From Indigenous Peoples in Brazil
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Caiovás trocam bois por armas, acusa ruralista
27/01/2004
Fonte: OESP, Nacional, p.A8
Caiovás trocam bois por armas, acusa ruralista
Líder dos fazendeiros diz ter provas mas não as revela para não atrapalhar a prisão dos culpados
JOÃO NAVES DE OLIVEIRA Especial para o Estado
CAMPO GRANDE - Ruralistas de Mato Grosso do Sul denunciaram ontem que índios caiovás-guaranis, que invadiram 14 fazendas na região desde dezembro, estão trocando gado roubado por armas no Paraguai. Comerciantes estabelecidos em Paloma, no país vizinho, estariam dispostos a ajudar as autoridades brasileiras a prender os responsáveis, segundo o presidente do Movimento Nacional de Produtores (MNP), João Bosco Leal.
Leal entregou ontem ao governador em exercício, Egon Krakhecke (PT), e ao secretário estadual de Segurança Pública, Dagoberto Nogueira Filho, uma lista dos vendedores de armas paraguaios dispostos a confirmar a denúncia à polícia brasileira. Disse, ainda, ter outras provas, que prefere não revelar até a prisão dos responsáveis.
Para Leal, "nem a polícia da região sabe as barbaridades que os índios estão aprontando". O ruralista aproveitou a reunião que o governador interino teve com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado, Geraldo Escobar, para pedir ajuda à entidade.
Os índios invadiram todas as fazendas próximas da Aldeia Porto Lindo, entre Iguatemi e Japorã, uma área total de 9,6 mil hectares - onde há quase 10 mil cabeças de gado. "Matar ou morrer" e "suicídio coletivo" são algumas palavras de ordem da tribo, caso ocorra despejo.
Reforço - "É muita ingenuidade acreditar que os índios estão armados apenas com arcos e flechas e outros objetos primitivos que usam para defesa. Trocando armas de fogo por gado roubado, eles reforçam a resistência exatamente como está acontecendo", comentou Leal.
"Hoje pela manhã, por exemplo, os caciques comandantes das invasões tiveram uma reunião na Fazenda São Jorge e decidiram que não deixarão mais as fazendas invadidas, rejeitando a proposta das autoridades em acampar fora dessas propriedades rurais, até decidir a questão se as áreas são ou não terras indígenas", contou.
No último sábado, PMs de Naviraí - cidade vizinha de Japorã, que faz fronteira com o Paraguai - realizaram uma operação na estrada que liga Japorã e Iguatemi e apreenderam um cavalo furtado de uma das propriedades e constataram o abate de dois bois. O cavalo estava com um agricultor do Assentamento Agrícola Indápolis, que o comprou de um índio.
Na São Jorge, foi possível localizar o indígena, que informou ter trocado o cavalo com outro índio por uma bicicleta e um aparelho de som. O "intermediário" e o assentado foram levados para a Delegacia de Polícia Civil de Iguatemi e depois liberados. O caiová que furtou o cavalo não foi identificado.
Um dia antes da operação policial, quatro índios foram detidos quando transitavam com dois cavalos, um burro, ferramentas e até material de cozinha roubados das fazenda ocupadas. O secretário de Segurança prometeu ontem que agirá energicamente contra esses e outros furtos na região, com mais patrulhas policiais.
Antropólogos à Funai: terras são mesmo dos índios
ROLDÃO ARRUDA
De acordo com estudo entregue ontem à Fundação Nacional do Índio (Funai) pelos antropólogos Rubens Tomás de Almeida e Fábio Mura, as propriedades rurais que os índios caiovás-guaranis ocupam ao redor da Reserva Porto Lindo (MS) pertenceram de fato a seus antepassados. Ele realizaram o estudo por encomenda da Funai, para saber se há fundamento na reivindicação de ampliação da reserva.
Os dois foram recebidos ontem, em Brasília, pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. Após uma primeira análise do estudo, Mércio disse que "parece sólido e tudo indica que a Funai irá acatá-lo". "As famílias originárias ficavam exatamente na margem direita do Rio Iguatemi, onde eles estão."
Apesar da impressão positiva, o material será revisto antes de ser entregue à comissão fundiária da Funai. Os antropólogos pediram mais dez dias de prazo para os acertos finais. Se o estudo for aprovado, o processo de demarcação pode demorar até um ano.
