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Projeto do povo Potiguara é premiado entre os melhores trabalhos de extensão acadêmica na Paraíba

04/08/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



O projeto "Anama 2024: Fortalecendo lideranças e juventudes no território Potiguara" recebeu o Prêmio Elo Cidadão e foi eleito entre os melhores projetos de extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O projeto vem recendo apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), desde a sua criação, por meio da Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS) e Coordenação Regional de João Pessoa (CR-JPA). A premiação aconteceu na última sexta-feira (1o), no Hall da central de aulas da UFPB, em Rio Tinto (PB).

O Prêmio Elo Cidadão reconhece as melhores ações e projetos de extensão da UFPB, que tratam sobre democratização do conhecimento, transformação social e o protagonismo acadêmico nas múltiplas realidades do território paraibano.

Para Poran Potiguara, um dos participantes e idealizadores do projeto, a semente do Anama foi plantada e germinada. "O Anama sai do território, com a visão do próprio povo, passa pela academia e agora alcança novos espaços com o prêmio, que é o reconhecimento de todo o trabalho que o Anama fez para o povo Potiguara", reforça.

Segundo o Capitão Potiguara, uma das lideranças do povo indígena, esse prêmio não é apenas para os Potiguara, mas é um reconhecimento de todas as lutas e resistências dos povos indígenas do Brasil. "É um prêmio que vem exatamente de uma universidade em que nossos próprios povos participaram desde sua criação, e faz parte também do nosso território. Estou muito grato com o reconhecimento", disse emocionado.

Para Jaqueline da Silva, que integra a coordenação da Anama, é muito importante o reconhecimento das ações, por meio do Prêmio. "O mais importante ainda é que esse curso esteve dentro da comunidade, e fortaleceu a nossa juventude, pois trouxe uma conexão com a nossa ancestralidade, em um momento tão desafiador, que é a era tecnológica", reforça.

Fortalecimento da cultura indígena
A Funai se integrou ao projeto oferecendo apoio técnico desde o início da iniciativa, sendo responsável por fornecer recursos logísticos, como transporte, alimentação e materiais para os participantes, além de promover a articulação com outros coletivos indígenas. A UFPB, por sua vez, tem sido parceira também na oferta de suporte acadêmico e metodológico ao projeto.

"A Funai se uniu ao povo Potiguara, e vem contribuindo com a logística, alimentação e de outras maneiras, para melhor reconhecer e fortalecer o Projeto Anama tão importante e necessário, seja na formação, seja no fortalecimento da cultura desse povo indígena", reforça o coordenador regional de João Pessoa e membro da coordenação do projeto, Eugenio Herculano.

Segundo a professora associada da UFPB e integrante da coordenação do Anama, Kelly Emanuelly de Oliveira, o apoio da Funai possibilitou que jovens e lideranças conhecessem outras realidades e pudessem ter uma maior visibilidade sobre suas perspectivas culturais.

"O apoio da Funai foi extremamente importante para além da logística, mas até mesmo para que os servidores da Funai tivessem formações sobre o povo Potiguara e, assim, todos ganharam nesse processo. E a UFPB no conhecimento acadêmico, por meio do ensino e extensão", ressaltou a professora.

Para Kelly, o prêmio é um justo reconhecimento, porque reforça o trabalho que os Potiguara vêm fazendo, e mostra o intercâmbio entre povos indígenas, universidade e Funai na construção da autonomia Potiguara.

Projeto Anama
Anama, que significa família em Tupi Potiguara, surgiu em 2021, quando lideranças indígenas procuraram o Campus da UFPB, localizado próximo à Terra Indígena de Monte-Mor, em Rio Tinto (PB). O grupo foi em busca de apoio para o projeto Potiguara, com o intuito de mobilizar ações coletivas que valorizassem a identidade étnica e protegessem o território do povo indígena.

Desde 2022, iniciaram os cursos e trocas de saberes a partir do protagonismo indígena, com uma agenda construída coletivamente com os indígenas, a Universidade e a Funai.

O Anama acontece aos sábados, de forma itinerante nas aldeias Potiguara, reunindo cerca de 70 participantes, unindo os saberes dos anciões às demandas atuais, passando por questões ambientais, rituais, audiovisual, gênero, arte e desafios sociais. Os temas abordados nos módulos são diversos, englobando saúde, meio ambiente, educação, rituais, espiritualidade, o papel das mulheres e a preservação dos conhecimentos tradicionais.

O projeto capacita ainda jovens e lideranças para outras iniciativas e busca ampliar a participação deles nos espaços de decisão política, com respeito à autonomia da comunidade. E se destaca também como uma estratégia para garantir que as novas gerações estejam preparadas para enfrentar os desafios contemporâneos e continuar lutando pela preservação de sua identidade, saberes tradicionais e território.

Segundo Leandro Potiguara, membro do projeto, o Anama representa a resistência, a reafirmação e o fortalecimento do povo Potiguara. "Anama na língua tupi, língua materna do nosso povo significa família, pois a cada encontro compartilhamos momentos encantadores, como uma verdadeira família, através dos anciões, caciques, pajés, lideranças, parteiras, artesãos e tantos outros, com sabedoria e conhecimentos ancestrais", ressalta.

Mara Potiguara, membro do projeto, lembra que tudo surgiu a partir de um olhar do Povo Potiguara, para melhorar a perspectiva dos jovens e dos anciãos sobre a cultura do povo Potiguara. "Os jovens e lideranças tinham esse anseio de guardar, mas também de fortalecer a nossa cultura. E, hoje, estamos no caminho certo, com o olhar certo para o nosso povo, com a ajuda da academia, da ciência e dos povos Potiguara", reforça.

O projeto tem um potencial de contribuir com a existência Potiguara, segundo Poran Potiguara, por trazer a história, a cultura e temas cotidianos como gênero, violência e meio ambiente.

"O projeto foi pensado no entendimento do que é ser cidadão Potiguara. Muitos dos nossos jovens não tinham oportunidade de discutir cultura e território, e ter uma troca de saberes entre a juventude e anciões sobre uma lógica de passado, presente e futuro. E é exatamente o que esse projeto contribui, pois o Anama aprofunda a história Potiguara e pensa o futuro do território", afirma Poran.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/projeto-do-povo-potiguara-e-premiado-entre-os-melhores-trabalhos-de-extensao-academica-na-paraiba
 

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