígena junto a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a inclusão dele no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal, o que possibilitará acesso a programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
No caso da criança que foi baleada no mesmo ataque que atingiu Doroteu, quando o MPF foi até a aldeia, a bala ainda não havia sido retirada e a lesão estava inflamada. O órgão solicitou o tratamento necessário à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guaíra, que foi feito no mesmo dia.
Após a retirada, o projétil foi entregue à Polícia Federal, que atua no inquérito aberto sobre os disparos contra indígenas da comunidade.
Conflito histórico
Ínício do conflito envolvendo indígenas remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982 - Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional
O início do conflito remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982.
Na escolha do local para a construção da usina, houve a retirada de indígenas dos locais de interesse e a hidrelétrica inundou milhares de hectares de terras cultivadas e terras originariamente ocupadas por indígenas, segundo o relatório final da Comissão Estadual da Verdade do Paraná.
Muitos dos indígenas que viviam no local inundado foram reassentados em Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam a área, em debate na Justiça.
O impasse sobre a propriedade das regiões de conflito motivou, em julho de 2024, a criação de um grupo de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (SESP) com representantes de entidades ligadas aos direitos dos indígenas e de outras forças de segurança para intermédio e busca de uma solução.
O objetivo foi mediar uma discussão para que a Itaipu Binacional compre uma área, que será usada para realocação dos indígenas.
Conflitos entre indígenas e agricultores são registrados no oeste do Paraná - Foto: Artes/RPC
https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/03/11/indigena-baleado-em-confronto-no-parana-perdeu-movimentos-do-corpo-espero-andar-de-novo.ghtml
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source