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Promotoria quer envolver homens indígenas no combate à violência

05/07/2025

Autor: Inara Silva

Fonte: Campo Grande News - https://www.campograndenews.com.br



Após ouvir as mulheres indígenas na Aldeia Te'yikue, em Caarapó, no interior de Mato Grosso do Sul, a 1ª Promotoria de Justiça quer  prosseguir as ações também com a adesão e sensibilização dos homens. Segundo a promotora Fernanda Rottili Dias, o trabalho de prevenção e combate à violência doméstica e familiar na comunidade está só no início.

A ação "Fortalecer para Cuidar", liderada pela promotora Fernanda Rottili Dias, foi criada para  oferecer a escuta ativa, a prevenção e a proteção às mulheres indígenas da comunidade, mas no decorrer das reuniões descobriu-se a necessidade de realizar também encontros focados exclusivamente nos homens indígenas da comunidade. O objetivo é ampliar a sensibilização e o compromisso com a construção de relações mais justas e seguras.

Paralelamente, a promotoria trabalha na elaboração de um protocolo de atendimento dos casos de violência na aldeia. Os três encontros de escuta ativa, realizados pela Promotoria na aldeia, desde 6 de junho, contaram com a participação de cerca de 240 mulheres e desvendaram uma realidade complexa e desafiadora, envolvendo medo e violência.

As indígenas mencionaram ameaças de ex-companheiros, a falta de fiscalização das medidas protetivas, o consumo excessivo de álcool e drogas nas aldeias, e a insuficiência de atendimento adequado pelos órgãos de proteção. Isso inclui a ausência de intérpretes e a atuação ineficaz do Conselho Tutelar.

Dúvidas sobre pensão alimentícia, saúde mental e o processo de denúncia também foram esclarecidas.

A Promotoria de Justiça entendeu que a prevenção e o enfrentamento da violência exigem a participação de todos os membros da comunidade. Por isso, a decisão de promover diálogos com os homens da aldeia é um passo fundamental, necessidade que também foi manifestada pelo Capitão da Reserva Indígena Te'yikue, Anísio da Silva, além de maior presença do Conselho Tutelar na região.

Pedido de socorro

Nos encontros houve a participação bastante ativa das mulheres. A promotora Fernanda Rottili Dias expressou sua surpresa com a receptividade e explicou que essa abertura está ligada a um verdadeiro "pedido de socorro".

"Já na primeira escuta as mulheres indígenas expuseram bastante os problemas enfrentados. Elas têm medo de romper o ciclo e denunciar o agressor, pois vivem distantes da cidade. Não há transporte público, para ir à delegacia registrar a ocorrência, precisam ir caminhando ou pagar preços abusivos de taxistas", detalha a promotora.

Protocolo padrão

Em fase de produção, o novo protocolo de atendimento específico para a Aldeia Te'yikue,  visa garantir que as vítimas tenham acesso facilitado aos procedimentos de denúncia e  resposta dos órgãos de proteção, considerando as particularidades da comunidade.

A promotora de Justiça enfatiza que as "mulheres são muito sofridas e vulneráveis", muitas dependem financeiramente dos companheiros e têm  medo de romper o ciclo de violência, fatos que levam muitas a recorrer ao álcool como uma fuga ilusória dos problemas.

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