From Indigenous Peoples in Brazil
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Floresta tem que ser respeitada na capital mundial do açaí, diz produtor
22/09/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Floresta tem que ser respeitada na capital mundial do açaí, diz produtor
Cooperativa paraense conquista certificação orgânica e melhora renda de famílias com apoio da 100% Amazonia
Empresa de Belém é finalista do Empreendedor Social 2025 na categoria Inovadores Sociais do Ano
22/09/2025
Gabirela Caseff
Quando chega perto do meio-dia e a maré vem subindo, barcos repletos de basquetas de açaí encostam no pequeno porto às margens do rio Santo Antônio. Homens descalços, arriados do sol quente, vão desembarcando o "ouro roxo".
É começo de safra em Igarapé-Miri, a capital mundial do açaí, de onde saem mais de 20% da produção nacional. Situada a 140 quilômetros de Belém (PA), a cidade abriga na zona rural uma das cooperativas pioneiras na comercialização do produto amazônico.
"O açaí é o futuro do nosso povo, que deixou de morar em casa de palha e paxiúba, comprou barco, colocou filho na universidade", diz Leubaldo Costa, 47, presidente da Caepim (Cooperativa Agrícola dos Empreendedores Populares de Igarapé-Miri).
Em parceria com a 100% Amazonia, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2025, a Caepim conquistou certificação orgânica que valoriza produtos da sociobiodiversidade, como andiroba, cacau, buriti, murumuru e cupuaçu. Em 2023, faturou R$ 4,8 milhões, o que beneficiou 150 famílias.
"A 100% Amazonia entende que a gente precisa produzir e que a floresta tem que ser respeitada", diz Costa às margens do rio que nutre aquelas terras.
"Só aqui nesse rio tinham três engenhos de cana-de-açúcar. Do lado de lá era um dono, aqui outro. Foram todos embora. As famílias ficaram sem ter o que fazer, foi momento de miséria, fome e êxodo rural.
Então a igreja católica, o sindicato de trabalhadores rurais e a associação Mutirão incentivaram a agricultura familiar nos anos 1990. Plantamos pimenta do reino, cana-de-açúcar, cacau, maracujá, coco, laranja e açaí. E o açaí deu certo porque ele é nativo, não tem segredo, é só fazer o manejo e pronto, ele vai dar.
As famílias sabiam que, mesmo vendendo barato, tinha perspectiva de renda. A feira de Igarapé-Miri não foi mais suficiente para absorver a produção, e aí fomos vender em Belém. As propriedades foram se tornando açaizais e, em 2000, o açaí explodiu, foi tomando conta do Pará. Em 2005, criamos a Caepim para cuidar da comercialização. Esse trabalho coletivo nos dá orgulho.
Sou filho de agricultores, irmão de onze. Tenho um filho criado com açaí. Ele precisava de fisioterapia em Belém por um problema neurológico que prejudicou o movimento da perna. Foi andar aos 7 anos. Hoje ele tem 12.
O pessoal deixou de morar em casas precárias, de palha e paxiúba, comprou barco, fez uma reserva, colocou filho na universidade. Na cooperativa discutimos políticas públicas para melhorar a vida do nosso povo e desenvolver o território.
Quase 90% do que a gente vende aqui é açaí, mas temos andiroba, cacau, buriti, murumuru, cupuaçu, banana. E foi a 100% Amazonia que despertou a possibilidade de trabalhar com produção orgânica. Conduziram o processo inicial de certificação e hoje caminhamos com nossas pernas. Os cooperados veem o retorno financeiro.
É uma empresa que realmente entende o modelo de produção de um povo que vive da agricultura familiar. Não explora nosso trabalho, não usa trabalho infantil, faz um comércio em que todos se respeitam. Entende que a gente precisa produzir, mas que a floresta tem que ser respeitada.
Aqui é área de várzea, cortada por rios e igarapés, onde a seca não chega. Já a turma da terra firme tem problema. A seca do ano passado foi pior que o fogo. Dava pena de ver os açaizais todos secos. Nossa região tem desmatamento baixo porque o açaí garante a cobertura do solo. É um fruto que não se sente bem sozinho e ganha sabor entre outras espécies.
O que a gente quer agora é uma agroindústria para que a gente possa não só vender a semente, mas entregar polpa, óleo e manteiga para 100% Amazonia. A gente também quer ser protagonista."
