From Indigenous Peoples in Brazil
Noticias
A salvação do cerrado
10/09/2004
Fonte: CB, p. 17
A salvação do cerrado
Ambientalistas entregam hoje à ministra Marina Silva um programa para salvar o bioma que representa 22% do território nacional. A idéia é estimular medidas como cultivo de plantas medicinais e frutas nativas
Hércules Barros
Da equipe do Correio
Uma operação para salvar o cerrado. Depois de um ano de trabalho, ambientalistas entregam a proposta hoje à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O Programa Cerrado Sustentável sugere a preservação do ecossistema por meio de uma série de medidas, como a criação de abelhas, o manejo de animais silvestres, o incentivo ao ecoturismo e ao turismo rural, o cultivo de plantas medicinais e de frutas nativas. O objetivo é evitar que o bioma que corresponde a 22% do território nacional chegue a 2030, conforme prevêem especialistas, em situação de degradação semelhante à da mata atlântica, da qual restam apenas 7% de floresta nativa em todo o país.
A entrega do estudo faz parte da comemoração do Dia Nacional do Cerrado. O Programa Cerrado Sustentável tem o objetivo de alertar a sociedade para a gravidade dos problemas ambientais no cerrado e sugerir condições para reverter os impactos socioambientais negativos por meio da conservação, restauração e manejo sustentável de ecossistemas naturais e agropecuários.
Ontem pela manhã, índios das tribos Xavante e Timbiras deram início às comemorações. Eles fizeram uma corrida de tora, na Esplanada dos Ministérios, como parte da programação do Grito do Cerrado. O ato em defesa do bioma contou com a apresentação de temáticas culturais ligadas ao cerrado e discutiu projetos de emenda constitucional que incluam o ecossistema como patrimônio nacional.
Entre as medidas a serem tomadas está a implementação do sistema de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. O objetivo é garantir o uso da biodiversidade do cerrado sem agredi-lo. O diretor-sênior de política ambiental do instituto Conservação Internacional (CI), Paulo Gustavo Dobrado Pereira, diz que a parte do cerrado protegida com a criação de parques ambientais é de apenas 4%, sendo que a maioria ainda não saiu do papel. É urgente a criação das unidades de conservação para explorar esse ecossistema sem degradação, alerta.
Frutas e plantas medicinais das áreas nativas do cerrado são fontes ricas de exploração econômica, mas poucas foram aproveitadas até agora. Favela-fava-danta é uma árvore típica do cerrado. O fruto dela tem uma substância que se chama rutina, boa para a circulação sanguínea e para quem tem problemas cardiovasculares. É altamente viável sua exploração, afirma César Victor do Espírito Santo, superintendente-executivo da organização não-governamental Funatura.
Conhecimento nativo
César Victor participou de uma mesa-redonda, ontem, na Câmara dos Deputados, que discutiu soluções para o desenvolvimento da região. Segundo ele, o programa a ser apresentado pelo grupo de trabalho pretende aproveitar as populações tradicionais do cerrado, valorizar o conhecimento nativo e promover a inserção social. Os esforços do grupo levaram a uma série de ações e programas que determinarão diretrizes para a conservação sustentável.
O grupo de trabalho interministerial tem a participação de representantes de sociedade civil, setor produtivo, pesquisadores e estudiosos. O grupo foi criado em 11 de setembro do ano passado, quando se comemorou pela primeira vez o Dia Nacional do Cerrado. A escolha da data foi uma homenagem ao ambientalista e produtor cultural Ary José de Oliveira, o Ary Pára-Raios, nascido em 11 de setembro.
O programa prevê ainda a formação de corredores ecológicos e integra as iniciativas particulares de conservação na gestão do desenvolvimento local. Para isso, pretende valorizar a cultura das populações tradicionais do cerrado. O superintendente-executivo da Funatura diz que é preciso combater os principais problemas de exploração do cerrado com urgência. A expansão da fronteira agrícola e a produção de carvão estão destruindo o cerrado, conta.
Estudos do Conservação Internacional (CI) revelam ainda que cerca de 60% do bioma já foi modificado pelo homem. Os dados da instituição foram levantados a partir de pesquisa feita em conjunto com a Funatura, a Fundação Biodiversitas e a Universidade de Brasília, em 1999. Segundo César Victor, em 2004, outra pesquisa da CI mostrou que esses 60% já sofreram mais alterações, como desmatamento, queimadas e exploração agropecuária. Os principais problemas do cerrado são o plantio de soja e a produção de carvão para abastecer as siderúrgicas de Minas Gerais, diz.
O coordenador de projeto da Funatura, Marcelo Gonçalves de Lima, alerta que para ter água potável e terra boa é preciso mudar a forma de exploração do cerrado. Não somos contra o desenvolvimento, mas é preciso propor o uso sustentável, conta. O gerente-executivo do Ibama no DF, Francisco Palhares, lembra que o ecossistema do cerrado foi esquecido pela Constituição e ações como as que acontecem para comemorar o Dia Nacional do Cerrado vão ajudar a se pensar em políticas que atendam o bioma.