Prefeito prevê massacre se acordo demorar
Segundo Sebastião Souza, de Japorã, fazendeiros decidiram agir por conta própria e índios vão reagir
JOSÉ MARIA TOMAZELA Enviado especial
IGUATEMI - O prefeito de Japorã, Sebastião Aparecido de Souza (PFL), disse ontem que é iminente um massacre de índios na região, diante da ameaça dos fazendeiros de realizar a desocupação forçada das 14 fazendas invadidas em seu município, na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Com uma pistola calibre 380 ao alcance da mão, ele contou que os cerca de 4 mil caiovás-guaranis estão dispostos a enfrentar quem for retirá-los, seja a polícia ou os fazendeiros. "Eles não estão dispostos a recuar um milímetro e poderá ser o maior massacre de índios da história do Brasil."
Considerado pelos fazendeiros como defensor dos índios, Souza diz que usa a arma porque recebe muitas ameaças. Ele participa das negociações da Procuradoria da República e da Fundação Nacional do Índio (Funai) com os caiovás para cumprir a ordem de desocupação das áreas. E não esconde a tensão. "Se não sair logo um acordo, vai ser difícil evitar o confronto."
Ontem, ele voltou à aldeia para novas negociações. Segundo Souza, parte dos líderes indígenas concorda em deixar as sedes das fazendas e permitir que os criadores entrem para cuidar do gado e fazer lavouras. "Mas eles não admitem sair das fazendas e ficar do lado de fora."
Os índios interpretaram a decisão liminar da desembargadora Consuelo Yoshida, do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo, como uma sentença definitiva a seu favor. "Eles sabem que as terras lhes pertencem e temem perdê-las de novo, por isso se recusam a sair."
Os caiovás também têm consciência, segundo o prefeito, da amplitude do movimento deles, com a grande cobertura da mídia estrangeira. "A imprensa internacional tem simpatia pela causa indígena e eles sabem disso. Também avaliam que a morte de um ou mais índios teria grande repercussão negativa para o governo Lula."
Milícia - Para ele, a entrada de policiais ou de milícias armadas nas fazendas seria como acender o estopim de um barril de pólvora. "É preciso continuar conversando com eles." Souza considera legítima a reivindicação dos índios, mas reconhece o direito dos fazendeiros a uma indenização: "A culpa dessa encrenca é do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ignorou a presença dos índios e dividiu as áreas para assentamento de colonos."
Os caiovás, segundo ele, foram empurrados para a reserva de Porto Lindo.
"Numa área de 1.648 hectares, vivem 3.500 a 4 mil índios, o que tem levado a aldeia a uma situação de miséria." Na sua avaliação, a ampliação da reserva para 9,6 mil hectares, conforme o estudo da Funai, é vital para a melhoria da qualidade de vida dos índios. "Os fazendeiros têm suas razões, mas o lado social não pode ser ignorado. Numa área maior, eles vão cultivar para seu sustento, pois, ao contrário do que os fazendeiros dizem, índio não é parasita."
Souza passou a andar armado há quatro anos, quando apoiou grupos de sem-terra que acamparam no município. Os acampamentos resultaram em dois grandes assentamentos instalados sobre fazendas desapropriadas. "Desde minha gestão passada tenho recebido ameaças."
Os fazendeiros de Iguatemi também não vão aceitar a proposta que está sendo negociada com os índios. Segundo Carlos Tórmena, da Fazenda Chaparral, não existe a possibilidade de voltar à fazenda com os índios na propriedade. "Os empregados têm medo e irão embora."
TRF nega recurso para desocupar fazendas
A desembargadora Consuelo Yoshida, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª Região, manteve ontem sua decisão de suspender a reintegração de posse das 14 fazendas invadidas por caiovás-guaranis em Mato Grosso do Sul. Ela negou agravo impetrado pelo advogado Regis Tortorella, que representa o fazendeiro Flávio Páscoa Teles de Menezes.
No despacho, Consuelo argumenta que, se mudar sua decisão, só contribuiria "para instabilidade e acirramento da animosidade entre indígenas e fazendeiros", e considera "prematura e inoportuna" a ação. "Não se trata de um conflito possessório qualquer, a ser resolvido pela simples aplicação do Código Civil, como salientei na decisão ora agravada."
Tortorella disse que vai recorrer à presidência do TRF para que reveja a decisão. Em Iguatemi, o despacho de Consuelo deixou desconcertados e divididos os fazendeiros. Um grupo defende uma ação imediata para expulsar os índios pela força. Outro, mais numeroso, é contra a contratação de milícias para agir nas fazendas e quer convencer o governo federal a apressar as negociações para a desocupação pacífica das áreas.