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/09/floresta-tem-que-ser-respeitada-na-capital-mundial-do-acai-diz-produtor.shtml
Cooperativa paraense conquista certificação orgânica e melhora renda de famílias com apoio da 100% Amazonia
Empresa de Belém é finalista do Empreendedor Social 2025 na categoria Inovadores Sociais do Ano
22/09/2025
Gabirela Caseff
Quando chega perto do meio-dia e a maré vem subindo, barcos repletos de basquetas de açaí encostam no pequeno porto às margens do rio Santo Antônio. Homens descalços, arriados do sol quente, vão desembarcando o "ouro roxo".
É começo de safra em Igarapé-Miri, a capital mundial do açaí, de onde saem mais de 20% da produção nacional. Situada a 140 quilômetros de Belém (PA), a cidade abriga na zona rural uma das cooperativas pioneiras na comercialização do produto amazônico.
"O açaí é o futuro do nosso povo, que deixou de morar em casa de palha e paxiúba, comprou barco, colocou filho na universidade", diz Leubaldo Costa, 47, presidente da Caepim (Cooperativa Agrícola dos Empreendedores Populares de Igarapé-Miri).
Em parceria com a 100% Amazonia, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2025, a Caepim conquistou certificação orgânica que valoriza produtos da sociobiodiversidade, como andiroba, cacau, buriti, murumuru e cupuaçu. Em 2023, faturou R$ 4,8 milhões, o que beneficiou 150 famílias.
"A 100% Amazonia entende que a gente precisa produzir e que a floresta tem que ser respeitada", diz Costa às margens do rio que nutre aquelas terras.
"Só aqui nesse rio tinham três engenhos de cana-de-açúcar. Do lado de lá era um dono, aqui outro. Foram todos embora. As famílias ficaram sem ter o que fazer, foi momento de miséria, fome e êxodo rural.
Então a igreja católica, o sindicato de trabalhadores rurais e a associação Mutirão incentivaram a agricultura familiar nos anos 1990. Plantamos pimenta do reino, cana-de-açúcar, cacau, maracujá, coco, laranja e açaí. E o açaí deu certo porque ele é nativo, não tem segredo, é só fazer o manejo e pronto, ele vai dar.
As famílias sabiam que, mesmo vendendo barato, tinha perspectiva de renda. A feira de Igarapé-Miri não foi mais suficiente para absorver a produção, e aí fomos vender em Belém. As propriedades foram se tornando açaizais e, em 2000, o açaí explodiu, foi tomando conta do Pará. Em 2005, criamos a Caepim para cuidar da comercialização. Esse trabalho coletivo nos dá orgulho.
Sou filho de agricultores, irmão de onze. Tenho um filho criado com açaí. Ele precisava de fisioterapia em Belém por um problema neurológico que prejudicou o movimento da perna. Foi andar aos 7 anos. Hoje ele tem 12.
O pessoal deixou de morar em casas precárias, de palha e paxiúba, comprou barco, fez uma reserva, colocou filho na universidade. Na cooperativa discutimos políticas públicas para melhorar a vida do nosso povo e desenvolver o território.
Quase 90% do que a gente vende aqui é açaí, mas temos andiroba, cacau, buriti, murumuru, cupuaçu, banana. E foi a 100% Amazonia que despertou a possibilidade de trabalhar com produção orgânica. Conduziram o processo inicial de certificação e hoje caminhamos com nossas pernas. Os cooperados veem o retorno financeiro.
É uma empresa que realmente entende o modelo de produção de um povo que vive da agricultura familiar. Não explora nosso trabalho, não usa trabalho infantil, faz um comércio em que todos se respeitam. Entende que a gente precisa produzir, mas que a floresta tem que ser respeitada.
Aqui é área de várzea, cortada por rios e igarapés, onde a seca não chega. Já a turma da terra firme tem problema. A seca do ano passado foi pior que o fogo. Dava pena de ver os açaizais todos secos. Nossa região tem desmatamento baixo porque o açaí garante a cobertura do solo. É um fruto que não se sente bem sozinho e ganha sabor entre outras espécies.
O que a gente quer agora é uma agroindústria para que a gente possa não só vender a semente, mas entregar polpa, óleo e manteiga para 100% Amazonia. A gente também quer ser protagonista."
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/09/floresta-tem-que-ser-respeitada-na-capital-mundial-do-acai-diz-produtor.shtml
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