Raio-x
Onde o cerrado está presente no país
Bahia
Distrito Federal
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraná
Piauí
São Paulo
Tocantins
CB, 10/09/2004, p. 17
Ambientalistas entregam hoje à ministra Marina Silva um programa para salvar o bioma que representa 22% do território nacional. A idéia é estimular medidas como cultivo de plantas medicinais e frutas nativas
Hércules Barros
Da equipe do Correio
Uma operação para salvar o cerrado. Depois de um ano de trabalho, ambientalistas entregam a proposta hoje à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O Programa Cerrado Sustentável sugere a preservação do ecossistema por meio de uma série de medidas, como a criação de abelhas, o manejo de animais silvestres, o incentivo ao ecoturismo e ao turismo rural, o cultivo de plantas medicinais e de frutas nativas. O objetivo é evitar que o bioma que corresponde a 22% do território nacional chegue a 2030, conforme prevêem especialistas, em situação de degradação semelhante à da mata atlântica, da qual restam apenas 7% de floresta nativa em todo o país.
A entrega do estudo faz parte da comemoração do Dia Nacional do Cerrado. O Programa Cerrado Sustentável tem o objetivo de alertar a sociedade para a gravidade dos problemas ambientais no cerrado e sugerir condições para reverter os impactos socioambientais negativos por meio da conservação, restauração e manejo sustentável de ecossistemas naturais e agropecuários.
Ontem pela manhã, índios das tribos Xavante e Timbiras deram início às comemorações. Eles fizeram uma corrida de tora, na Esplanada dos Ministérios, como parte da programação do Grito do Cerrado. O ato em defesa do bioma contou com a apresentação de temáticas culturais ligadas ao cerrado e discutiu projetos de emenda constitucional que incluam o ecossistema como patrimônio nacional.
Entre as medidas a serem tomadas está a implementação do sistema de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. O objetivo é garantir o uso da biodiversidade do cerrado sem agredi-lo. O diretor-sênior de política ambiental do instituto Conservação Internacional (CI), Paulo Gustavo Dobrado Pereira, diz que a parte do cerrado protegida com a criação de parques ambientais é de apenas 4%, sendo que a maioria ainda não saiu do papel. É urgente a criação das unidades de conservação para explorar esse ecossistema sem degradação, alerta.
Frutas e plantas medicinais das áreas nativas do cerrado são fontes ricas de exploração econômica, mas poucas foram aproveitadas até agora. Favela-fava-danta é uma árvore típica do cerrado. O fruto dela tem uma substância que se chama rutina, boa para a circulação sanguínea e para quem tem problemas cardiovasculares. É altamente viável sua exploração, afirma César Victor do Espírito Santo, superintendente-executivo da organização não-governamental Funatura.
Conhecimento nativo
César Victor participou de uma mesa-redonda, ontem, na Câmara dos Deputados, que discutiu soluções para o desenvolvimento da região. Segundo ele, o programa a ser apresentado pelo grupo de trabalho pretende aproveitar as populações tradicionais do cerrado, valorizar o conhecimento nativo e promover a inserção social. Os esforços do grupo levaram a uma série de ações e programas que determinarão diretrizes para a conservação sustentável.
O grupo de trabalho interministerial tem a participação de representantes de sociedade civil, setor produtivo, pesquisadores e estudiosos. O grupo foi criado em 11 de setembro do ano passado, quando se comemorou pela primeira vez o Dia Nacional do Cerrado. A escolha da data foi uma homenagem ao ambientalista e produtor cultural Ary José de Oliveira, o Ary Pára-Raios, nascido em 11 de setembro.
O programa prevê ainda a formação de corredores ecológicos e integra as iniciativas particulares de conservação na gestão do desenvolvimento local. Para isso, pretende valorizar a cultura das populações tradicionais do cerrado. O superintendente-executivo da Funatura diz que é preciso combater os principais problemas de exploração do cerrado com urgência. A expansão da fronteira agrícola e a produção de carvão estão destruindo o cerrado, conta.
Estudos do Conservação Internacional (CI) revelam ainda que cerca de 60% do bioma já foi modificado pelo homem. Os dados da instituição foram levantados a partir de pesquisa feita em conjunto com a Funatura, a Fundação Biodiversitas e a Universidade de Brasília, em 1999. Segundo César Victor, em 2004, outra pesquisa da CI mostrou que esses 60% já sofreram mais alterações, como desmatamento, queimadas e exploração agropecuária. Os principais problemas do cerrado são o plantio de soja e a produção de carvão para abastecer as siderúrgicas de Minas Gerais, diz.
O coordenador de projeto da Funatura, Marcelo Gonçalves de Lima, alerta que para ter água potável e terra boa é preciso mudar a forma de exploração do cerrado. Não somos contra o desenvolvimento, mas é preciso propor o uso sustentável, conta. O gerente-executivo do Ibama no DF, Francisco Palhares, lembra que o ecossistema do cerrado foi esquecido pela Constituição e ações como as que acontecem para comemorar o Dia Nacional do Cerrado vão ajudar a se pensar em políticas que atendam o bioma.
Raio-x
Onde o cerrado está presente no país
Bahia
Distrito Federal
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraná
Piauí
São Paulo
Tocantins
CB, 10/09/2004, p. 17
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.