"É um absurdo, será que não existe justiça neste país?", reclamava Carlos Tórmena, da Fazenda Chaparral. "Nosso gado está sendo levado para o Paraguai e a polícia diz que tenho de tirar foto para tomarem providências. É o fim de qualquer esperança." (Flávio Mello e José Maria Tomazela)
OESP, 27/01/2004, p. A8
Líder dos fazendeiros diz ter provas mas não as revela para não atrapalhar a prisão dos culpados
JOÃO NAVES DE OLIVEIRA Especial para o Estado
CAMPO GRANDE - Ruralistas de Mato Grosso do Sul denunciaram ontem que índios caiovás-guaranis, que invadiram 14 fazendas na região desde dezembro, estão trocando gado roubado por armas no Paraguai. Comerciantes estabelecidos em Paloma, no país vizinho, estariam dispostos a ajudar as autoridades brasileiras a prender os responsáveis, segundo o presidente do Movimento Nacional de Produtores (MNP), João Bosco Leal.
Leal entregou ontem ao governador em exercício, Egon Krakhecke (PT), e ao secretário estadual de Segurança Pública, Dagoberto Nogueira Filho, uma lista dos vendedores de armas paraguaios dispostos a confirmar a denúncia à polícia brasileira. Disse, ainda, ter outras provas, que prefere não revelar até a prisão dos responsáveis.
Para Leal, "nem a polícia da região sabe as barbaridades que os índios estão aprontando". O ruralista aproveitou a reunião que o governador interino teve com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado, Geraldo Escobar, para pedir ajuda à entidade.
Os índios invadiram todas as fazendas próximas da Aldeia Porto Lindo, entre Iguatemi e Japorã, uma área total de 9,6 mil hectares - onde há quase 10 mil cabeças de gado. "Matar ou morrer" e "suicídio coletivo" são algumas palavras de ordem da tribo, caso ocorra despejo.
Reforço - "É muita ingenuidade acreditar que os índios estão armados apenas com arcos e flechas e outros objetos primitivos que usam para defesa. Trocando armas de fogo por gado roubado, eles reforçam a resistência exatamente como está acontecendo", comentou Leal.
"Hoje pela manhã, por exemplo, os caciques comandantes das invasões tiveram uma reunião na Fazenda São Jorge e decidiram que não deixarão mais as fazendas invadidas, rejeitando a proposta das autoridades em acampar fora dessas propriedades rurais, até decidir a questão se as áreas são ou não terras indígenas", contou.
No último sábado, PMs de Naviraí - cidade vizinha de Japorã, que faz fronteira com o Paraguai - realizaram uma operação na estrada que liga Japorã e Iguatemi e apreenderam um cavalo furtado de uma das propriedades e constataram o abate de dois bois. O cavalo estava com um agricultor do Assentamento Agrícola Indápolis, que o comprou de um índio.
Na São Jorge, foi possível localizar o indígena, que informou ter trocado o cavalo com outro índio por uma bicicleta e um aparelho de som. O "intermediário" e o assentado foram levados para a Delegacia de Polícia Civil de Iguatemi e depois liberados. O caiová que furtou o cavalo não foi identificado.
Um dia antes da operação policial, quatro índios foram detidos quando transitavam com dois cavalos, um burro, ferramentas e até material de cozinha roubados das fazenda ocupadas. O secretário de Segurança prometeu ontem que agirá energicamente contra esses e outros furtos na região, com mais patrulhas policiais.
Antropólogos à Funai: terras são mesmo dos índios
ROLDÃO ARRUDA
De acordo com estudo entregue ontem à Fundação Nacional do Índio (Funai) pelos antropólogos Rubens Tomás de Almeida e Fábio Mura, as propriedades rurais que os índios caiovás-guaranis ocupam ao redor da Reserva Porto Lindo (MS) pertenceram de fato a seus antepassados. Ele realizaram o estudo por encomenda da Funai, para saber se há fundamento na reivindicação de ampliação da reserva.
Os dois foram recebidos ontem, em Brasília, pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. Após uma primeira análise do estudo, Mércio disse que "parece sólido e tudo indica que a Funai irá acatá-lo". "As famílias originárias ficavam exatamente na margem direita do Rio Iguatemi, onde eles estão."
Apesar da impressão positiva, o material será revisto antes de ser entregue à comissão fundiária da Funai. Os antropólogos pediram mais dez dias de prazo para os acertos finais. Se o estudo for aprovado, o processo de demarcação pode demorar até um ano.
