From Indigenous Peoples in Brazil
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História das mulheres Xavantes coletoras de semente é registrada em livro
23/10/2025
Autor: Por Maria Tereza Cunha - Estagiária de jornalismo da OPAN
Fonte: Opan - https://amazonianativa.org.br
A cultura ancestral de coleta de sementes contribui com a recuperação do território, a autonomia das mulheres e a geração de renda.
As mulheres Xavante coletoras de semente da Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, grupo que na língua original do povo se chama Pi'õ rómnha ma'ubumrõi'wa, terá sua trajetória registrada em livro. De autoria da indigenista Carolina Zaratim, a obra se orienta pela perspectiva das coletoras e deve ser publicada em dezembro deste ano.
A coleta de sementes faz parte da cultura tradicional das mulheres Xavante e se tornou ainda mais relevante considerando o histórico da TI Marãiwatsédé, que perdeu cerca de 70% da vegetação nativa durante o período em que o povo foi mantido longe do território. Retirados em 1966 pela ditadura militar, os Xavante só conseguiram retornar em 2004, sendo que a desintrusão de posseiros e fazendeiros só ocorreu em 2013.
Além da geração de renda, o trabalho das coletoras é importante por possibilitar o reconhecimento do território, contribuindo com a gestão territorial e com a recuperação da vegetação. "Este trabalho fortalece a cultura, além de ser uma forma de contribuir para a vigilância e gestão territorial", reforça Carolina Zaratim.
Várias anciãs foram retiradas do território quando eram muitos jovens, como a cacica Carolina Rewaptu, que tinha apenas seis anos. Após a retomada, ela presenciou a criação e o fortalecimento do grupo de coletoras. Em seu estágio inicial, o coletivo contava com apenas algumas anciãs, mas atualmente é composto por cerca de 200 mulheres de diferentes idades e aldeias.
Nesse processo, parcerias com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e com a Rede de Sementes do Xingu foram importantes para estruturar o trabalho. "Com o apoio da OPAN, aprendemos a identificar as sementes e traduzir da nossa língua nativa para o português", relata a cacica Carolina Rewaptu.
A coleta de sementes é um costume passado de geração em geração. A atividade envolve todo um contexto de partilha e troca de saberes, que propicia o fortalecimento da cultura tradicional e relações interpessoais entre mulheres de diferentes aldeias, além de um maior conhecimento do território e seus recursos.
Em 2024, foram coletadas 3,38 toneladas de sementes de aproximadamente 35 espécies. A contabilização foi feita pela Rede de Sementes do Xingu. Deste total, 1500 quilos foram comercializados, gerando uma renda de quase R$ 125 mil, divididos entre as mulheres. Outros 294 quilos foram destinados ao reflorestamento do território.
Organizado em três capítulos, o livro pretende registrar toda a trajetória do grupo, desde o processo de retomada do território, passando pelo fortalecimento e estruturação do coletivo, até chegar aos dias atuais e às novas perspectivas das mulheres, como a criação de uma associação, processo em curso que deve aumentar o fortalecimento das mulheres Xavante.
https://amazonianativa.org.br/2025/10/23/historia-das-mulheres-xavantes-coletoras-de-semente-e-registrada-em-livro/
As mulheres Xavante coletoras de semente da Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, grupo que na língua original do povo se chama Pi'õ rómnha ma'ubumrõi'wa, terá sua trajetória registrada em livro. De autoria da indigenista Carolina Zaratim, a obra se orienta pela perspectiva das coletoras e deve ser publicada em dezembro deste ano.
A coleta de sementes faz parte da cultura tradicional das mulheres Xavante e se tornou ainda mais relevante considerando o histórico da TI Marãiwatsédé, que perdeu cerca de 70% da vegetação nativa durante o período em que o povo foi mantido longe do território. Retirados em 1966 pela ditadura militar, os Xavante só conseguiram retornar em 2004, sendo que a desintrusão de posseiros e fazendeiros só ocorreu em 2013.
Além da geração de renda, o trabalho das coletoras é importante por possibilitar o reconhecimento do território, contribuindo com a gestão territorial e com a recuperação da vegetação. "Este trabalho fortalece a cultura, além de ser uma forma de contribuir para a vigilância e gestão territorial", reforça Carolina Zaratim.
Várias anciãs foram retiradas do território quando eram muitos jovens, como a cacica Carolina Rewaptu, que tinha apenas seis anos. Após a retomada, ela presenciou a criação e o fortalecimento do grupo de coletoras. Em seu estágio inicial, o coletivo contava com apenas algumas anciãs, mas atualmente é composto por cerca de 200 mulheres de diferentes idades e aldeias.
Nesse processo, parcerias com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e com a Rede de Sementes do Xingu foram importantes para estruturar o trabalho. "Com o apoio da OPAN, aprendemos a identificar as sementes e traduzir da nossa língua nativa para o português", relata a cacica Carolina Rewaptu.
A coleta de sementes é um costume passado de geração em geração. A atividade envolve todo um contexto de partilha e troca de saberes, que propicia o fortalecimento da cultura tradicional e relações interpessoais entre mulheres de diferentes aldeias, além de um maior conhecimento do território e seus recursos.
Em 2024, foram coletadas 3,38 toneladas de sementes de aproximadamente 35 espécies. A contabilização foi feita pela Rede de Sementes do Xingu. Deste total, 1500 quilos foram comercializados, gerando uma renda de quase R$ 125 mil, divididos entre as mulheres. Outros 294 quilos foram destinados ao reflorestamento do território.
Organizado em três capítulos, o livro pretende registrar toda a trajetória do grupo, desde o processo de retomada do território, passando pelo fortalecimento e estruturação do coletivo, até chegar aos dias atuais e às novas perspectivas das mulheres, como a criação de uma associação, processo em curso que deve aumentar o fortalecimento das mulheres Xavante.
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