Prefeito prevê massacre se acordo demorar
Segundo Sebastião Souza, de Japorã, fazendeiros decidiram agir por conta própria e índios vão reagir
JOSÉ MARIA TOMAZELA Enviado especial
IGUATEMI - O prefeito de Japorã, Sebastião Aparecido de Souza (PFL), disse ontem que é iminente um massacre de índios na região, diante da ameaça dos fazendeiros de realizar a desocupação forçada das 14 fazendas invadidas em seu município, na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Com uma pistola calibre 380 ao alcance da mão, ele contou que os cerca de 4 mil caiovás-guaranis estão dispostos a enfrentar quem for retirá-los, seja a polícia ou os fazendeiros. "Eles não estão dispostos a recuar um milímetro e poderá ser o maior massacre de índios da história do Brasil."
Considerado pelos fazendeiros como defensor dos índios, Souza diz que usa a arma porque recebe muitas ameaças. Ele participa das negociações da Procuradoria da República e da Fundação Nacional do Índio (Funai) com os caiovás para cumprir a ordem de desocupação das áreas. E não esconde a tensão. "Se não sair logo um acordo, vai ser difícil evitar o confronto."
Ontem, ele voltou à aldeia para novas negociações. Segundo Souza, parte dos líderes indígenas concorda em deixar as sedes das fazendas e permitir que os criadores entrem para cuidar do gado e fazer lavouras. "Mas eles não admitem sair das fazendas e ficar do lado de fora."
Os índios interpretaram a decisão liminar da desembargadora Consuelo Yoshida, do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo, como uma sentença definitiva a seu favor. "Eles sabem que as terras lhes pertencem e temem perdê-las de novo, por isso se recusam a sair."
Os caiovás também têm consciência, segundo o prefeito, da amplitude do movimento deles, com a grande cobertura da mídia estrangeira. "A imprensa internacional tem simpatia pela causa indígena e eles sabem disso. Também avaliam que a morte de um ou mais índios teria grande repercussão negativa para o governo Lula."
Milícia - Para ele, a entrada de policiais ou de milícias armadas nas fazendas seria como acender o estopim de um barril de pólvora. "É preciso continuar conversando com eles." Souza considera legítima a reivindicação dos índios, mas reconhece o direito dos fazendeiros a uma indenização: "A culpa dessa encrenca é do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ignorou a presença dos índios e dividiu as áreas para assentamento de colonos."
Os caiovás, segundo ele, foram empurrados para a reserva de Porto Lindo.
"Numa área de 1.648 hectares, vivem 3.500 a 4 mil índios, o que tem levado a aldeia a uma situação de miséria." Na sua avaliação, a ampliação da reserva para 9,6 mil hectares, conforme o estudo da Funai, é vital para a melhoria da qualidade de vida dos índios. "Os fazendeiros têm suas razões, mas o lado social não pode ser ignorado. Numa área maior, eles vão cultivar para seu sustento, pois, ao contrário do que os fazendeiros dizem, índio não é parasita."
Souza passou a andar armado há quatro anos, quando apoiou grupos de sem-terra que acamparam no município. Os acampamentos resultaram em dois grandes assentamentos instalados sobre fazendas desapropriadas. "Desde minha gestão passada tenho recebido ameaças."
Os fazendeiros de Iguatemi também não vão aceitar a proposta que está sendo negociada com os índios. Segundo Carlos Tórmena, da Fazenda Chaparral, não existe a possibilidade de voltar à fazenda com os índios na propriedade. "Os empregados têm medo e irão embora."
TRF nega recurso para desocupar fazendas
A desembargadora Consuelo Yoshida, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª Região, manteve ontem sua decisão de suspender a reintegração de posse das 14 fazendas invadidas por caiovás-guaranis em Mato Grosso do Sul. Ela negou agravo impetrado pelo advogado Regis Tortorella, que representa o fazendeiro Flávio Páscoa Teles de Menezes.
No despacho, Consuelo argumenta que, se mudar sua decisão, só contribuiria "para instabilidade e acirramento da animosidade entre indígenas e fazendeiros", e considera "prematura e inoportuna" a ação. "Não se trata de um conflito possessório qualquer, a ser resolvido pela simples aplicação do Código Civil, como salientei na decisão ora agravada."
Tortorella disse que vai recorrer à presidência do TRF para que reveja a decisão. Em Iguatemi, o despacho de Consuelo deixou desconcertados e divididos os fazendeiros. Um grupo defende uma ação imediata para expulsar os índios pela força. Outro, mais numeroso, é contra a contratação de milícias para agir nas fazendas e quer convencer o governo federal a apressar as negociações para a desocupação pacífica das áreas.
"É um absurdo, será que não existe justiça neste país?", reclamava Carlos Tórmena, da Fazenda Chaparral. "Nosso gado está sendo levado para o Paraguai e a polícia diz que tenho de tirar foto para tomarem providências. É o fim de qualquer esperança." (Flávio Mello e José Maria Tomazela)
OESP, 27/01/2004, p. A8
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